Rússia volta a atacar Ilha da Serpente. Polónia seria o primeiro alvo militar numa guerra, diz Bielorrússia

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EPA/Roman Pilipey

A Ilha da Serpente foi bombardeada por dois mísseis russos na manhã desta quinta-feira, com artilharia a atingir também a cidade de Odessa, segundo as autoridades ucranianas.

À agência Reuters, um porta-voz das autoridades militares de Odessa, Serhiy Bratchuk, disse que os projéteis “danificaram de forma significativa” a zona portuária da Ilha da Serpente, que os russos tinham abandonado há poucos dias – uma evolução no conflito que teve grande simbolismo pela importância desta ilha.

As autoridades avançaram igualmente que atingiram ainda dois armazéns agrícolas durante a noite, que ficaram totalmente destruídos, levando à perda de 35 toneladas de cereais. Não foram registadas vítimas mortais.

Entretanto, o Ministério da Defesa russo confirmou oficialmente o ataque, de acordo com a agência Interfax. O lançamento de rockets aconteceu após a Ucrânia ter erguido uma bandeira ucraniana na ilha, tendo a Rússia confirmado esta quinta-feira que os militares que a hasteavam foram mortos.

“Por volta das 05:00 vários militares ucranianos chegaram à ilha através de um barco a motor e tiraram fotografias com a bandeira. A aeronave das Forças Aeroespaciais Russas lançou imediatamente um ataque com mísseis de alta precisão na ilha de Zmeiny, em resultado do qual parte do pessoal militar ucraniano foi destruído“, disse o Ministério em comunicado.

Sabe-se ainda que os soldados sobreviventes fugiram em direção à aldeia de Primorskoye, na região de Odesa.

Dados entretanto revelados indicam que o conflito já causou a morte de, pelo menos, 347 crianças na Ucrânia, ficando outras 646 feridas.

Polónia seria o primeiro alvo militar numa guerra

A Bielorrússia vai considerar a Polónia como o primeiro alvo militar caso seja atacada e responderá com golpes às infraestruturas de guerra e postos de comando, declarou, na quarta-feira, o vice-comandante do Estado-Maior General das Forças Armadas da Bielorrússia, Ruslán Kosiguin, segundo a agência oficial Belta.

O militar bielorrusso salientou que as autoridades polacas devem estar cientes de que, em caso de ataque, a Bielorrússia irá concentrar a sua resposta em “centros de decisão, sistemas de controlo, centros de implementação, arsenais e bases, além de alvos económicos importantes”.

Kosygin assinalou que a Bielorrússia dá especial atenção à implementação de sistemas de defesa antimísseis dos EUA na região europeia, e particularmente na Polónia, onde a base está prestes a ser lançada, o que é visto por Minsk como um desafio e uma ameaça militar.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou agências russas de invadirem os sistemas governamentais, manipularem e divulgarem e-mails que alegadamente expõem as ligações entre o Governo e o poder judicial.

Morawiecki qualificou as fugas de informação como uma “provocação” dos serviços secretos russos e bielorrussos, com o objetivo de semear a discórdia na Polónia, como vingança pelo apoio de Varsóvia à Ucrânia na invasão russa do país vizinho.

Armamento começa “a ter o efeito pretendido”

Na quarta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, apelou aos cidadãos ucranianos para que espalhem informação sobre o que está a acontecer na guerra aos habitantes das regiões controlados no sul da Ucrânia, garantido ainda que o armamento doado ao país está a contrariar com sucesso as forças russas.

“No sul do país, nas áreas ocupadas, o acesso às redes sociais, fóruns de mensagens e ao Youtube foram encerrados”, afirmou. “As forças russas bloquearam qualquer possibilidade de as pessoas saberem a verdade sobre o que se está a passar e sobre o nosso potencial [militar], que estamos a aumentar gradualmente”.

Zelenskyy indicou que as tropas ucranianas estão a avançar em várias direções táticas, particularmente no sul, nas regiões de Kherson e Zaporíjia, onde se travam os combates mais intensos, em particular perto de Slovyansk e Bakhmut. Também em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, os bombardeamentos ganharam nova força.

“Se tiverem uma oportunidade de falar com no sul do nosso país, em Kherson, Henichesk, Berdyansk, Melitopol e outras cidades e vilas, por favor espalhem a verdade. Usem qualquer oportunidade para contar às pessoas nas áreas ocupadas que nos lembramos delas e que estamos a lutar por elas”, apelou.

Ainda na quarta-feira, Zelenskyy agradeceu o reconhecimento do senado da Irlanda do “genocídio” do povo ucraniano pelas tropas russas, durante uma reunião com o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, em Kiev.

Martin afirmou, citado pela CNN, que a “Ucrânia pertence à União Europeia” e que o seu país apoiará Kiev “em todos os passos do percurso”, recordando que a Irlanda recebeu cerca de 40 mil refugiados ucranianos.

