/

Medicamento mais caro do mundo dado a 33 crianças no SNS. Caso das gémeas brasileiras investigado

5

Ivendrell / Wikimedia

Hospital de Santa Maria, em Lisboa

A Inspeção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu uma investigação ao caso das gémeas brasileiras que receberam um tratamento de quatro milhões de euros no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

O caso é polémico porque as gémeas que, entretanto, obtiveram a nacionalidade portuguesa só terão sido tratadas devido a uma alegada “cunha” de Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República já negou qualquer interferência.

Em causa está a administração do Zolgensma, o medicamento mais caro do mundo. De toma única, este tratamento tem um custo da ordem dos dois milhões de euros por dose.

No caso das gémeas brasileiras, as meninas receberam o tratamento para a atrofia muscular espinhal num valor de quatro milhões de euros, totalmente às custas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A IGAS anuncia que “abriu um processo de inspecção” no âmbito da “prestação de cuidados de saúde às duas crianças para verificar se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto”.

A TVI adiantou que os médicos do Hospital de Santa Maria se opunham a que as menores recebessem o tratamento, uma vez que estavam a fazer outra medicação para a sua condição de saúde no Brasil.

O Inspector-Geral da IGAS, António Carpeto, já esteve reunido com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que integra o Hospital de Santa Maria, “para que este órgão o informe sobre as medidas internas já adoptadas”, informa a entidade.

Medicamento mais caro do mundo já foi administrado a 33 crianças

Este medicamento para o tratamento da atrofia muscular espinhal já foi administrado a 33 crianças em Portugal, desde que a bebé Matilde o recebeu em Julho de 2019.

A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) aprovou, em Outubro de 2021, o financiamento público do Zolgensma depois de uma campanha pública lançada pelos pais da bebé Matilde, em Julho de 2019, para que a filha tivesse acesso ao tratamento.

Desde essa aprovação, o medicamento foi administrado a 33 crianças, em tratamentos realizados no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Centro Hospitalar Lisboa Central, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar do Porto, Centro Hospitalar de São João, e Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, segundo dados do Infarmed.

A entidade não revela, em resposta à Lusa, os valores gastos nestes tratamentos “devido às cláusulas de confidencialidade incluídas nos contratos de financiamento a pedido dos laboratórios detentores dos medicamentos”.

Contudo, o Infarmed garante que o valor gasto fica abaixo dos 2 milhões de euros por cada tratamento. Isto porque “pós o processo de financiamento (negociação com o laboratório de forma a garantir as melhores condições para o SNS, permitindo o acesso a todos os cidadãos que necessitem do medicamento), o preço ficou substancialmente mais baixo do que o indicado em recentes notícias”, aponta.

O pagamento é feito através de um contrato de partilha de risco assente no tipo de doente e no resultado clínico, e num prazo de quatro anos, esclarece ainda o Infarmed.

Após o pagamento de uma primeira percentagem (anual), se o tratamento não apresentar as melhorias expectáveis, não existirá lugar à continuação do pagamento do medicamento por parte das unidades hospitalares, revela também a entidade.

“O valor negociado e aprovado com a decisão de financiamento foi aplicado aos doentes que já tinham utilizado o medicamento até esse momento”, acrescenta o Infarmed, notando que houve ainda “um Plano de Acesso Precoce, colocado em prática antes da conclusão do processo de financiamento, onde foi incluído um tratamento sem custos”.

A atrofia muscular espinhal é uma doença que atinge cerca de uma em cada 11 mil crianças.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Para os portugueses: taxas (taxinhas e taxetas) de toda a espécie, aumentos (em tudo e mais alguma coisa) menos nos ordenados, custo de vida quase insustentável e êxodo (forçado) das cidades grandes por não haver como pagar casa… ~
    Para 2 gémeas (brasileiras, ou de outra nacionalidade qq, é irrelevante) de outro país: 2 medicamentos no valor de 4M€????? BRINCAMOS???? Os governantes que tirem do TANTO que embolsam à nossa custa e que lhes paguem eles esta FORTUNA! PAÍS dirigido por um c0rja MISERÁVEL!

  2. O H Sta Maria não atendeu o meu filho com um quisto no cerbero, com desmarcações em cima de desmarcações. Estava na sala de espera para a consulta quando me informavam que a consulta tinha sido desmarcada. Tive de ir a um hospital privado.
    Sou portugues descendente de portugueses com mais de 300 anos pelo menos com toda a certeza. Cosntruimos este país, modlando o aço e cultivando alimentos.
    O meu filho não teve acesso ao sistema de saúde de um país para o qual pagamos impostos á várias gerações.

  3. Nem é 4 milhões, é mais: são 2,9 milhões cada medicamento, mais os custos de administração no hospital. E as gémeas ganharam também as cadeirinhas próprias para a doença, mais umas dezenas de milhar…

  4. E sim, este Marcelo acha que isto é a quintinha dele. Viu-se com as mentiras que disse e desdisse quando trouxe Lula ao Parlamento no 25 de Abril. Ficou gravado que ele é que convidou o outro sem dar cavaco a ninguém, depois desmentiu. É um troca-tintas. Do pior que podia ter acontecido a este país. Na gravação, vê-se e ouve-se dizer: “TEnho tudo aqui na cabeça, de manhã cerimónia na AR, depois almoço e à tarde o prémio…!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.