Autoridades pedem aos habitantes que abandonem Donetsk. Tanto Ucrânia como Rússia violaram normas internacionais, diz ONU

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STR / EPA

O governador da região de Donetsk, na Ucrânia, Pavlo Kyrylenko, apelou esta quarta-feira aos seus 350 mil habitantes para fugirem, enquanto a Rússia aumenta a ofensiva e são emitidos alertas aéreos em quase todo o país.

Kyrylenko disse que é necessário retirar as pessoas da província de Donetsk para salvar vidas e permitir que o exército ucraniano defenda melhor as cidades do avanço russo. “O destino de todo o país será decidido pela região de Donetsk”, vincou, em declarações a jornalistas em Kramatrosk, citado pela agência Lusa.

O governador afirmou que as cidades de Sloviansk e Kramatorsk tinham sofrido fortes bombardeamentos durante a noite. “Não há lugar seguro sem bombardeamentos na região de Donetsk”, declarou.

No Telegram, o governador de Luhansk, Sergii Gaidai, escreveu: “estamos a reter o inimigo na fronteira da região de Luhansk e de Donetsk”. “Os ocupantes estão a sofrer perdas significativas, como eles próprios admitem”, declarou, com base em testemunhos de prisioneiros e residentes que falaram com soldados russos em Severoronetsk e Lisichansk.

Entretanto, o presidente ucraniano, Volodymr Zelenskyy, explicou que foram emitidos alertas aéreos em quase todo o país, depois de um longo período de relativa calma durante o qual as pessoas procuraram uma explicação.

“Não se deve procurar lógica nas ações dos terroristas”, declarou o chefe de Estado num discurso, em vídeo, acrescentando que “o exército russo não faz pausas”, já que “tem uma tarefa: tirar a vida das pessoas, intimidar as pessoas – para que mesmo alguns dias sem alarme aéreo já pareçam parte do terror”.

Segundo o governador de Kramatorsk, por abrigar uma infraestrutura crítica, como plantas de filtragem de água, os principais alvos da Rússia agora são esta cidade e a cidade de Sloviansk.

Esta quarta-feira de manhã, as autoridades ucranianas de Sloviansk apelaram aos civis para abandonarem rapidamente esta cidade do leste da Ucrânia, onde as forças russas mataram duas pessoas na sua ofensiva para a conquista do Donbass.

O governador da região de Donetsk escreveu no Telegram que também sete pessoas ficaram feridas no ataque russo, que teve como alvo o mercado central da cidade. “Mais uma vez, os russos estão a visar intencionalmente os locais onde os civis se reúnem. Isto é terrorismo puro e simples”, indicou Kyrylenko.

Ucrânia como Rússia violaram normas internacionais

A Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou esta quarta-feira que ambos os lados do conflito na Ucrânia violaram as normas internacionais aplicáveis em tempo de guerra, embora a Rússia o tenha feito a uma escala muito mais grave.

“Embora ainda não tenhamos acesso aos territórios ocupados pelas forças russas, temos documentado que ambas as partes cometeram violações das normas internacionais dos direitos humanos e do direito humanitário internacional”, adiantou, durante a apresentação último relatório sobre a situação na Ucrânia.

Segundo Bachelet, ainda que “numa escala muito menor, também parece provável que as forças armadas ucranianas não tenham cumprido plenamente” essas normas nos territórios orientais do país, que a Rússia quer ter sob o seu total controlo e onde concentra as suas capacidades militares.

Bachelet mencionou que os Serviços de Segurança Ucranianos e a Polícia Nacional terão prendido cerca de mil pessoas suspeitas de apoiarem as forças e milícias russas. Foram ainda documentados “doze casos de possíveis desaparecimentos forçados por parte das forças de segurança ucranianas”, referiu.

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU registou 4.889 mortes de civis, incluindo 335 crianças, embora se saliente que os números reais podem ser consideravelmente mais elevados. A maioria das mortes ocorreu em ataques com artilharia pesada em áreas habitadas.

ONU alerta para detenções generalizadas

Na terça-feira, Bachelet tinha apontando para a detenção arbitrária de civis, que se tornou “generalizada” nas regiões da Ucrânia controladas pelos militares e grupos armados afiliados da Rússia, com 270 casos documentados.

As conclusões foram baseadas em informações de visitas de campo e entrevistas realizadas a cerca de 500 vítimas e testemunhas de violações dos direitos humanos, bem como outras fontes de dados, acrescentou Bachelet.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Emine Dzhaparova, acusou a Rússia de raptos em escala “maciça”, incluindo do Presidente da Câmara de Kherson, Ihor Kolikhaiev, e apelou à sua libertação imediata.

A Rússia disse que o relatório fazia parte de uma campanha de desinformação contra o Moscovo destinada a “encobrir os crimes do regime de Kiev”. O Kremlin tem negado atacar deliberadamente civis.

Reconstrução da Ucrânia “é um longo caminho”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, sustentou na terça-feira que a reconstrução da Ucrânia “é um longo caminho” que deve começar agora, e manifestou apoio aos esforços internacionais para reerguer o país.

