“Grande protagonismo do ministro Pedro Marques trazia água no bico”

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Carlos Barroso / Lusa

Luís Marques Mendes

“O ministro Pedro Marques teve esta semana praticamente mais protagonismo e exposição pública que em três anos de Governo”. É Marques Mendes quem o diz, acusando o Governo de “excesso de eleitoralismo” e de “propaganda”.

“Eu avisei que este grande protagonismo do ministro Pedro Marques trazia água no bico”. Marques Mendes critica, desta forma, o Governo pelo protagonismo que deu ao governante que é apontado como o cabeça-de-lista do PS para as próximas eleições europeias.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes aponta que a semana que passou “foi a grande semana em matéria de obras públicas“, com “um corrupio de cerimónias, anúncios, concursos, discursos e visitas”.

E se “alguns dos investimentos são mesmo importantes”, trata-se de “um exagero de propaganda”. “Parece que voltámos aos tempos de Sócrates“, atira o ex-líder do PSD.

“Fica a sensação de que todo este exagero de anúncios e propaganda é uma espécie de pré-campanha do candidato do PS às eleições europeias”, aponta ainda Marques Mendes, lamentando que “ainda por cima” é “uma pré-campanha paga com dinheiro público”. “Isto é ética e politicamente inaceitável“, conclui.

Marques Mendes critica o que define como “excesso de eleitoralismo” e de “propaganda”, referindo que “é tudo em grande”, com “uma enorme encenação” e “direccionado para o espectáculo, a imagem e a televisão”.

“Por que é que só agora, a meses de eleições, o Governo se lembrou do investimento público? Pode haver muitas explicações, mas aos olhos dos portugueses soa a campanha eleitoral”, constata.

No fim de contas, o comentador da SIC acredita que “exagero só pode ser contraproducente”.

Olhando para as últimas sondagens reveladas, com o PSD a bater no fundo e o PS mais longe da maioria absoluta, Marques Mendes faz referência à crise no partido social-democrata. “O que é extraordinário é que o PS não aproveita o mau estado do PSD“, frisa, concluindo que “os excessos, as arrogâncias, as insensibilidades sociais têm um preço”.

“É preferível a clarificação à paz podre”

Quanto ao actual cenário que se vive no PSD, depois de Luís Montenegro se ter anunciado como candidato à liderança, desafiando Rui Rio a marcar eleições antecipadas, Marques Mendes considera que é “preferível a clarificação à paz podre”.

Para o comentador da SIC, “concorde-se ou discorde-se”, Montenegro “fez bem e teve mérito” porque “deu a cara, não se limitou a deixar queimar em lume brando, foi directo ao assunto”.

Por outro lado, também Rio esteve bem por ter recusado o desafio de Montenegro, entende Marques Mendes. “Podia fingir, fazer de conta, mas assumiu, não foi exactamente o que Luís Montenegro pediu, faz de outra maneira, no Conselho Nacional, mas não deixa de ser uma clarificação”, assinala.

Todavia, Marques Mendes acredita que “seria melhor para o partido fazer eleições directas”.

“Se Rui Rio ganhasse nessas eleições ficava reforçadíssimo, reforçava a legitimidade e autoridade interna e os críticos tinham de meter a viola no saco“, conclui. “Se perdesse, haveria novo líder, um novo ciclo, e um novo élan“, constata.

Marques Mendes também está certo de que Rio “vai ganhar no Conselho Nacional”, até porque diz que nunca viu na história do PSD um líder “perder uma votação relevante” no órgão máximo do partido entre Congressos e admitiu que muitos votarão “pelos lugares”.

ZAP // Lusa

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