Pelo menos 31 pessoas morreram nos mais de 500 fogos que deflagraram este domingo, o pior dia do ano em incêndios, revelou esta segunda-feira a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC).
Em conferência de imprensa esta manhã, Patrícia Gaspar, adjunta de operações da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), confirmou inicialmente 27 mortos. O novo balanço adianta agora 31 mortos confirmados e 51 feridos, dos quais 15 estão em estado grave.
As vítimas mortais foram registadas nos distritos da Guarda, Coimbra, Viseu e Castelo Branco. Entre os mortos há “pessoas que foram encontradas na via pública, pessoas encontradas em barracões, temos vítimas de um acidente na A25”, explicou, acrescentando que ainda há desaparecidos e que estes não são “dados finais”.
A porta-voz avançou ainda que há 145 incêndios ativos, sendo que 32 estão classificados de importância elevada. Mobilizam 5.800 operacionais, mais de quatro mil em combate direto a fogos ativos, apoiados por 1.289 meios terrestres.
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a partir do final da tarde vai começar a chover, a temperatura baixa e a humidade voltará a valores mais normais.
Questionada sobre se a Proteção Civil foi surpreendida este domingo, Patrícia Gaspar diz que não porque “as condições meteorológicas faziam prever uma complexidade acima do normal e por isso colocámos o país em alerta vermelho”.
A porta-voz da ANPC considera que o problema foi o grande número de ocorrências registadas (no total foram 523). “Estes números não são aceitáveis. Num dia em que se sabia que ia haver condições favoráveis à ocorrência de incêndios de grande violência, era esperado que junto aos espaços florestais houvesse o cuidado a que tanto apelamos”.
“Era difícil pedir mais a este dispositivo”, considerou, lembrando que os meios em prontidão são mais reduzidos do que em relação à fase mais crítica do verão, e que este fogos tiveram na origem “muita negligência”.
António Costa anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.
Portugal já acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos. Para já, Itália foi o único país a oferecer ajuda, disponibilizando dois meios aéreos.
O que se sabe sobre as vítimas
Segundo o Jornal de Notícias, o presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, confirmou a existência de quatro vítimas mortais no concelho, todas na localidade de Ventosa. Três das vítimas foram encontradas dentro das casas e uma na via pública.
Há ainda uma vítima mortal em Santa Comba Dão e outra em Arganil. Estes seis mortos acrescem às seis vítimas mortais confirmadas no domingo à noite: duas em Penacova, dois irmãos, que foram apanhados pelas chamas quando iriam verificar colmeias num barracão; uma na Sertã, outra em Oliveira do Hospital e uma outra em Nelas, uma pessoa que estava desaparecida.
A estas primeiras cinco vítimas mortais dos incêndios acresce a morte de uma grávida, de 19 anos, na A25, quando um carro entrou em contramão na via para fugir às chamas.
Somam-se vários desaparecidos, entre os quais um bebé de um mês, desaparecido em Tábua, distrito de Coimbra. Vivia na Quinta da Barroca onde foram encontrados dois adultos mortos, mas não há sinais do bebé, escreve o Observador.
Clima de terror na A17
Um vídeo de um condutor a circular na A17, entre Cantanhede e Vagos, tornou-se viral nas redes sociais. No vídeo, Renato Teixeira está a circular na auto-estrada, quando as chamas crescem de intensidade e o fumo reduz a visibilidade.
Ao Jornal de Notícias, Renato contou que não havia bombeiros nem GNR por perto e que o trânsito não estava cortado. Alguns condutores decidiram mesmo fazer inversão de marcha e sair do local em contramão.
Nas imagens, é possível ver o fogo nas bermas da via, mas também na vegetação do separador central e até as portagens estavam a ser consumidas pelas chamas.
Apesar dos incêndios, houve fogo de artifício em Aveiro
O lançamento de fogo de artifício na noite de domingo, durante os festejos dos Santos Mártires, no bairro do Alboi, em Aveiro, gerou uma onda de indignação na Internet, com muitas pessoas a partilharem o seu testemunho. O momento, que durou vários minutos, foi registado em vídeo e divulgado nas redes sociais.
“O país arde como nunca antes e em Aveiro, onde as chamas estão à porta da cidade, há foguetes a romper a noite. Inadmissível”, escreveu o diretor da produtora Sons em Trânsito, Vasco Sacramento, no Facebook.