Medvedev: “Não julgues e não serás julgado”

O vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, avisou na quarta-feira os Estados Unidos (EUA) que os esforços em auxiliar as investigações das ações de Moscovo na Ucrânia poderão levar a uma “situação apocalíptica”, avançou a Sky News.

Os norte-americanos pediram a um tribunal internacional que acusasse e julgasse os crimes de guerra da Rússia em solo ucraniano, ao que Medvedev reagiu: os EUA espalham “o caos e a destruição pelo mundo pelo bem da ‘verdadeira democracia'” e a sua história, “desde os tempos da subjugação dos nativos”, conta com uma “série de guerras sangrentas”.

Os EUA e “os seus idiotas inúteis deviam lembrar-se das palavras da Bíblia: não julgues e não serás julgado, para que o grande dia da Sua ira não chegue”, disse.

Hackers russos publicam lista de alegados espiões

Entretanto, também na quarta-feira, um grupo de piratas informáticos russos publicou uma lista de alegados agentes dos serviços secretos ucranianos, que acusou de representarem um perigo para a Rússia.

“A equipa do RaHDit envia saudações calorosas à direção de inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia e publica a primeira lista de mil pessoas pertencentes a esta estrutura”, disse o grupo no Telegram, citado pela agência EFE.

O grupo, que publicou o link de acesso aos dados, afirmou que “a inteligência militar ucraniana está diretamente envolvida na promoção de ideias nacionalistas” e que obteve os dados “graças às maãos desajeitadas dos administradores de Rybalskyi Ostriv”, a sede da Direção da Inteligência Militar Ucraniana.

“Em breve, revelaremos os detalhes daqueles que trabalham sob cobertura de embaixadas e daqueles que conspiram em redes de espionagem em vários países do mundo”, acrescentou.

China com “papel mais construtivo” no conflito

A UE pediu à China que assuma um “papel mais construtivo” no conflito na Ucrânia, escreveu o responsável máximo pela diplomacia, Josep Borrell, no Twitter.

Borrell teve um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e nessa reunião um dos temas discutidos terá sido o combate da “desinformação que está a ser disseminada sobre as causas [do conflito] e sobre as consequências económicas globais do ataque russo”.

Taísa Pagno , ZAP //

10 Comments

      • Os russos não tem opinião. São bombardeados com noticias falsas por lá. Os que estão na frente de batalha tem que obedecer e calar.

      • Não sejamos ingénuos há milhões de russos que sabem muito bem o que se passa e concordam com os massacres, roubos e destruição provocados pelo Putin!

  1. Maldade , ódio, inveja são os princípios dos mandantes russos !
    E ainda vêm invocar o nome de um Deus em vão.
    Pagarão pela maldade cá e no além

  2. Chamaria atenção à fotografia no início desta publicação. A Ilha de Serpente é uma ilha pequena de origem vulcánica. Não crescem lá as arvores e é inhabitada. É assim que se planta uma mentira pequena que ao acumular-se com outras mentiras igualmente pequenas e quase invisíveis produz uma mentira grande que não se reconhece como tal.

    • Ah?
      E onde está escrito que a foto é da Ilha da serpente?
      Convém saber ler (e interpretar) o que se lê antes de disparatar!…

  3. Um pouco de tempo e um pouco de leitura( ou conhecimento de história) será suficiente para entender o que está a passar. A história tende a repetir-se é mais uma vez somos os europeus quem sofrem por interesses imperialistas dos Estados Unidos. De suas melhores exportações são armas, as quais vendem a todos os seus países vassalos, ameaçados con sanções e todo o tipo de represálias. Curioso, que todo o país que não está de acordo com o plano ou são comunistas, ou terroristas ou ditadores. O plano está montado há muito, parece cada vez mais óbvio que esta guerra foi provocada, assim com foi a Segunda Guerra Mundial. Subir os preços de tudo, ricos cada vez mais ricos e os pobres mais pobres, tudo por interesses.O problema será que a esta altura de desenvolvimento tecnológico só haverá uma desenlace final que será M.A.D. ( Mutual Assured Destruction) As consequências de uma cada vez mais possível guerra nuclear será devastadora e creio que acabará com tudo. Enfim, não seria melhor termos deixado tudo acontecer com os russos queriam? Vale a pena os preços altos e toda esta inflação que estamos a sofrer? Valerá a pena tudo o que a Europa está a fazer e a sofrer,? E já agora, o que é que vale tudo isso?..

    • Deves andar a ler estórias da carochinha (e tens um conhecimento de História muito duvidoso!) para escrever tanto disparate!…

      • E que tal apresentar argumentos? Essa mania nova agora de humilhar e criticar uma opinião distinta sem sequer apresentar o mínimo argumento de contestação chegou para ficar. A estratégia dos tolos.. Discussão pede-se, é essencial a qualquer estado democrático

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