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LMM: “Frenesim mediático” de Costa rivaliza com o de Marcelo

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Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário da SIC, fez um balanço da pandemia de covid-19 e da atuação das autoridades políticas e de saúde.

“António Costa está muito diferente nas últimas semanas, está com enorme protagonismo mediático. Nunca vimos António Costa com o frenesim mediático dos últimos tempos. Rivaliza com o estilo presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa”.

Para o comentador, há três motivos para esta atitude política: “Em primeiro lugar, António Costa está a tentar recuperar a imagem que perdeu nos incêndios de 2017. Está também a ultrapassar aquela entrada dos primeiros meses do segundo governo. E está a acumular popularidade para os tempos futuros. Depois da pandemia, quando vier a crise económica, António Costa vai precisar dessa popularidade acumulada”.

“Em algumas coisas, o primeiro-ministro passa do 8 para o 80. Há umas semanas torcia o nariz ao estado de emergência e agora parece que passou para o extremo oposto.

Sobre as “críticas muito duras à Holanda”, o analista tem dúvidas que um político possa “dizer aquelas coisas enquanto primeiro-ministro”, receando que “tenha mais desvantagens do que vantagens, sobretudo em vésperas de exercer a presidência da União Europeia, que exige grande capacidade de diálogo com todos”.

Para Marques Mendes, o balanço dos números da covid-19 em Portugal é “muito positivo”, mas é também por isso que constitui “um problema sério”.

“Ou vencemos agora esta batalha ou corremos o risco de facilitar e deitar tudo a perder. Há uma certa fadiga de quatro semanas de quarentena. Toda a gente compreende que os dados são muito positivos, estaremos em situação de planalto, o pico já terá passado, o nosso SNS não colapsou e provavelmente não vai colapsar, por isso as pessoas sentem vontade de aliviar. O mês de abril é crucial. Não se pode abrandar nem facilitar”, sublinhou.

Por isso, o comentador concorda com a renovação doe stado de emergência até ao final deste mês, elogiando ainda o comportamento dos portugueses. “Ainda a quarentena não era obrigatória e já muitos estavam em isolamento. Temos de evitar uma recaída, é o ponto essencial, para que o mês de maio seja diferente”.

Marques Mendes falou ainda dos profissionais de saúde e autoridades. “Tudo tem sido feito com enorme profissionalismo. Uma palavra de saudação para as autoridades de saúde e os profissionais. Merecem um enorme respeito, é uma tarefa muito difícil, mas convém que as autoridades na área da saúde não compliquem. Faço dois reparos: o comportamento em relação à comunidade cientifica, é preciso desbloquear os dados. E as querelas na saúde entre autoridades e autarcas nada disso é bom nem positivo. Bom senso, espírito de diálogo e muita transparência para que não existam dúvidas e se gere confiança nos dados”.

Expressão “voltar à normalidade” deve ser erradicada

Marques Mendes pediu que a expressão “voltar à normalidade” seja “erradicada e proibida pelo menos durante um ano”. “Esta pandemia só se resolve com uma vacina e provavelmente não haverá uma antes da primavera/verão de 2021, por isso falar em normalidade antes disso é ficção. Não devemos criar falsas expectativas”, afirmou.

Em relação às medidas anunciadas para as escolas, Marques Mendes concorda com o ensino à distância. “As medidas anunciadas pelo Governo são sensatas e razoáveis. Telescola é a melhor solução possível, alternativa era deixar cada criança por sua conta e risco e isso não era bom”, afirmou.

“Uma palavra sobre o pré-escolar. O Governo não disse nada sobre isso e eu julgo que merecia alguma atenção. Pais e educadores também querem ter uma palavra de orientação. Quando abre? Como? Em que circunstâncias?”, rematou.

“Criticar a banca dá sempre popularidade”

Para Marques Mendes, as críticas que têm sido feitas à banca não são totalmente legítimas. Segundo o comentador, “a banca no passado pôs-se a jeito e as pessoas estão de pé atrás” e “ainda há muitas comissão exageradas”, mas “muita coisa mudou.

Criticar a banca dá sempre popularidade e é sempre uma tentação”, disse. “Criticar a banca, é mais ou menos como dizer mal dos políticos”.

Marques Mendes diz ser “compreensível” que os responsáveis políticos estejam vigilantes em relação aos bancos” e considera que seria “anormal” que a banca distribuísse dividendos nesta altura. Porém, para ele, uma coisa coisa é estar atenta e outra “diabolizar os seus lucros e dar a entender que é melhor no futuro terem prejuízos e não lucros”.

“Os dirigentes políticos devem ter cuidado com o que dizem para não darem más lições no presente e não se arrependerem no futuro”, considera.

Há duas semanas, Rui Rui disse que, se este ano e no próximo, a banca apresentar “lucros avultados”, seria uma “vergonha e uma ingratidão para com o povo português”.

Acordo do Eurogrupo: “aspirina para doença que precisa de antibiótico”

O comentador político disse ainda que o acordo do Eurogrupo é “uma aspirina para uma doença que precisa de um antibiótico”.

O ex-líder do PSD afirmou que o pacote de medidas aprovado na última reunião do Eurogrupo é “claramente insuficiente” e alertou para os riscos de implosão da União Europeia (UE) em caso de uma eventual saída da Itália da zona euro.

Aquilo que o Eurogrupo decidiu são trocos, em linguagem simples, afirmou.

Marques Mendes disse que “sempre é melhor haver acordo do que não haver” porque dá a ideia de que “a desunião de que havia até aqui está contida”, mas avisa que é preciso garantir que a solução que será encontrada para responder à pandemia é “comum, robusta e consistente”.

Esta quinta-feira, o Eurogrupo chegou a acordo sobre o pacote de ajuda económica para a crise do novo coronavírus, que garante “500 mil milhões de euros disponíveis imediatamente” e que prevê “um fundo de relançamento” no futuro.

ZAP //

 

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