A localização exata de onde Vicent Van Gogh terá pintado a sua última obra de arte, possivelmente horas antes de morrer, foi identificada com a ajuda de um postal.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a cena em Tree Roots, uma pintura de troncos e raízes que crescem numa encosta perto da vila de Auvers-sur-Oise, perto de Paris, foi vista pela primeira vez num cartão de 1900 a 1910 por Wouter van der Veen, diretor científico do Instituto Van Gogh.
Após um estudo comparativo da pintura, do postal e das condições atuais da encosta, investigadores do Museu Van Gogh e Bert Maes, um dendrologista especializado em vegetação histórica, concluíram que era “altamente plausível” que o local onde Van Gogh fez as suas pinceladas finais tenha sido finalmente identificado.
O tronco principal da pintura sobreviveu aos 130 anos desde a morte do mestre holandês.
Há muito se acredita que Van Gogh estava a trabalhar na obra de arte Tree Roots pouco antes de se suicidar com um tiro no peito.
Andries Bonger, cunhado do irmão de Van Gough, Theo, tinha descrito numa carta a forma como na “manhã antes da sua morte” Van Gogh “pintou uma sous-bois [cena da floresta], cheia de sol e vida”.
O local, colocado atrás de uma estrutura de madeira para a sua proteção, foi formalmente reconhecido numa ceriménia na qual participaram Emilie Gordenker, diretora geral do Museu Van Gogh em Amsterdão, e Willem van Gogh, bisneto de Theo, esta terça-feira.
“A luz do sol pintada por Van Gogh indica que as últimas pinceladas foram pintadas ao final da tarde, o que fornece mais informações sobre o curso desse dia dramático que termina no seu suicídio”, disse van der Veen.
Teio Meedendorp, investigador sénior do Museu Van Gogh, disse que Van Gogh terá passado naquele local, a cerca de 150 metros do Auberge Ravoux, a pousada em Auvers-sur-Oise, onde o artista ficou nos últimos 70 dias da sua vida, em várias ocasiões antes de decidir imortalizá-lo na tela.
“O postal mostra semelhanças muito claras com a forma das raízes na pintura de Van Gogh”, disse. “O facto de esta ser a sua última obra de arte torna tudo mais excecional e até dramático”, rematou.
Vincent van Gogh foi um pintor holandês considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental. Criou mais de dois mil trabalhos em pouco mais de uma década, incluindo por volta de 860 pinturas a óleo, a maioria dos quais durante seus dois últimos anos de vida.
As obras abrangem paisagens, naturezas-mortas, retratos e autorretratos caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas que contribuíram para as fundações da arte moderna.
Van Gogh sofria de episódios psicóticos e alucinações, temendo pela sua estabilidade mental e frequentemente negligenciando a sua saúde física. Van Gogh chegou a cortar parte da sua própria orelha esquerda. Esteve internado em hospitais psiquiátricos e esteve sob os cuidados do médico homeopata Paul Gachet depois de receber alta.
O artista suicidou-se, disparando um revólver contra o seu peito em 27 de julho de 1890, sucumbindo aos ferimentos dois dias depois.