Marcelo Rebelo de Sousa foi a figura central da homenagem às vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, limpando lágrimas e distribuindo abraços, enquanto António Costa nem foi convidado.
O primeiro-ministro admitiu que não foi convidado para a homenagem promovida pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), que decorreu no domingo à tarde, com a presença do Presidente da República.
“Não [fui convidado]”, disse António Costa à agência Lusa, à saída da Igreja Matriz de Pedrógão Grande, após a missa de homenagem às vítimas do incêndio de Junho de 2017, notando que “não vale a pena especular” sobre o assunto.
“Nós temos tido muito boa relação com a associação de vítimas, ainda há poucas semanas tive oportunidade de estar com a associação de vítimas”, disse António Costa, realçando que “nestes momentos de dor e sofrimento devemos respeitar aquilo que é a vontade e a forma como cada um quer viver os seus momentos de dor”.
A cerimónia privada de homenagem às vítimas do incêndio que eclodiu em Pedrógão Grande, em Junho de 2017, incluiu o lançamento de 66 balões brancos, um por cada vítima mortal, e uma intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.
No Natal passado, Marcelo Rebelo de Sousa foi convidado pela associação para participar num almoço privado em Pedrógão Grande, e passou o dia 25 de Dezembro na zona atingida pelo incêndio. O primeiro-ministro também não foi convidado para esse evento.
“Muita honra em ser o Presidente de portugueses como vós”
Na inauguração do memorial construído junto à fonte da aldeia de Nodeirinho, onde há um ano se salvaram várias pessoas, o Presidente da República destacou o verso bíblico ali gravado: “Eis que faço novas todas as coisas”.
“Tenho muita honra em ser o Presidente de portugueses e portuguesas como vós sois. É um motivo de profundo orgulho saber da vossa coragem, da vossa determinação, da vossa vontade de fazer novas todas as coisas”, disse o chefe de Estado, dirigindo-se à população de Nodeirinho, pequena aldeia onde estavam no domingo muito mais pessoas do que os seus 35 habitantes.
Marcelo esteve presente no memorial inaugurado e pensado pelo pintor local João Viola, que procurou criar um “monumento à vida”, onde não são esquecidas nem as 11 vítimas mortais da aldeia, nem as árvores e animais que também morreram há um ano, na sequência do incêndio.
“A frase diz tudo: eis que faço novas todas as coisas. Eis que transformo o luto, a morte, a dor em vida. É o que faz este monumento e é o que faz esta comunidade toda e que se alarga a outras comunidades à volta, e a um concelho e a vários concelhos e que infelizmente depois se alargou a muitos outros concelhos, em Outubro”, frisou o Presidente da República.
À margem da cerimónia de homenagem às vítimas mortais, promovida pela AVIPG, Marcelo disse ainda que gostava de “passar um ou dois dias” de férias na “zona da tragédia de Outubro”, “no começo de Agosto ou no final de Agosto”. Uma ideia que é um apelo do Presidente a que outros portugueses vão passar férias na região.
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), e alastrou a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em Outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.
ZAP // Lusa
Incêndio em Pedrógão Grande
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