Paula Pinheiro, moradora naquela zona, contou que quando acabou o fogo de artifício, o responsável foi-se embora e minutos depois o material começou a arder, adiantando que vários vizinhos chamaram a polícia e os bombeiros.
Carla Tavares, deputada do PS na Assembleia da República, também usou o seu perfil naquela rede social para comentar a situação. “Em Aveiro, com os incêndios de Mamodeiro e Vagos tão perto, e com um calor e intensidade de vento ainda tão fortes, ouvem-se foguetes… Nem sou capaz de dizer mais nada. O respeito que tenho pelas vítimas dos incêndios e por todos aqueles que os combatem impedem-me de dizer mais”, escreveu.
A Câmara Municipal de Aveiro ativou às 23h00 de domingo o Plano Municipal de Emergência, na sequência dos vários fogos que lavram no concelho.
Médicos suspendem greve de quarta-feira
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, anunciou que “dada a situação de catástrofe” no país e que está a afetar muitos dos hospitais da zona Centro, o SIM e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) decidiram suspender a greve de quarta-feira.
A Ordem dos Médicos também já lançou um apelo aos clínicos para que se disponibilizem para apoiar as populações e as autoridades nas regiões afetadas pelos incêndios florestais.
“Perante o cenário dramático dos incêndios que assola o Norte e Centro do país, a Ordem dos Médicos apela aos médicos para que se disponibilizem no apoio às populações vítimas dos incêndios nas regiões Norte e Centro do país”, lê-se num comunicado.
“Apelo aos médicos das regiões afetadas que se unam no sentido de colaborarmos juntos nesta missão complexa de solidariedade nacional”, acrescentou o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães.
Galiza responsabiliza Portugal pelos incêndios
Quatro pessoas morreram este domingo nos incêndio na Galiza, segundo o El País. Tal como em Portugal, a região espanhola tem vários incêndios ativos e muitos deles vindos do nosso país.
O presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, descreveu a situação como complexa devido a uma “atividade incendiária homicida”, seca persistente e o descontrolo dos incêndios em Portugal, que “saltaram o Minho” pela primeira vez, cita o Público.
“Pela primeira vez, vemos como os fogos saltam o rio Minho e incendiavam As Neves, Salvaterra do Miño, Porriño e outros lugares limítrofes”, afirmou o autarca.
O Governo espanhol mobilizou este domingo 29 meios aéreos e quatro brigadas de reforço para combater os incêndios florestais que afetam a Galiza, Castela e Leão e as Astúrias.
ZAP // Lusa
Enquanto os incendiários não forem condenados a morrer “na fogueira”, isto vai continuar na mesma.
É necessário um regime de excepção para aplicação de pena de morte a estes assassinos.
Impõe-se um debate sobre a gestão do território, com caráter de urgência e com medidas duras em cima da mesa. Este país é uma bandalheira e isto é o salve-se quem puder. Está cada um por sua conta e risco como ontem à noite um bombeiro me disse pessoalmente. Uma palavra de enorme apreço aos nossos bombeiros que tudo fazem para ajudar as populações. Mas perante tantos fogos em simultâneo é mesmo impossível. O debate deveria começar já e deveria ser orientado pelo próprio Presidente da República que já deu provas que é dos poucos com cabeça e sensibilidade para os problemas da população. E que a esperada e desejada chuva não sirva de pretexto para esquecer este tema.
Nao posso estar + de acordo, têm de rolar cabeças….
É urgente criar leis severas para punir os incendiários, isto também será uma parte da resolução!
Não os deixem na rua coloquem-nos em casa com pulseira electrónica e se quiserem pegar fogo que peguem à casa deles!
Ha muita gente a viver a custa dos fogos, senão vejamos
* A Industria da Madeira
* Cobrança á hora dos meios Aéreos, Já ouvi falar em 40.000/Hora, será verdade???
* Comunicações sempre a falhar.
* Comandantes dos Bombeiros, ligados a este ramo diretamente ou indiretamente.
Solução eficaz para este flagelo.
*Vigilância permanente, de todas as Autoridades, Civis e Militares.
*Bocas de incêndio na via publica com vistoria permanente.
*Proibida a Compra e Venda de toda a Madeira queimada, com coimas elevadas e prisão agravada.
Tenho a certeza que desta forma será eficaz.