O presidente do PSD deu uma entrevista à TSF, na qual afirmou que só está à espera que Marcelo Rebelo de Sousa avance para anunciar o apoio do partido à sua recandidatura.
Em entrevista à TSF, o líder do PSD, Rui Rio, afirmou que, “obviamente, o mais provável” será o apoio do partido a uma recandidatura do atual Presidente da República, e só ainda não foi mais claro porque Marcelo Rebelo de Sousa não foi “absolutamente taxativo” sobre o assunto. “Não vale a pena estar com coisas”, responde.
“No dia a seguir a apresentar a sua recandidatura, o PSD tem de tomar uma posição pública sobre isso, até porque já estamos em junho e faltam pouco mais de seis meses.”
Questionado se o PSD admite dar liberdade de voto nas Presidenciais, caso o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, também seja candidato a Belém (como já admitiu), o líder social-democrata afastou essa hipótese.
“Numa eleição tão importante como a Presidência da República, um partido tão importante como o PSD não ter posição e dar liberdade de voto, é muito difícil“, considerou.
Já sobre a frase dita pelo primeiro-ministro, António Costa, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, de que esperava regressar com ele à Autoeuropa no próximo ano – e que foi interpretada como um apoio à sua recandidatura –, o líder do PSD admitiu que até pode nem ter sido premeditada, mas algo “que saiu” no momento, e negou qualquer incómodo.
“Até tenho dúvidas se aquilo lhe saiu na hora ou se, realmente, de manhã quando acordou pensou ‘vou dizer isto'”, afirmou Rio, atirando: “Como é que pode incomodar o PSD quando um militante seu recebe, em tão altas funções como Presidente da República, o apoio do nosso maior adversário? É até de certa forma honroso para o PSD“.
Já sobre as eleições Autárquicas, Rui Rio admitiu que a última palavra sobre a escolha dos candidatos a Lisboa e Porto será sua e até que já lhe passaram “nomes pela cabeça”, mas considerou que anunciar candidaturas a mais de um ano do ato eleitoral seria “uma maratona”.
Questionado se dará alguma orientação nacional contra coligações com o Chega, Rio respondeu negativamente, mas disse não antever nenhuma, até porque o partido “não tem sequer força local”.
Na mesma entrevista, o líder do PSD abordou o tema do Orçamento Suplementar, tendo afirmado que está com “muita vontade de o deixar passar”, mas que não exclui nenhum cenário.
Rio declarou que ainda não sabe se vai “votar a favor”, se se abstém e até admite “votar contra” se lhe aparecer um Orçamento que esteja “nos antípodas” daquilo que entende “como necessário”.
O social-democrata garantiu que vai olhar com “elasticidade” para o documento e que não vai ver o “orçamento com uma lupa para ver o que está mal ou olhar de forma a ajudar que o combate à covid não seja estrangulado por razões de ordem orçamental. Se estiver nos antípodas do que entendo ser necessário, aí as coisas são diferentes. Mas acho que isso não vai acontecer”, afirmou.
Sobre a forma como o Governo tem gerido a pandemia, Rio admite que poderia ter respondido melhor a algumas coisas, mas reconhece a “dificuldade extrema” desta situação.
“Há coisas que tenho a sensação que teria feito melhor, mas em boa verdade e honestidade tem alguém a certeza de que, se estivesse lá, teria feito melhor? Só um fanfarrão é que pode dizer uma coisa dessas. Eu não consigo a confiança dos portugueses com fanfarronices“, afirmou.
“Poderia fazer, como todos os portugueses poderiam fazer muitas críticas ao Governo, a capacidade para fazer testes, até mesmo a celeridade com que respondeu o próprio SNS, o facto de o SNS ter deixado de lado doentes não covid. Muitas coisas naturalmente não correram bem, porque numa situação destas tão dramática, sem experiência anterior, como é que podia correr tudo bem?”, questionou.
Questionado se estará disponível para aprovar “medidas de austeridade”, Rio contrapôs que “o país já vive em austeridade há dois meses”.
O que se passou nos EUA é “um ato dantesco”
Sobre a subida de André Ventura nas sondagens – recentemente o Chega apareceu como terceira força política –, Rio disse não acreditar que possa ter esse peso na sociedade, embora admita que possa ir buscar votos sobretudo à abstenção.
Questionado se Ventura é “um político racista”, o líder do PSD respondeu: “Posso estar enganado, mas penso que muito do que ele diz é mais por tática política do que por estar convencido do que está a dizer, o que é uma leitura benigna”, afirmou.
Rio considerou que “não há em Portugal felizmente comparação” com o que se está a passar nos Estados Unidos, e classificou a morte de George Floyd como “um ato dantesco”.
“Não há em Portugal felizmente comparação, o que aconteceu nos Estados Unidos é uma coisa bárbara, revolta qualquer cidadão absolutamente normal, ainda por cima numa imagem a que todo o mundo teve acesso”, afirmou.
Rio realçou o papel da comunicação social em casos como este e salientou que sempre defendeu que “a liberdade de imprensa é um pilar absolutamente nuclear em democracia”, mas contrapôs que “quando manipula e desinforma faz o contrário, destrói a democracia”.
O líder do PSD reiterou as críticas de compra antecipada de publicidade institucional por parte do Estado como forma de apoio aos media, dizendo até duvidar que seja apenas isso e que se vão somar à verba já paga “mais 15 milhões depois”.
Questionado se entende que o Governo está a tentar “controlar” o setor, respondeu que “está pelo menos a tentar ser simpático” e considerou que a comunicação social até pode ser permeável a essa tentativa: “Acho que sim”.
ZAP // Lusa