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MP investiga festa de Lagos. Clube de Odiáxere pede desculpas pela “dimensão trágica” do evento

Mahmoud Khaled / EPA

O Ministério Público (MP) vai apurar as circunstâncias em que decorreu a festa de aniversário nas instalações do Clube Desportivo de Odiáxere, em Lagos, no Algarve, na origem de um surto de covid-19, para já, com mais de 90 infetados.

De acordo com o semanário Expresso, o inquérito foi instaurado na sexta-feira na secção de Lagos do Departamento de Investigação e Ação Penal de Faro.

A festa em causa ocorreu na noite de 7 para 8 deste mês e terá reunido dezenas de pessoas. “Estará na origem de um surto infeções por covid-19”, refere o DIAP de Faro, segundo o Expresso. “No âmbito do inquérito será avaliado o eventual enquadramento desta factualidade em prática de crime, designadamente de propagação de doença”.

A abertura de investigação acontece depois de a ministra da Justiça solicitar à Procuradoria-Geral da República a intervenção do MP para, em representação do Estado, “instaurar ações indemnizatórias contra os promotores do evento de Odiáxere, em Lagos, do qual resultou a infeção de mais de sete dezenas de pessoas, incluindo crianças”.

Entretanto, o Clube Desportivo de Odiáxere, em Lagos, onde foi realizada a festa ilegal que originou um foco de covid-19, pediu desculpas pela “dimensão trágica” que o acontecimento atingiu, mas assinala que foi a direção que chamou as autoridades.

Num longo esclarecimento publicado no sábado na sua página do Facebook, o clube desportivo relata como foi solicitada a realização da festa de aniversário, que ocorreu no salão de festas do clube.

A direção do clube afirma que o esclarecimento visa “expor a verdade dos factos, na primeira pessoa, sem subterfúgios ou inverdades, assumindo como sempre”, todas as suas responsabilidades, desejando “por fim, que tão breve quanto possível, este episódio seja terminado e sem mais consequências”.

“Sentimo-nos extremamente lesados e enganados por tudo o que ocorreu”, afirma, adiantando que, “desde a primeira hora”, prestaram todas as declarações, “com transparência, embora, e muito naturalmente, bastante tristes e abalados com o desenrolar de todos os acontecimentos”.

O clube conta que foi um particular solicitou a utilização do salão do clube para “a realização de uma festa de aniversário de cariz familiar e particular, para um máximo de 20 pessoas”. “Solicitação à qual o clube atendeu positivamente, agindo com base na boa-fé, após muita ponderação e tendo em consideração a grande dimensão do salão, o número máximo de pessoas previamente acordado, os cuidados de proteção, higiene e o distanciamento a que todos estamos sujeitos nos nossos relacionamentos segundo as diretivas gerais em vigor”, sublinha.

Contudo, conta, cerca das 18h30, “o número de pessoas já ultrapassava o acordado”, tendo a direção do clube “de imediato” denunciado a situação à GNR, que cancelou a festa e identificou o organizador.

De imediato, foi realizada uma desinfeção a todo o edifício e toda a sua envolvência e foram feitos testes à covid-19 aos funcionários do clube e alguns membros da direção, tendo um funcionário dado positivo, “mas que não foi transmitido no dia 7 de junho”.

“Atendendo às reais repercussões deste muito triste e infeliz acontecimento, nas suas dimensões humanas e económicas, com transtornos enormes para o concelho, região e país, queremos deixar o nosso mais sincero e humilde pedido de desculpas pela dimensão trágica em que se tornou a nossa resposta positiva à solicitação da realização de uma festa de aniversário de caráter familiar e particular no salão de festas do nosso clube”, sublinha no comunicado.

Na festa participaram pessoas de diferentes concelhos e de várias nacionalidades, havendo infetados entre pessoas da mesma família, incluindo crianças e, também, entre colegas de trabalho.

O surto originado por aquela festa já provocou a suspensão de visitas aos utentes em 24 equipamentos sociais do barlavento (oeste) algarvio, num total de 13 estruturas – entre lares de idosos, unidades de cuidados continuados, lares de jovens e de saúde mental -, situadas em oito concelhos.

ZAP // Lusa

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