Quatro dias depois, as primeiras facadinhas no casamento de esquerda

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O “casamento” de PS, Bloco de Esquerda e PCP consumou-se há apenas quatro dias e já há divergências à vista de todos. A questão da reversão das privatizações dos transportes públicos e da TAP deixa a nu os desentendimentos.

No dia em que o governo de Passos Coelho confirmou o processo de venda da TAP, o PCP anunciou a apresentação de um projecto-lei para anular a privatização, forçando o Parlamento a debater o assunto, o que apanhou o PS de surpresa.

O PS é contra a privatização total da TAP, mas admite alienar parte da empresa a privados, garantindo sempre a maioria nas mãos do Estado.

Já PCP e Bloco de Esquerda são a favor de uma TAP totalmente pública.

Mas este não é o único ponto em que os aliados de Esquerda não se entendem – de resto, a questão da TAP ficou de fora dos acordos assinados entre os partidos.

O processo de privatização dos transportes urbanos de Lisboa e do Porto é outro ponto que divide o PS e bloquistas e comunistas.

O PCP entregou, no passado dia 9 de Novembro, um projecto-lei com vista a cancelar e a reverter a subconcessão a privados da STCP e da Metro do Porto.

A 6 de Novembro, o PCP também apresentou projectos-lei para anular a subconcessão do Metropolitano de Lisboa com a Carris, a privatização da CP Carga e a fusão da Refer com as Estradas de Portugal.

O debate sobre estas matérias vai ocorrer a 27 de Novembro próximo e será interessante ver como é que António Costa descascará a batata-quente.

De resto, nem sequer se sabe se na altura já haverá em funções um Executivo socialista ou não, até porque Cavaco Silva pondera não indigitar Costa, segundo algumas fontes.

Todos estes processos deixam patentes as divergências entre socialistas e comunistas e podem abrir as primeiras brechas neste casamento de conveniência das esquerdas.

Mário Centeno, o principal ideólogo do programa económico do PS e provável ministro das Finanças de um governo socialista, já avisou que a reversão das privatizações não está garantida.

O economista nota que o “princípio político será sempre sujeito a uma avaliação quanto aos danos patrimoniais e orçamentais que poderá ter”.

É o mesmo que dizer que Costa só aceitará anular os processos se não houver custos para os contribuintes.

A confirmar a celeuma que esta diferença de posições causa neste “casamento”, o Bloco de Esquerda disse que as palavras de Centeno foram um “lapso”.

SV, ZAP

20 Comments

  1. Uma completa palhaçada estes “desacordos” à esquerda, engendrados pelo costa. Ele sabe bem que isto nunca pode funcionar, mas agarra-se a qualquer coisa para ver se salva o pelo dele. Não é o Povo nem o país que interessa. O que interessa é ele mamter-se à tona de água para não ficar afogado. Quando voltar a haver eleições logo vês como elas te vão morder. Mas ele agora nem eleições quer…

    • Por motivos diferentes o cambalaxo é de todos eles… E nós a assistir sem percepcionar com clareza o que move A.Costa depois daquele discurso da derrota!
      Por outro lado esperemos que não venham a haver mexidas na alta magistratura!

    • Olha lá oh desiludido. Primeiro não soubeste ler os tais acordos e com estas tuas tiradas só revelas que tens andado a comer do prato do Passos ou do Paulinho das feiras…

    • No seu entender, “DESILUDIDO”,eleições são quando o homem quiser… Constituição é quando o homem quiser…
      E dever-se-ao fazer eleições até o Passos Coelho ter o resultado que precisa para que não tenha que largar o poder.
      Acordos só com entendimentos a 100%!…
      Deve ser pelo exemplo que nos deu a actual coligação, “sem desentendimentos, sem sobressaltos”, (até parece)!… Até teve de ser criado um lugar de vice primeiro, mas pronto foi o que foi, “perfeito”, (no entendimento dos interessados). Mas aí era a luta pelo poder entre eles que quase se comiam uns aos outros, porque para nos ismifrarem até se iam entendendo.
      Cá por mim entendimentos são bons e recomendam-se, para que não possa ser só um a decidir tudo nas costas do povo.
      Tiro o meu chapéu a A. Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, que tiveram a coragem de fazer aquilo que os seus antecessores já deviam ter feito há muito.

