/

Combustíveis sobem, depois descem: “Calma, está tudo normal”

As guerras são um dos factores para a oscilação dos preços, mas nada se compara ao peso dos impostos no valor final.

No final de Junho, verificou-se em Portugal a maior subida semanal do preço do gasóleo desde 2022. A guerra entre Israel e Irão mexeu com os valores, como se previa.

No entanto, na semana passada gasolina e gasóleo ficaram um pouco mais baratas – e prevê-se que os preços continuem a descer ao longo dos próximos tempos.

“Está tudo normal”, começa por dizer o secretário-geral da EPCOL – Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes: “O mercado é mesmo assim, é volátil, muito sensível a estas questões geopolíticas”.

António Comprido confirma que nada aponta para uma subida dos preços nas próximas semanas. “Não se vai atingir os valores que originaram a intervenção do Estado (descida do ISP) e da União Europeia no geral”, continua.

Igualmente na Revista ACP, o economista João Duque repete a importância das guerras, nomeadamente no Irão nesta fase. Há uma expectativa sobre a eventual interrupção do fornecimento dos fluxos de petróleo.

Nesta altura, reforça, o “mais importante é o desenvolvimento da guerra no Irão – se o caminho for a paz, excelente; se houver uma contracção no estreito de Ormuz, uma interrupção, será problema no fluxo de petróleo que chega às grandes refinarias”.

Factores e impostos

Mas a guerra não é o único factor a mexer com os preços dos combustíveis. António Comprido explica: “Os mercados internacionais a funcionar, e aí os países não têm qualquer controlo sobre essas variações; depois há valores mais ou menos fixos: custos de armazenamento, distribuição ou funcionamento dos postos de combustível – que são uma fatia pequenina, não pesa muito no preço final”.

A “fatia muito grande” são os impostos, que têm um peso de cerca de metade do valor final de cada litro.

Em Portugal, e segundo os dados mais recentes, 55% do preço de um litro de gasolina simples são impostos e 50% no gasóleo simples.

Em Espanha é ligeiramente inferior (48% e 43%), mas o peso dos impostos em Portugal é quase igual à média da União Europeia: 54% na gasolina, 48% no gasóleo.

E João Duque deixa um aviso: os preços dos combustíveis seriam mais altos se o dólar não estivesse a desvalorizar em 2025, especialmente face ao euro.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.