O Museu Van Gogh descobriu que uma das duas únicas fotografias que se julgava serem do artista, afinal, é um dos seus irmãos. Assim, sobra apenas um registo fotográfico do pintor, aos 19 anos.
Durante 50 anos, acreditou-se que a fotografia retratava Vincent van Gogh aos 13 anos de idade. Agora, descobriu-se que quem está na imagem é o seu irmão Theo.
O Museu Van Gogh, situado em Amesterdão, Holanda, revelou na quinta-feira os resultados de uma investigação à volta de uma fotografia que aparece em diversos livros e catálogos, remetendo sempre para a mensagem de que aquela é a primeira fotografia conhecida do pintor.
Contudo, essa mesma investigação concluiu que o único registo fotográfico de Vincent van Gogh foi feito quando ele tinha 19 anos e que aquele rapaz de olhos azuis é o seu irmão.
E foram precisamente os olhos que fizeram os especialistas de arte descobrir que tinham caído em erro ao revelar a segunda fotografia de Van Gogh e ao acreditar nela durante décadas, quando a compararam com outra fotografia de Theo van Gogh já com 32 anos.
Willem van Gogh, bisneto de Theo e assessor do Museu, disse estar surpreendido com a revelação, ao mesmo tempo que ficou aliviado pelo mistério ter sido resolvido. “É essencial que a herança seja preservada e passada corretamente às gerações vindouras. A investigação sobre ela contribui para tal”, disse, citado pelo The Guardian.
A fotografia “Vincent aos 13 anos” apareceu ao público pela primeira vez em 1957, numa exposição organizada por Mark Edo Tralbaut, um investigador do Van Gogh de nacionalidade belga. A imagem foi usada em todo o mundo até agora, nunca tendo sido posta em causa a sua veracidade documental pelas fortes semelhanças à fotografia do pintor aos 19 anos.
Quem pôs em causa a fotografia foi o escritor Yves Vasseur, quando descobriu que o fotógrafo que tinha tirado a fotografia — Balduin Schwarz — apenas se tinha mudado para o seu estúdio em Bruxelas em 1870. Aí, Vincent já seria muito mais velho. Foi então que o escritor partilhou as suas dúvidas com o museu e juntos colaboraram na investigação, a qual contou ainda com a ajuda do Instituto de Informática da Universidade de Amesterdão.
“Livrámo-nos a nós próprios de uma ilusão, ao mesmo tempo que ganhámos uma retrato de Theo”, comentou Axel Rüger, o diretor do Museu de Van Gogh, acerca da descoberta. “Essencialmente voltamos à situação que sempre estivemos até à identificação errada em 1957: com um único retrato fotográfico do jovem Vincent van Gogh“.