Moedas atira contra Governo e lembra “concurso para casas de banho e ecrãs por 8 milhões”

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Tiago Petinga / Lusa

O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.

Questionado sobre as condições em que os imigrantes vivem em Lisboa, na sequência do incêndio que no passado fim de semana vitimou dois cidadãos, o autarca remeteu o problema para a lei da imigração.

Carlos Moedas carregou contra o Governo após as sucessivas críticas que recebeu relacionadas com o custo do altar-palco da Jornada Mundial da Juventude — o qual deverá ultrapassar os 6 milhões de euros. Em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, o autarca de Lisboa realçou a herança que vai ficar para a cidade e lembrou o concurso lançado pelo Governo para as casas de banho, ecrãs e iluminação.

“Eu estou cada vez mais perplexo com a política em Portugal. Foi a politização de algo que nunca deveria ter sido politizado. Foi a politização de um evento desta natureza, um evento em que todos os protagonistas estiveram em 2019“, disse, aludindo à presença de Fernando Medina, antigo presidente da Câmara de Lisboa, no Panamá.

E lembrou a própria gestão que o Executivo está a fazer da situação. “Quando olhamos para o custo dos quatro ou cinco milhões que veio a tornar-se um problema, ao mesmo tempo, o Governo abre um concurso para casas de banho, ecrãs e iluminação por oito milhões de euros. Então o ponto eram os quatro milhões ou cinco milhões do altar?”

Relativamente aos esforços da Câmara de Lisboa, Igreja e Mota-Engil para reduzir os custos do evento, Moedas prefere não se comprometer com valores, remetendo mais explicações para os próximos dias. “Estamos em reuniões técnicas a ver o que é que podemos reduzir. Não posso dizer ainda neste momento, porque isso tem que ser feito com todo o cuidado técnico. Mas nos próximos dias iremos anunciar que poupanças é que podemos ter tanto no palco como também no Parque Eduardo VII.”

Este é, aliás, um ponto do qual Moedas parece pouco disposto a abdicar, apesar de o palco previsto para aquela localização também estar a ser sujeito a uma reavaliação. “Se conseguirmos reduzir os preços para que esse palco tenha as condições necessárias, penso que seria de manter, mas com um custo muito inferior ao que estávamos a trabalhar. É uma opinião conjunta que deveríamos manter esse palco, até para que as pessoas se possam movimentar.”

O presidente da autarquia lisboeta abordou ainda o atraso do plano de mobilidade, uma tarefa a cargo do governo, dizendo que a sua não-apresentação o “preocupa“.

Já em relação à necessidade de fechar as fronteiras durante o período em que decorre  evento, Moedas pareceu concordar com tal procedimento. “Temos de ter aqui uma segurança máxima das pessoas que entram e saem do país nessas alturas. Esse controlo deve existir pela dimensão do evento. Estamos a falar de um evento como nunca houve em Portugal.” Ainda assim, remeteu para o ministro da Administração Interna a responsabilidade da decisão.

Na sua edição diária, o jornal Público faz ainda referência a uma série de tarefas e encargos que ainda se encontram por esclarecer a menos de seis meses da JMJ. É o caso do plano de alojamento dos peregrinos, do plano de mobilidade (os dois a cargo do Governo), das despesas da autarquia de Oeiras, das forças de segurança necessárias para garantir o correto funcionamento do evento e das estruturas de saúde que estarão de prontidão.

Questionado, ainda na mesma entrevista, sobre as condições em que os imigrantes vivem em Lisboa, na sequência do incêndio que no passado fim de semana vitimou dois cidadãos, o autarca remeteu o problema para a lei que regula a presença de cidadãos estrangeiros em Portugal.

“Temos uma lei de estrangeiros com mais de dez anos que previa, no seu tempo, que o próprio Estado olhasse todos os anos e visse qual era o contingente de pessoas que precisávamos”

“Os refugiados devem ser sempre acolhidos. Para migrantes económicos, os países têm que ter políticas de imigração, Portugal precisa de imigrantes. Estamos a diminuir a população. Precisamos de mais pessoas, mas para isso temos que estabelecer contingentes daquilo que precisamos e essas pessoas têm que chegar com dignidade.”

“De quantas pessoas é que precisamos na agricultura, na indústria, nos serviços? Depois de publicar esses contingentes, as pessoas vêm para Portugal se tiverem um contrato de trabalho.”

ZAP //

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