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Co-fundadora dos Médicos pela Verdade terá divulgado receita para enganar testes à covid-19

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Guillaume Horcajuelo / EPA

A anestesiologista Maria Gomes de Oliveira, uma das fundadoras do movimento Médicos pela Verdade, terá divulgado na app de mensagens Telegram uma espécie de receita para que infectados com o SARS-COV-2, o vírus que provoca a covid-19, consigam dar negativo nos testes de despistagem.

A informação foi recolhida pelo Observador que revela várias mensagens trocadas no Telegram em que Maria Gomes de Oliveira dará dicas e truques para se conseguir “enganar” os testes de despistagem à covid-19.

A publicação assegura que “teve acesso a documentação que comprova que foi, de facto, a médica” quem recomendou sugestões de como manipular os testes na app. As suas dicas, que terá inclusive referido na conversa com uma grávida, terão sido depois partilhadas por outras pessoas, segundo o Observador.

Maria Gomes de Oliveira não confirma que foi ela a autora das mensagens, mas também não nega. “Não confirmo nem desminto. Simplesmente, não respondo”, salienta a médica à dita publicação.

A médica terá sugerido a limpeza regular das fossas nasais e imediatamente antes de o teste ser realizado, garantindo que dessa forma daria negativo, mesmo no caso de pessoas infectadas. Ela aconselharia também o consumo de “alimentos frescos e variados com muita fruta e legumes”, jejum antes do exame e repouso.

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Médicos ouvidos pela publicação asseguram que é improvável que aquelas sugestões enganem os testes.

“A probabilidade é mínima de o resultado de um teste com uma colheita bem feita ser alterado por uma lavagem das fossas nasais”, afiança o médico Vasco Ricoca Peixoto.

A mesma ideia defende o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, alertando que, mesmo que o vírus não fosse detectado, continuaria no organismo e, portanto, seria um risco para a pessoa infectada e para os demais.

“Alguém que se dá a este trabalho, é alguém que tem uma exposição maior, que não se vai resguardar. Estas pessoas são perigosas, põe em risco as outras pessoas“, destaca ainda Ricardo Mexia no Observador.

Maria Gomes de Oliveira tem dado a cara pelo movimento Médicos pela Verdade que é contra o uso de máscaras e contra a realização de testes PCR para detectar pessoas infectadas.

A Ordem dos Médicos já está a investigar o movimento.

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Como resposta a “desinformação e fake news”, a entidade divulgou, na semana passada, o manual Viver em Tempo de Covid-19 para ajudar a explicar algumas dúvidas relativamente à pandemia de covid-19, incluindo, nomeadamente, informações sobre os sintomas da doença, como se detecta, quais os factores que definem as pessoas de risco, bem como os cuidados a ter nas idas às compras, aos restaurantes e com o uso do telemóvel.

ZAP //

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3 Comments

  1. gente desta devia ser presa. É preciso uma grande falta de consciência cívica (e de vergonha) para pretender evitar que um vírus (ou coronavírus) seja detectado. qual é o interesse disso? qual é o objectivo?

    • Não, não devia ser presa.
      A partir do momento em que se analisa objetivamente a informação científica e estatística disponível, fica claro que nada justifica que alguém seja sujeito a prisão domiciliária por causa de acusar positivo num teste muito duvidoso e por causa de uma doença cuja gravidade está muito aquém do apregoado. Ponha-se por exemplo no lugar de alguém que esteja já em grave situação económica por causa das medidas que nos estão a ser impostas e que, se ficar em prisão domiciliária, perderá o rendimento equivalente a esse período de trabalho.
      Nesse sentido, é perfeitamente legítimo que se deem dicas para tentar contornar a “ditatura do teste”.

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