“Estamos a preparar o terreno para a reconstrução e reparação de infra-estruturas críticas. Este é um longo caminho, mas deve começar agora”, declarou Guterres num vídeo gravado transmitido no último dia da conferência, citado pela Lusa.

O responsável alertou que a reconstrução dos danos e devastação de casas, escolas, hospitais e outras infra-estruturas críticas “levará anos”.

Também na terça-feira, Zelenskyy anunciou a intenção de abastecer todo o território com equipamentos de “proteção básica” contra os ataques de mísseis russos até ao final do ano e solicitou a ajuda dos aliados ocidentais com o envio de armamento moderno, noticiou a Europa Press.

Suíça contra o uso de dinheiro russo

Os representantes de mais de 40 países e organizações internacionais aprovaram na terça-feira a Declaração de Lugano, um conjunto de princípios para a reconstrução da Ucrânia, durante uma conferência que decorreu naquela cidade suíça. Entre os signatários estão os Estados Unidos (EUA), o Reino Unido, a União Europeia (UE), o Japão e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Ainda antes da conferência, o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal, revelou que a recuperação do país deverá custar cerca de 720 mil milhões de euros e sugeriu que a maior parte deste valor seja financiado pelos ativos dos oligarcas russos que foram congelados pelos países ocidentais.

A proposta foi aprovada pela ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, mas rejeitada pelo Presidente suíço, Ignazio Cassis, anfitrião da cimeira. “O direito de propriedade é um direito fundamental, um direito humano”, afirmou, acrescentando que “os cidadãos devem ser protegidos contra o poder do Estado”.

“É a isto que chamamos democracias liberais”, disse, citado pelo Guardian, alertando ainda a possibilidade de se abrir um precedente em que se acaba por “dar demasiado poder aos Estados”.

Na conferência não foram apresentadas propostas de ajuda concretas. Os signatários concordaram em apoiar os esforços de reconstrução da Ucrânia tendo por base reformas que as autoridades nacionais devem levar a cabo nos próximos anos.

Lavrov apela à proteção das leis internacionais

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, apelou para que todos os países do mundo façam esforços no sentido de proteger as leis internacionais, uma vez que “o mundo está a evoluir de uma forma complicada”.

Após uma reunião com o homólogo vietnamita, Bui Thanh Son, Lavrov realçou as relações dos dois países que remontam à era soviética e são baseadas “na história e na luta comum pela justiça”, numa referência à Associação das Nações do Sudeste Asiático. O Vietname não condenou a agressão militar na Ucrânia.

A declaração do ministro surge depois de a Rússia ter sido acusada pelos países ocidentais de violar o direito internacional quando iniciou a invasão.

Taísa Pagno , ZAP //

1 Comment

  1. Para onde estamos indo agora? O profeta Daniel escreve: “E [o rei do norte = Rússia desde a segunda metade do século XIX. (Daniel 11:27)] tornará para a sua terra com muitos bens [1945], e o seu coração será contra a santa aliança [a União Soviética introduziu o ateísmo estatal e os crentes foram perseguidos]; e vai agir [isso significa alta atividade no cenário internacional], e voltará para a sua terra [1991-1993. A dissolução da União Soviética e o Pacto de Varsóvia. As tropas russas retornaram a sua terra]. No tempo designado voltará [as tropas russas voltarão para onde estavam anteriormente estacionadas. Isto também significa ação militar, grande crise, desintegração da União Europeia e da NATO. Muitos países do antigo bloco de Leste voltará à esfera de influência russa]. E entrará no sul [por causa do conflito étnico (Mateus 24:7)], mas não serão como antes [Geórgia – 2008] ou como mais tarde [ação militar subseqüente na Europa Oriental também não se transformará em uma conflagração global. Isso acontecerá mais tarde], porque os habitantes das costas de Quitim [o distante Ocidente, ou para ser mais preciso, os americanos] virão contra ele, e (ele) se quebrará [mentalmente], e voltará atrás”. (Daniel 11:28-30a) Desta vez será uma guerra mundial, não só pelo nome. A “poderosa espada” também será usada. (Apocalipse 6:4) Jesus o caracterizou assim: “coisas atemorizantes [φοβητρα] tanto [τε] quanto [και] extraordinárias [σημεια] do [απ] céu [ουρανου], poderosos [μεγαλα] serão [εσται].”
    É precisamente por causa disso haverá tremores significativos ao longo de todo o comprimento e largura das regiões [estrategicamente importantes], e fomes e pestes.
    Muitos dos manuscritos contém as palavras “e geadas” [και χειμωνες].
    A Peshitta Aramaica: “וסתוא רורבא נהוון” – “e haverá grandes geadas”. Nós chamamos isso hoje de “inverno nuclear”. (Lucas 21:11)
    Em Marcos 13:8 também há palavras de Jesus: “e desordens” [και ταραχαι].
    A Peshitta Aramaica: “ושגושיא” – “e confusão” (sobre o estado da ordem pública).
    Este sinal extremamente detalhado se encaixa em apenas uma guerra.
    Mas todas essas coisas serão apenas como as primeiras dores de um parto. (Mateus 24:8)
    Este será um sinal de que o “dia do Senhor” (o período de julgamento) realmente começou. (Apocalipse 1:10; 2 Tessalonicenses 2:2)

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