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Especialistas criticam falta de estratégia no plano Outono-Inverno. Urgências “podem colapsar”

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Jean-Christophe Bott / EPA

Neste outono-inverno, os hospitais “não podem ser abandonados à sua sorte” e “é preciso colmatar os défices de profissionais de saúde” que existem em vários setores.

Num artigo publicado na Acta Médica, citado pelo Público, o ex-diretor-geral da Saúde, Constantino Sakellarides, e o presidente da Comissão de Qualidade da Federação Europeia de Medicina Interna, Luís Campos, defendem que o SNS tem de captar recém-especialistas para colmatar os défices de profissionais de saúde.

Os hospitais “não podem ser abandonados à sua sorte“, defendem os especialistas, sublinhando que os profissionais que estão agora na linha da frente devem poder descansar e ser justamente compensados. “Muitos estão exaustos e desmotivados.”

O artigo, divulgado esta terça-feira, também destaca algumas críticas ao plano para o outono-inverno de 2020-2021, que o Ministério da Saúde divulgou em setembro.

Os especialistas defendem que este documento não presta atenção às necessidades dos profissionais de saúde, é “muito intencional e pouco operacional”, e não tem “enquadramento estratégico, priorização das medidas, quantificação, um cronograma, definição de responsabilidades, financiamento associado, gestão de recursos humanos e procedimentos em caso de sobrelotação”.

Além de todas as críticas acima mencionadas, o plano chegou tarde, dado que ainda tem “que ser apreciado pelo Conselho Económico e Social e pelo Conselho Nacional de Saúde”.

Numa altura em que a coexistência de várias infeções respiratórias cria “o cenário para uma tempestade perfeita”, e sendo Portugal o país europeu onde as pessoas mais recorrem às urgências hospitalares, os especialistas alertam que estas “poderão colapsar” e o internamento poderá “transbordar”, caso não haja “uma estratégia integrada e faseada”.

Para descongestionar os serviços de urgência, sugerem que o atendimento aos doentes com sintomas gripais ou infeções respiratórias seja feito em estruturas fora do espaço das urgências, unidades que “já foram ensaiadas durante a pandemia de gripe A em 2009”.

Nos hospitais, devem existir planos de contingência elaborados com o envolvimento dos profissionais “no terreno”, com respostas planificadas para os vários cenários. A resposta vai também depender dos cuidados de saúde primários, dos cuidados continuados e paliativos, das autarquias, e requer recursos na comunidade “com lideranças competentes, capacidade de gestão e meios”, sublinham.

O artigo também é assinado por Kamal Mansinho, diretor do Serviço de Infecciologia do Hospital Egas Moniz, Paulo Telles de Freitas, diretor do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Amadora-Sintra, e Victor Ramos, um dos impulsionadores da reforma dos cuidados de saúde primários em Portugal.

ZAP //

3 Comments

  1. o Desgoverno no seu Melhor… Portugueses continuem a confiar nestes politicos Desonestos e daqui a poucos anos temos a Troika outra vez dentro de portas…

  2. Se já antes colapsavam todos os anos com a chegada da gripe sazonal o que fará agora com as duas à mistura e todos, de doentes a profissionais de saúde, com receio da morte! Promessas tem havido muitas, ação praticamente nada! No início no primeiro governo o senhor Costa dava a entender que com ele os enfermeiros e médicos obrigados a sair do país à procura de trabalho devido ao desgoverno do senhor Sócrates e intervenção da troika voltariam muitos, mas pelos vistos acharam-no feio demais para lhe caírem nos braços.

  3. Politiquices à parte, penso que se está a criar mais um “bicho papão” como foi com os ventiladores, parece que estão armazenados cerca de 1800, alguns sem cumprirem as normas de funcionamento, e ainda nem foram precisos, mas custaram uma fortuna e o dinheiro já foi todo gasto. Tanto alarido e agora nem se fala mais nisso. Tanto medo, vamos todos morrer se não tivermos ventiladores que nem sequer foram precisos.
    Agora é o pânico da falta de recursos nas urgências, há pessoas (muitas) que vão às urgências por causa de uma gripe… Que tal ensinarem essas pessoas que uma gripe não necessita de hospital, os medicamentos até se vendem sem receita médica, até são publicitados na TV.
    E os médicos estão exaustos? Parece que o povo só pensa em férias e descanso,,, Que tal trabalharem 11 meses por ano como qualquer cidadão comum? Provavelmente assim já chegam, para não dizer que são até excedentes…
    É verdade que o dinheiro que paga estas soluções exageradas de meios é proveniente do estado, mas foram as nossas contribuições e impostos que encheram os cofres públicos, deveria haver mais respeito pelo nosso esforço colectivo sem se andar a esbanjar dinheiro à parva e sem necessidade.

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