Marcelo disponível para ir a tribunal se “aparecer alguém” que diga que pressionou tratamento das gémeas

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Mário Cruz / Lusa

O Presidente da República reiterou hoje que não falou com qualquer entidade para influenciar o tratamento das gémeas luso-brasileiras em Portugal e mostrou-se disponível para ir a tribunal “se vier a aparecer alguém” que diga o contrário.

No final da cerimónia evocativa do 1.º de Dezembro e da visita a uma exposição no Palácio da Independência, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre o caso das irmãs gémeas luso-brasileiras que vieram a Portugal para ser tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo.

O chefe de Estado começou por afirmar que “o que tinha a dizer disse no dia 4 de novembro”, que vai esperar pela investigação e que não se iria pronunciar sobre o caso.

O Presidente da República salientou também que na “altura disse uma coisa muito clara” e mencionou “todas as entidades” com as quais não falou sobre o caso: “Nem primeiro-ministro, nem ministra, nem secretário de Estado, nem à presidente do hospital, nem à administração do hospital, nem nenhuma responsabilidade de diretor de serviço do hospital”.

“Naturalmente que, como em tudo na vida, se vier a aparecer alguém que diga que eu o contactei ou que fiz qualquer pressão ou empenho ou pedido, aí eu sou o primeiro a ir a tribunal para esclarecer isso”, salientou, já a entrar no carro, não tendo prestado mais declarações.

O caso foi denunciado em novembro pela TVI, depois de as gémeas brasileiras terem sido tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com o medicamento medicamento Zolgensma, que é usado para tratar a atrofia muscular espinhal e que é um dos mais caros do mundo.

Segundo a investigação da TVI, que apurou que o pedido de acesso ao medicamento foi feito num sábado e que a aprovação surgiu dois dias úteis depois, Marcelo Rebelo de Sousa pode ter influenciado essa decisão.

Para já, o inquérito decorre contra desconhecidos e, portanto, não há suspeitas concretas contra Marcelo Rebelo de Sousa. Mas se o Presidente da República for indiciado durante a investigação, a lei prevê um regime especial devido à importância das suas funções.

A ex-ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou esta quarta-feira, em entrevista ao Público e RR, que casos como este “são habituais” e que a Lei obrigava o SNS a tratar as crianças.

A antiga ministra refere que o Presidente da República reencaminhou para o Governo mais casos do que aqueles dois e que isso foi sempre o procedimento “habitual”.

“É o circuito normal. Foi o normal o que o Ministério da Saúde fez a esse documento, que vinha do gabinete do primeiro-ministro e que canalizava um documento da Casa Civil da Presidência da República”, afirma.

Esta quinta-feira, o director do serviço de neuropediatria do Hospital de Santa Maria, Levy Gomes, contrariou a versão da ex-ministra, garantindo que o serviço que dirige recebeu vários telefonemas do Ministério da Saúde quando Temido tinha a pasta, e assegura que há documentos que o comprovam.

“Não foi um encaminhamento normal porque estes doentes não vieram pela urgência, nem pelo médico de família”, garante Levy Gomes. “A minha colega que trata deste processo é extremamente organizada, ela tem uma pasta enorme de documentos, de emails, etc.”, sublinha o médico.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Não se está mesmo a ver que o filho de Mareclo escondeu tudo do pai presidente com medo que o pai dissesse que não. O povo acredita piamente que todos os contatos, todas as cunhas, todos os cordelinhos foram feitos escondidos de Marcelo Rebelo de Sousa, sob pena de serem travados pelo presidente imaculado de Portugal. Evidentemente, ou vamos todos para tribunal.

    Depois de dissolver a Assembleia e deixar o país sem rumo, contra a vontade da maioria absoluta dos portugueses, não sei o que ainda está à espera para se demitir e devolver alguma dignidade ao povo.

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