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Nove horas de Conselho de Ministros e três pacotes de medidas depois, a Esquerda continua por convencer

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António Cotrim / Lusa

Medidas aprovadas ontem pelo Governo podem não ser suficientes para agradar aos partidos mais à Esquerda, que as consideram insuficientes.

Ao longo de toda a conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Ministros de ontem, e que juntou ministra da Presidência, ministra do Trabalho, ministra da Cultura e ministra da Saúde, ficou marcada por um silêncio relativamente às negociações do Orçamento do Estado para 2022 e aos progressos que ainda podem ser feitos, principalmente depois de o Governo aprovar novas medidas nas áreas da saúde, legislação laboral e cultura — que, contudo, não têm um calendário possível a apontar.

“Comentários ou reações a declarações sobre o orçamento não farei porque este é o momento de nos aproximarmos, de olharmos para as propostas uns dos outros e de fazermos essa negociação”, afirmou Mariana Vieira da Silva.

Muitas das medidas já eram reclamadas há muito pelos partidos à esquerda, no entanto, podem revelar-se insuficientes para convencer BE, PCP, PAN e PEV a aprovar o documento. Nas primeiras reações às conclusões do Conselho de Ministros, tanto Pedro Filipe Soares como João Oliveira, líderes parlamentares do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista respetivamente, já vieram dizer que as medidas ficam aquém, apesar de reconhecerem que ainda não tiveram tempo de as analisar com detalhe.

Na RTP3, Pedro Filipe Soares admitiu que há uma “distância ainda por percorrer no que toca a abertura para as medidas que o Bloco colocou em cima da mesa”, com a aproximação tentada pelo Governo a revelar-se “manifestamente insuficiente“, tanto nas questões laborais como no modelo de exclusividade do SNS.

Ao longo do dia de ontem, os Bloquistas também já tinham posto em causa a vontade de o primeiro-ministro “chegar a bom porto negocial” e que “mesmo com os desenvolvimentos que têm ocorrido ao longo a última semana”, o OE “não merece um voto do BE que não o voto contra“. E acrescentou: “Estamos à espera de que o Governo demonstre vontade para dialogar”. Ao Público, José Soeiro, afirmou ver as medidas como “formulações em modo slogan“, que estas careciam de detalhes essenciais e, por isso, optar por esperar pela reunião desta sexta-feira para esclarecer muitas dúvidas que ainda detém.

A presença constante de representantes de comunistas na comunicação social também está a ser interpretada como um sinal de que as negociações não estão a correr tão bem como esperado.

Carlos César preocupado

Da bancada parlamentar do PS pouco ou nada se tem ouvido a propósito das negociações do OE para 2022, mas, perante a aproximação da data da votação do documento na generalidade, Carlos César, na sua página de Facebook, dramatizou o momento, reclamou que tanto o Bloco de Esquerda como o Partido Comunista clarifiquem as suas posições e digam “aos portugueses o que os move“. “O PS permanece apostado nessa construção. Já quanto ao BE e ao PCP, fico sem perceber se, afinal, se sentem melhor a fazer oposição a um governo de direita do que a fazer acordos com um governo de esquerda”.

Antes da primeira votação do Orçamento do Estado para 2022, a qual acontece na próxima terça-feira, estão ainda previstas reuniões no sábado entre António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. As decisões finais dos partidos só deverão ser conhecidas, no entanto, no domingo quando os dois partidos à esquerda reúnem os seus órgãos internos para determinar o seu posicionamento e voto.

ZAP //

8 Comments

  1. Eu acho que…. se houver eleições, o PS vai ganhar com o voto util da esquerda, e o PCP e o Be vão praticamente desaparecer… porque o povo da esquerda não é estupido e percebe , que é melhor o PS no governo… que a direita..

  2. A estagnação económica do Sistema Económico de Portugal é explicada em grande medida pela incapacidade e incompetência dos sucessivos Governos portugueses nada fazerem quanto à Organização do Trabalho ou do “ Factor Trabalho” da Economia. A Economia Portuguesa tem por base o “ Dumping Social” e o Desperdício da população ativa apta para o trabalho. O facto Económico é que uma Economia que não valoriza o trabalho não consegue crescer de forma estrutural e sustentável. …A Economia de Portugal faz lembrar uma qualquer equipa de futebol sem uma boa equipa técnica, sem bons jogadores, sem uma boa organização estratégica e tática. Não é assim?!

  3. Outra vez do mesmo?
    A esquerdalhada parasitária vai ter de aprovar o OE de qualquer maneira! De contrário acabam-se tachos e concessões sem a certeza de como e quando os vão ter.

  4. Basicamente o Costa está a abrir mão do dinheiro dos portugueses para se manter no poder. Vai baixar as calças o necessário para lá ficar. Quem paga a fatura, seremos todos nós.

  5. Em Democracia e na vida coletiva não podemos calar o que lemos, ouvimos e vimos sobre o as injustiças, a Corrupção política, o aumento das Desigualdades, o aumento da pobreza extrema, a má Distribuição primária de rendimentos (salários reais) e a má Redistribuição dos rendimentos e da riqueza (política fiscal)… Para os mais atentos e “mentalmente independentes,…e, Portugal uma tristeza e desgraça de país.

  6. Por exemplo, A Saúde de Portugal…e no Serviço Nacional de Saúde (SNS), o INEM e a Rede Nacional de Emergência Médica e Hospitalar de Emergência estão em ruptura e a desmoronar. Portugal uma tristeza de país. Deus abençoe Portugal e aquele que precisa de proteção na saúde de emergência.

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