Rio vai mesmo a jogo. Maria Luís Albuquerque ao lado de Montenegro

Manuel Fernando Araújo / Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio

Escreve o semanário Expresso este sábado que o líder do PSD, Rui Rio, vai mesmo recandidatar-se à liderança do partido, revelando ainda que o social democrata não pretende entrar em diálogos com o PS até janeiro, data das eleições diretas.

De acordo com o jornal, Rui Rio pretende levar para o Parlamento a mesma postura que adotou com o secretário-geral do PS, António Costa, durante a campanha eleitoral.

Procurando “reforçar o capital político que acredita ter conquistado nos meses de setembro e de outubro”, o objetivo do líder do PSD é claro: não deixar que os portugueses esqueçam a ideia de que é um líder de oposição mais assertivo e retirar a Luís Montenegro, ex-líder parlamentar do antigo primeiro-ministro Passos Coelho que já anunciou que vai entrar na corrida, o seu principal fio condutor de discurso.

Esta postura mais assertiva deverá fazer-se notar já na negociações para o Orçamento do Estado, segundo fontes do núcleo duro de Rio ouvidas pelo Expresso que consideram que seria um “erro político” negociar com o PS antes das diretas.

“Seria um erro político entrar numa lógica de mercearia, a trocar propostas com o PS. O presidente do partido sempre disse que está disponível para negociar reformas estruturais. Ora, não é esse o tempo, nem nenhuma dessas questões se levanta neste Orçamento, que será sempre de continuidade”, disse ao semanário fonte próxima de Rio.

Na prática, e até às diretas, a estratégia de Rio passará por “aproveitar o palco parlamentar para fazer oposição cerrada a António Costa”, mas longe do registo da ainda líder centrista Assunção Cristas que os dirigentes do PSD querem colar a Montenegro.

Neste sentido, e tal como foi sendo noticiado esta semana, Rio pode assumir uma postura de multitasking, isto é, assumir a liderança do partido e, em simultâneo, liderar a bancada do PSD no Parlamento. Esta decisão, nota ainda o Expresso, minimizava qualquer eventual problema pela sucessão de Negrão, líder parlamentar do PSD na última legislatura.

Para já e apesar de ter reunido duas vezes esta semana com o seu núcleo duro e uma vez com a Comissão Política Nacional, não ainda qualquer sinal de que Rui Rio esteja pronto para avançar a sua decisão ou para falar sobre o futuro do Parlamento.

Maria Luís apoia Montenegro

Também na sua edição deste sábado, o Expresso noticia que Maria Luís Albuquerque, antiga ministra das Finanças de Passos Coelho, apoia a candidatura de Montenegro. “Luís Montenegro é a pessoa mais bem preparada para assumir o PSD e, mais à frente, a condução do país”, disse, em declarações ao semanário.

Sobre a atual liderança do partido, Mara Luís Albuquerque fugiu à questão, para onde estará o seu apoio. “Luís Montenegro transformará o PSD numa efetiva alternativa ao PS”.

Recentemente, recorde-se, Cavaco Silva voltou a trazer o nome de Maria Luís Albuquerque à praça política: em reação aos resultados eleitorais das legislativas de 6 de outubro, o antigo Chefe de Estado considerou ser tempo de “resgatar” os militantes que se afastaram ou foram afastados do PSD. O antigo Presidente deu como exemplo – e único – o nome da antiga titular da pasta das Finanças.

“Como é o caso de Maria Luís Albuquerque, uma das mulheres com maior capacidade de intervenção, que conheci durante o meu tempo de Presidente, e muitos outros”, apontou.

Recorda ainda o Expresso que o apoio de Maria Luís Albuquerque pode ser um trunfo importante para Montenegro, uma vez que a antiga governante é considerada, dentro do PSD, como um dos quadros a ter em conta para o futuro do partido.

Para já, há oficialmente dois candidatos à cadeira de Rui Rio: Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara de Cascais. Segundo o Económico, Miguel Morgado, ex-assessor de Passos Coelho, pondera também avançar, não tendo, contudo, apresentando ainda qualquer anúncio oficial.