Manuel Monteiro, antigo presidente do CDS que voltou ao partido esta semana, disse, em entrevista à Rádio Observador, que não pretende lançar-se na corrida à Belém.
Na sua primeira entrevista como novo militante do CDS, ouvido pela Rádio Observador, Manuel Monteiro rejeitou uma candidatura à Presidência da República. “Não sou hipótese. Isso está completamente fora de questão”, garantiu.
Na mesma entrevista, o antigo presidente do partido travou Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente do partido, cuja candidatura está a ser equacionada, dizendo mesmo que votaria mais depressa em Marcelo Rebelo de Sousa.
A própria direção do CDS torceu o nariz a Adolfo Mesquita Nunes. Este tema foi discutido na comissão política nacional do partido e vários dirigentes do partido recusaram apoiar uma eventual candidatura de Mesquita Nunes e avançaram outros nomes que seriam melhores candidatos: Bagão Félix, José Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro.
Em declarações de Visão, Bagão Félix e José Ribeiro e Castro já garatiram que não estão disponíveis a avançar como candidatos presidenciais. Agora, foi a vez de Manuel Monteiro de dizer “não” em entrevista à Rádio Observador.
Adolfo Mesquita Nunes continua em silêncio sobre a possibilidade de uma candidatura, mas, sem apoio, o mais provável é que o CDS venha a apoiar Marcelo. “[O CDS] pode até apoiar o professor Marcelo Rebelo de Sousa, mas sem prescindir por um segundo que seja de o criticar quando entender que o deve fazer”, sublinhou Manuel Monteiro.
Já há nomes em cima da mesa numa candidatura à direita: Marcelo Rebelo de Sousa, que parte para a corrida como o favorito; André Ventura, que já confirmou a sua vontade; Adolfo Mesquita Nunes; e o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque. À esquerda, Ana Gomes admitiu refletir sobre uma eventual candidatura a Belém.
“Extemporâneo e insultuoso” discutir presidenciais
O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou esta sexta-feira que discutir agora as eleições presidenciais é “extemporâneo e até insultuoso”, e recusou apontar um calendário para o partido debater o assunto.
No final de uma visita a uma pastelaria emblemática de Odivelas (Lisboa), e questionado também sobre o regresso do ex-líder do CDS-PP Manuel Monteiro ao partido, Francisco Rodrigues dos Santos salientou que o caminho deve ser “alargar e não estreitar”.
“Quem quer conquistar o futuro tem de saber somar o passado e não excluir ninguém: procurarei que o CDS tenha respeito integral pela sua história e que ninguém se sinta a mais”, afirmou.
Questionado se Manuel Monteiro seria um bom candidato do CDS-PP às presidenciais de janeiro, o líder democrata-cristão recusou, uma vez mais, debater esse tema.
“O CDS não é um partido alheado da realidade, mas confesso que consideramos esta discussão absolutamente extemporânea e até insultuosa”, afirmou, considerando que a prioridade de ser o combate às consequências da pandemia de covid-19.
Rodrigues dos Santos acrescentou que esta matéria entrou na agenda política como “um escape que o primeiro-ministro encontrou para desviar as atenções de uma cisão que criou no seu próprio Governo”, referindo-se à polémica com o ministro das Finanças, Mário Centeno.
“E nessas manobras dilatórias não caímos, a nossa prioridade é o plano de emergência social e o relançamento da economia”, disse, considerando que os militantes do CDS-PP não compreenderiam que o seu presidente estivesse mais preocupado com “a cadeira” de Belém.
O líder do CDS-PP nem sequer quis adiantar um calendário para o partido debater o tema, dizendo apenas que “a estratégia das presidenciais será definida a seu tempo”.
Questionado se o líder do CDS-PP está mais afastado do atual chefe de Estado do que a sua antecessora, Francisco Rodrigues dos Santos recordou a promessa que fez no Congresso em que foi eleito.
“Eu disse que o meu escritório seriam as ruas de Portugal, é ao lado dos portugueses que quero estar”, assegurou.