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Mercenários portugueses suspeitos do roubo em Tancos

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(cv) operacional.pt

Parada militar na base de Tancos, maio 2012

Parada militar na base de Tancos, maio 2012.

A Polícia Judiciária está a investigar um grupo de mercenários portugueses que rouba armas para “senhores de guerra”, considerando que estes ex-elementos das forças especiais podem ser os responsáveis pelo furto na base de Tancos.

Segundo o que o Expresso apurou, há a suspeita de que os assaltantes que roubaram armas de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, há cerca de duas semanas, farão parte de um grupo de mercenários portugueses que tem sido contratado para fazer assaltos semelhantes noutros países.

De acordo com o semanário, os elementos deste grupo são ex-militares das forças especiais das Forças Armadas, nomeadamente dos Comandos, dos Paraquedistas, dos Rangers e dos Fuzileiros, contratados sobretudo por “senhores da guerra” no norte de África e no Médio Oriente, recebendo avultadas quantias em dinheiro.

O Expresso realça que se suspeita que o assalto a Tancos possa estar relacionado com um serviço do grupo para milícias do norte de África, grupos separatistas da Córsega, em França, ou máfias europeias envolvidas em assaltos a bancos e carrinhas de transporte de valores, com quem terão mantido contactos recentes.

A Polícia Judiciária estará também a investigar a existência de um alegado cúmplice do grupo no interior da Base de Tancos, já que os assaltantes teriam conhecimento dos horários das rondas e saberiam que o sistema de vídeo-vigilância estava avariado.

Já houve outros assaltos a Tancos

Entretanto, sabe-se que já se verificaram mais assaltos à base de Tancos. O Expresso refere que “num ano houve 20 roubos de material bélico”.

O facto de a vídeo-vigilância estar avariada há cinco anos terá contribuído para estes furtos. Mas o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, não confirmou esse dado, durante a sua audição em comissão parlamentar.

Perante os deputados, o ministro disse não ter conhecimento dessa “deficiência”, mas notou que “antes de haver vídeo-vigilância também havia protecção e vigilância de paióis”, considerando assim, que as avarias não justificam “o que quer que seja”.

Azeredo Lopes anunciou ainda que garantiu ao Exército que “o governo reforçará a verba [para além dos 95 mil euros previstos na lei de programação] para a instalação “plena” do sistema de vigilância e controlo (SICAVE), “caso seja necessário”.

O ministro também sublinhou que não teve qualquer relatório, pedido, informação ou chamada de atenção que identificasse uma situação grave de insegurança nos paióis. E recusou igualmente que tenha sido qualquer desinvestimento, cativações orçamentais ou falta de efectivos a justificar as falhas na segurança dos paióis.

Juiz impediu escutas a suspeitos de tráfico de armas

Entretanto, o jornal Sol apurou que a Polícia Judiciária recebeu em Abril passado, uma denúncia de que vários civis que trabalhavam na base de Tancos estariam envolvidos num esquema de tráfico de armas.

As autoridades receberam uma lista de nomes de suspeitos, mas um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal impediu o Ministério Público de fazer escutas telefónicas aos implicados.

Esses nomes estarão agora a ser investigados no novo inquérito aberto pelo Ministério Público, já depois do roubo, conforme nota o Sol.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. Também é hora de melhorar o sistema de avaliação dos juízes ou as leis que os impedem de dar o aval para as escutas em casos destes e em relação a pessoas perigosas (ainda que não comprovadamente culpadas de nada). Alguma coisa vai mal com a justiça toda. Não é só com os militares e com a falta de meios do exercito, GNR etc. São responsabilidades políticas a vários níveis…

    • ALELUIA ainda bem que existe falta de meios no exército, GNR, PSP e toda autoridades defesa do país!!! Senão hoje em vez roubo de armas, balas e misseis, teríamos o roubo de tanques de guerra, aviões e ogivas nucleares, ALELUIA!

  2. è de lamentar que um Juiz que deveria ser o garante da investigação, seja o principal culpado da não execução da mesma. Mesmo que diga agora que a Lei não o permitia , estamos a falar de investigação deste tipo e isso não há lei que se sobreponha ao mais elementar direito dos cidadãos, que é a nossa protecção.
    Num País a sério esse Juiz estava já preso e nunca mais poderia exercer.
    Mas como estamos num País em que os Juízes e sua corporação mandam mais que o Governo , está tudo dito.

  3. Mas se a PJ tivesse dito ao tal Juiz que o Sócrates estaria envolvido, não tenho qualquer dúvida que as escutas eram imediatamente autorizadas !…
    Não duvidam, pois não ?

  4. A verdade é só uma: este furto de armamento nunca teria ocorrido se não houve cumplicidade interna; isto é, sem a participação por ação ou omissão dos militares tal nunca teria ocorrido. Isto e a questão das Messes da F Aérea é apenas a ponta do iceberg. É uma vergonha!

  5. Há aqui um problema de fundo que ninguém se lembra, subjacente à decisão deste juiz.
    Prende-se certamente com o princípio da inocência, que no passado um governo tentou alterar (por causa do enriquecimento ilícito) e que a oposição em coro se opôs. Junto com alegações de inconstitucionalidade.
    Aliado ao facto da justiça e das forças policiais não terem meios para tratar de tanta mer…, aham, porcaria…porque há claramente interesses em que esta não funcione como deve de ser.
    Assim, como na política e fora dela são todos anjinhos, tudo o que é criminoso se safa, porque a própria lei está feita de modo que se possam safar.

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