Portugal enfrenta um aumento histórico de crianças com necessidades especiais – e os pais raramente têm garantias de que deixam os filhos num espaço seguro, onde lhes são dadas as respostas que precisam.
Portugal tem testemunhado um aumento histórico de casos de crianças com necessidades educativas especiais (NEE).
No ano passado, um relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) sobre o estado da “educação inclusiva” em 2022/2023 revelou que os alunos com “necessidades especiais” aumentaram 13% em dois anos.
Esse aumento é patente, por exemplo, na procura por ATL Inclusivos, especialmente na altura do verão. Nos últimos dois anos, o número de famílias que procurou ATL que dão resposta às NEE aumentou 40%; e, segundo a SalusLive, estima-se que cresça mais 70% até 2028.
Num comunicado enviado ao ZAP, a SalusLive, um centro clínico de referência nacional na intervenção pediátrica, revela que no seu caso específico, metade das crianças inscritas em projetos como o ATL têm necessidades específicas, o que demonstra a procura por soluções que combinem lazer, aprendizagem e acompanhamento especializado.
A SalusLive aponta dois casos muito específicos que revelam o verdadeiro impacto destes ATL Inclusivos, como duas crianças de 6 anos – uma delas com uma deficiência motora grave – que criaram uma amizade imediata, e outro de um menino que, ao longo do ATL, ganhou autonomia para se alimentar sozinho.
”São conquistas que mudam rotinas familiares e reforçam a importância de ambientes integradores”, afirma Raquel Cunha, diretora técnica da SalusLive.
“Sentimos uma enorme confiança na equipa. As atividades são variadas e pensadas para cada criança, mesmo tendo necessidades diferentes. Vão sempre felizes e voltam cheios de histórias para contar! É um espaço onde se sentem seguros, incluídos e felizes” salienta, no comunicado, Tânia Vargas, uma mãe, que tem um filho num ATL Inclusivo.
Para os pais é primordial poderem deixar os filhos num espaço seguro, onde lhes são dadas as respostas que precisam.
Mas Portugal não dá respostas adequadas
Acontece é que Portugal não está a dar respostas às famílias e com isso a estas crianças que precisam de apoios muito específicos. Este fenómeno reflete-se principalmente nas regiões mais isoladas do país.
Raquel Cunha sublinha que “a oferta de ATL inclusivos em Portugal continua limitada, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, o que nos preocupa sobremaneira, pois deveria haver mais investimento em projetos que integrem crianças com e sem necessidades especiais, e que garantam apoio técnico especializado e oportunidades de socialização em ambiente partilhado”.