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Torre Eiffel, Paris (França)
Diz o mito que Barcelona rejeitou a construção da Torre Eiffel em 1888. Por isso, o monumento terá sido oferecido a Paris, no ano seguinte. Mas há outra versão dos factos sobre esta lenda urbana…
A lenda diz que, em 1888, a propósito da EXPO, a Câmara de Barcelona recebeu a oferta para acolher a Torre Eiffel, mas rejeitou. A torre de 300 metros terá acabado, assim, por ir para Paris, que acolheria a EXPO no ano seguinte e onde se tornou o símbolo mais icónico da cidade.
Ao longo dos anos, vários meios de comunicação contaram esta história, mesmo não havendo provas que a sustentassem. Mas o El Nacional vem reclamar pela verdade.
Sim, é verdade que Barcelona rejeitou, naquela altura, três torres monumentais que, hoje, rivalizariam com a de Paris. No entanto, ao contrário do que se conta e do que existe hoje em Paris, nenhuma das torres foi proposta por Gustave Eiffel.
Segundo Carme Grandas na obra “A Barcelona Rejeitada” (2017), houve três propostas para construir uma grande torre como a de Paris: uma de madeira, outra de pedra, tijolo e ferro, e uma terceira que, sim, seria como a de Eiffel, construída em ferro e até mais alta do que a de Paris.
A “Torre Lapierre”
A primeira das torres, a de madeira, recebeu o nome de Torre Lapierre foi, contas Grandas, “uma proposta feita por um grupo francês de Toulouse que queria que atingisse uma altura, considerada temerária na época, de 200 metros”.
Há evidência desta proposta na segunda edição, publicada em Setembro de 1886, do jornal La Exposición, órgão oficial do concurso, onde se especifica que “a torre tem 15 andares, nos quais podem ser instalados restaurantes e cafés; a subida à torre será feita por dois elevadores e uma escada muito suave que será colocada em volta do poço do elevador”.
Contudo, no final o projeto não deu em nada, como explica Grandas, citado pelo El Nacional: “Lapierre não conseguiu que os organizadores da Exposição assumissem as elevadas despesas que a construção da torre implicaria”.
A “Torre Condal”
A segunda proposta recebeu o nome de Torre Condal e foi desenhada por um arquiteto local, Pere Falqués i Urpí. Tratava-se de uma torre de ferro, pedra e tijolo que, segundo Grandas, mostrava “uma arquitectura sólida mas pesada, desprovida de leveza, nada atraente”.
Apesar do entusiasmo, esta torre de 210 metros também ficou por construir.
A “Torre Carbonell”
A terceira, chamada Torre Carbonell, era a que mais se assemelharia à Torre Eiffel. Segundo Grandas, “previa-se que tivesse 350 metros de altura, uma altura nunca antes vista na Europa”.
Além disso, a torre seria construída “exclusivamente em ferro”, ou seja, o mesmo material da estrutura em Paris.
Segundo o El Nacional, este terceiro plano, em qualquer caso, foi também descartado, devido a falta de tempo e de financiamento público.
Imprecisões históricas
Não há qualquer evidência documental de uma hipotética proposta de Eiffel para erguer a sua torre em Barcelona. Além disso, como nota o El Nacional, dificilmente poderia tê-lo feito, já que as datas não coincidem.
Eiffel apresentou a sua torre à associação de engenheiros civis franceses a 30 de março de 1885, enquanto em Barcelona um acordo só foi alcançado com Eugenio Serrano Casanova como promotor da EXPO a 18 de junho de 1885.
Foi o que o conceiturado jornalista espanhol, Lluís Permanyer, explicou num artigo no La Vanguardia, em 2009, onde afirmou que a alegada proposta de Eiffel “é uma simples lenda urbana que se espalha como uma mancha de óleo”.
A verdadeira Torre Eiffel foi concluída em 1889 – mesmo a tempo da EXPO Paris e, curiosamente, no ano em que se comemorava o centenário da Revolução Francesa.