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Rio compara Tancos a roubo de galinhas. Azeredo Lopes condena chacota

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Nuno Veiga / Lusa

O líder do PSD criticou o Governo no encerramento da Universidade de Verão do partido

Rui Rio defendeu neste domingo que o país tem de exigir ao Ministério Público que rapidamente faça a “acusação correta” no caso de Tancos, considerando o Governo “incapaz de dar mais respostas” sobre o caso.

Na sua intervenção no encerramento da Universidade de Verão do PSD, o líder do PSD apontou o caso das armas roubadas – e em parte recuperadas – do paiol de Tancos há mais de um ano como um “exemplo da degradação dos serviços públicos” pela qual responsabilizou o Governo, sobre o qual disse querer tirar uma conclusão “politicamente correta e outra quiçá mais incorreta”.

“Politicamente está provado que o Governo foi incapaz e não tem respostas para dar, é incapaz nesta matéria, ponto final parágrafo. Podemos e devemos continuar a perguntar, mas eles não vão responder porque não sabem mesmo”, afirmou.

Por isso, defendeu, “o país tem de exigir” respostas do ponto de vista judicial e apelou ao Ministério Público para que “faça rapidamente a investigação e diga o que se passou”.

“Porque há coisas muito mais complicadas de investigar do que isto e já vai para lá do tempo, eu não disse tudo o que sei. Não há meio de vir a público a acusação correta, que deve ser feita para que o país saiba da irresponsabilidade política, para responsabilizar quem verdadeiramente fez o que fez e quem está por trás de tudo isso”, afirmou.

Dizendo que o caso pode “ser muito mais complexo” do que parece à primeira vista, Rio começou por utilizar a ironia para descrever o roubo de material de guerra em Tancos.

“Afinal, em Portugal consegue-se roubar material militar da mesma forma que se consegue entrar num jardim para roubar umas galinhas“, criticou, lembrando as incoerências ao longo do último ano sobre o material roubado e as divergências no processo entre a Polícia Judiciária Militar e a Polícia Judiciária.

Rui Rio recorreu mesmo a um célebre sketch humorístico do falecido ator Raul Solnado sobre a ida à guerra para descrever a situação: “Os gatunos chegaram à guerra e estava fechada, aproveitaram para levar o que levaram”, gracejou.

Ministro da defesa condena chacota: “não vale tudo”

As reações às declarações de Rui Rio não se fizeram tardar e chegaram um pouco de todos os quadrantes: Governo, Ministério da Defesa e até do Partido Socialista.

O ministro da Defesa condenou que se faça “chacota” com as Forças Armadas e defendeu que o Governo fez o seu dever no caso de Tancos. Através do Facebook, Azeredo Lopes sustentou que em “política, como noutras esferas da vida, não devia valer tudo”, criticando ainda que para “se fazer oposição” não se hesite em “tentar a todo o custo” a partidarização do Exército.

“O Governo fez o que lhe cabia e era seu dever, respondeu de forma célere e competente ao furto de Tancos e restabeleceu as condições de segurança do material militar à guarda das Forças Armadas, nomeadamente através da recolocação noutros paióis mais modernos, num tempo recorde, de mais de mil toneladas daquele material”.

Na mesma linha, também António Costa reagiu às acusações de Rio, defendendo que o Governo já fez aquilo lhe que competia face ao roubo de armas na base militar de Tancos e considerou que desrespeitaria a autonomia do Ministério Público se pressionasse a investigação criminal.

“No que diz respeito a Tancos, o Governo já fez aquilo que tinha a fazer, que era verificar se havia ou não uma ameaça à segurança”, sustentou em declarações ao jornalistas.

Também a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, acusou presidente do PSD de não ter “uma única ideia para o país” e de escolher “o caminho derrotista” e “do bota-abaixo”. A dirigente socialista afirmou que a atitude de Rio demonstra que “continua a falar para dentro do seu próprio partido”.

“Mais uma vez, demonstrou ter escolhido o caminho mais fácil, o caminho derrotista, do bota-abaixo, de dizer que está tudo mal”, considerou.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. E existiu mesmo roubo no dia em que foi anunciado? Estranho! Para sair tanto material num dia, tiveram que entrar e sair muitos camiões e ninguém que lá estava deu por isso? Ou seria o Ministro que tinha que estar a guardar o material?
    Quando a mim o material foi saindo ao longo dos anos e agora foi a altura certa para se dar o alerta.

  2. a resposta neste caso como em muitos outros quando mete as forças armadas é a mesma que damos à pergunta, pq ocorreu o 25 de Abril na data em que ocorreu e com o suporte dos militares?!

  3. Independentemente de quem roubou ou furtou o material de guerra, que provavelmente nunca se descobrirá, há os responsáveis militares pelo seu desaparecimento e isso o Ministério da Defesa e o seu Ministro procuram ignorar e atirar para o Ministério Público o culpado por ainda nada ter feito.
    Esta acusação até interessa para “despachar” a senhora Procuradora Geral da República. Este Governo nunca admite o erro, nem assume a responsabilidade objetiva que lhe cabe quando acontece um vergonhoso furto a um paiol militar. O que aconteceu é uma vergonha para qualquer militar.
    Noutros tempos, a cadeia hierárquica militar seria responsabilizada por ter permitido o desaparecimento das armas, por não se ter cumprido normas de execução permanente. O que dirão os antigos senhores generais sobre este desaparecimento ou os senhores coronéis, comandantes de um Regimento Militar?

    • Tanta gente a defender a SRª Procuradora. Porque será? OH já sei . Porque é dos deles.
      Acha mesmo que o roubo foi efectuado num dia? O que aconteceu é uma vergonha para qualquer militar. È verdade. Mas são eles que estão lá a guardar o material e não deram pelo roubo? Ou serão coniventes?

      • O assunto já devia estar definitivamente esclarecido e ainda não o está completamente. Creio que o próprio Sr. Presidente da República, como comandante supremo das Forças Armadas, aguarda também por esse esclarecimento definitivo.
        Quanto ao seu comentário referente à Sr.ª Procuradora: “Tanta gente a defendê-la? Ah, já sei; é dos deles”… Ora isto pressupõe uma falta de competência da Sr.ª Procuradora – o que não me parece ter sido o caso -, por isso necessita da defesa daqueles que estão do lado dela – e só desses! Tendo sido uma pessoa competente na execução das suas funções, como eu creio que o foi, é natural que tenha muita gente do seu lado, mesmo não sendo um cargo político, inclua os que politicamente estejam do lado contrário!

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