  2. Não são acordos mas visão estratégica comum.Hilariantes estes documentos assinados em separado, com conteúdos contraditórios entre a esquerdalha, assinados de pé e à socapa..Lamentável coma gente de 4ª categoria trata assuntos históricos como disse o Alegre..Enfim, uma tristeza que diz bem o que poderá aí vir..
    Mas estamos num regime semi presidencial e quem decide é o Sr. Presidente e não o Comité Central do PCP nem a mesa do BE….
    Há que esperar e cá estaremos para ver….O Dr. Sampaio demorou 18 dias a decidir.Precisamos de ter calma…..

  3. Mais uma “noticia” encomendada!.. Tudo serve para tentar destabilizar a esquerda. Os 38% da direita, não admitem de nenhuma forma que os 62% da esquerda possam governar Portugal. Lembro que na Europa Comunitária há 4 países governados por partidos que não ganharam as eleições mas tem maioria nos respectivos Parlamentos. A DEMOCRACIA é assim. E assim temos que a aceitar!…

    • O problema não são os 62% (esses teriam alguma legitimidade…, )mas sim os 32% que até agora são os unicos a assumir a governação de esquerda, os outros 20% são cobardes que apenas dão o nome e fogem logo que possam…

  4. Isto é o pouquinho que está à vista, quanto aos acordos e desacordos que são vários e que parecem esconder está-me a parecer um pouco complicado para que o Presidente da República possa vir a empossar o senhor Costa como 1º ministro numa situação destas, acho que terão que clarificar mais as intenções e fazê-las transparecer cá para fora.

  5. Claro que são notícias encomendadas para destabilizar ou mais pra dar a entender aos mais distraídos que já há dicidencias.
    Daqui de Londres até conseguimos ver mais claro e com outro distanciamento. Nós nunca vamos perdoar a esses de direita o facto de termos sido obrigados a emigrar. Vemos com bons olhos um governo de esquerda que nos permita durante os próximos 4 anos um regresso a Portugal

    • Falar por outros e esperar que o trabalho em Portugal possa ser remunerado como na maioria dos países europeus, só porque se prefila um eventual governo de esquerdas inconciliáveis soa a “cobersa” da treta, para não dizer de cordel, ou pior, conversa repleta de estupidez voluntária !

  6. Bom dia senhor representante dos Emigrantes em Londres, se está à espera de poder regressar a Portugal e ganhar o mesmo que agora recebe, acho melhor tirar o cavalo da chuva pois o tempo vai piorar……

  7. A coisa boa é que agora vai haver mais discussão e o PS não vai poder fazer das suas pela calada. Este governo de centro + esquerda será muito mais equilibrado do que PSD-PP.

  8. Pessoas…na verdade há alguém consciente que patrocine esta novela entre artistas trapaceiros, aldrabões e inconsequentes?
    “Catarina vou entregar o meu cartão de partido, envergonhas-me! ”
    Podia ser verdade a afirmação se na verdade eu Zé Povinho fosse palerma e tivesse um “cartão” de tal “partido”.
    Antes PCP porque coerência há e vendidos não o são. Por isso PCP não me envergonhem e prestigiem a coerência e origem do PC em Portugal.
    Abraços Coerência e verdade!

    • Admira-me que não tenha incluído “…camaradas”! Tem de responder em tribunal popular!
      “Camaradas, como a erva daninha nos campos, temos hoje o exemplo vivo que a justiça do tribunal popular nos traz aqui, perante todos vós camaradas, este verdadeiro reaccionário que nos obriga à erradicação (trabalhos forçados) de militantes contra o nosso povo, tal como fazemos à erva daninha dos nossos campos. Assim o PCP prosseguirá a sua luta pelos trabalhadores, pelo povo e continuaremos o partido que era e sempre foi! Viva o tribunal popular, viva o comité central, viva a classe operária, morte à direita reaccionária, viva o poder popular, viva o camarada Jerónimo, viva o PCP”

  9. Última Hora!
    Cavaco Silva, todos sabemos, não acredita em casamentos de faca na liga e como defende casamentos sem facadinhas, não acredita na união de A.Costa com a dona Troikista de Esquerda d’Aviário. Condena-os por isso à castração política.

  10. A direita sempre à espreita na escolha da linguagem dos jornalistas. Não aticem a realidade com palavreado escolhido. Limitem-se ao vosso papel de escrever a notícia.
    Já basta de apaniguados do grande capital, onde nem sabem onde cair mortos.
    Sempre as audiências, ou o negócio de subalternidade.
    Vivam e deixem viver.
    A personalização exacerbada na política encobre a falta de argumentos.
    Já chega de 41 anos de comentadores “cassetados”.
    Chato! Desta vez houve um assomo antes dos 48 anos!! Temos pena.

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