Peço desculpa, tenho vergonha, fui traído (e muita economia). Costa falou ao país

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José Sena Goulão / LUSA

António Costa anuncia a sua demissão

O primeiro-ministro afirmou hoje que o dinheiro encontrado em envelopes no escritório do seu ex-chefe de gabinete Vítor Escária lhe suscitou mágoa pela confiança traída, envergonhou-o e pediu desculpa aos portugueses.

Esta posição sobre o seu ex-chefe de gabinete Vítor Escária, detido na terça-feira para interrogatório, foi transmitida por António Costa logo no início da sua comunicação ao país, em São Bento.

“Sem me querer substituir à justiça, em que confio e que respeito, não posso deixar de partilhar com os meus concidadãos que a apreensão de envelopes com dinheiro no gabinete de uma pessoa que escolhi para comigo trabalhar, mais do que me magoar pela confiança traída, envergonha-me perante aos portugueses e aos portugueses tenho o dever de pedir desculpa”, declarou.

Vítor Escária, que iniciou as funções de chefe de gabinete do primeiro-ministro em 2020, foi detido para interrogatório na terça-feira e nas buscas judiciais ao seu gabinete na residência oficial de São Bento foram apreendidos 75.800 euros em numerário, que se encontravam escondidos em livros e garrafas de vinho.

Poucas horas depois, o primeiro-ministro exonerou Vítor Escária das funções de seu chefe de gabinete e nomeou para este lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.

Confrontado com este caso, na quinta-feira, o primeiro-ministro afirmou que decidiu demitir o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, logo que soube que os investigadores judiciais tinham encontrado dinheiro em numerário no seu local de trabalho, em São Bento.

Não, não sabia disso. E mal soube fiz aquilo que obviamente se impunha, que era demiti-lo”, declarou António Costa aos jornalistas à entrada para a reunião Comissão Política do PS, em Lisboa.

Escária é suspeito de ter facilitado concessões de lítio em Montalegre e Boticas e a mega-central de hidrogénio verde em Sines. Além disso, terá facilitado o processo de construção de um enorme centro de armazenamento de dados da empresa Start Campus em Sines.

Em entrevista ao Observador, este sábado, o antigo deputado Ascenso Simões, um dos mais próximos colaboradores de António Costa, considerou que aquilo que Vítor Escária precisava “era de um par de lambadas bem dado naquele focinho. Que é aquilo que o país todo pensa”.

Após as suas considerações iniciais, o primeiro-ministro focou o discurso na atuação do Governo na área da Economia e no superior interesse nacional na captação de investimento estrangeiro, tendo defendido as decisões tomadas pelo executivo nos quatro negócios que se encontram sob suspeita na Operação Influencer.

“Orgulho-me de, nestes 8 anos, o investimento estrangeiro ter alcançado 56 mil milhões de euros, investimento que contribuiu para a criação de 650 mil postos de trabalho, dos quais 450 mil qualificados”.

Este esforço, salientou António Costa “é regulado por lei e não pode depender de decisões arbitrárias. O investimento em Portugal é sempre desejado”.

“Quase sempre a atracão de investimento público exige harmonização com outros interesses públicos, entre questões ambientais e o bem-estar das populações, o que exige articulação, concertação“.

O primeiro-ministro garantiu que “respeita e confia na justiça e que qualquer membro do Governo a começar por si próprio dará às autoridades judiciais a colaboração que seja necessária”.

António Costa salientou que não tenciona substituir-se à justiça nem interferir no processo judicial, respeitando o juízo que os magistrados fizerem da sua atuação. “Não estou a interferir em processo judicial nenhum. Quando alguém me quiser ouvir num processo judicial, chamar-me-ão. Nada me pesa na consciência”, enfatizou.

Em relação ao seu futuro político, Costa considerou que “com a duração deste processo judicial, com grande probabilidade não exercerei nunca mais nenhum cargo público”.

Em relação a Diogo Lacerda de Machado, um dos arguidos no processo, Costa garantiu que “ele era o meu melhor amigo”, mas “não tinha qualquer mandato” da sua parte. “O quer que Diogo Lacerda Machado tenha feito ou não tenha feito, nunca o fez com a minha autorização ou conhecimento”.

E em relação a João Galamba? “Na terça feira tenho reunião com o presidente da República”, disse o primeiro-ministro.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O dinheiro era para troços… A caixa do dia… Para comprar uns pastelinhos de bacalhau e um copinho de aguardente. E o PM é inocente, nem tem amigos…

  2. Este costa é uma personagem!
    Nunca sabe de nada! E os bodes expiatórios começam a aparecer e erros e falhas! Incrível o dejavu PS a acontecer novamente!

  3. Como diz o velho ditado é seguirem o rasto do dinheiro, quem o lava mais branco?

    Costa é amigo do Lacerda agora é perguntarem ao Lacerda quem é o grande amigo do Lacerda que faz as operações financeiras de colocar o dinheiro dos facilitismos em contas off shore ou na Suíça?

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