João Ferreira quer lutar pelo “direito à cidade” (e admite acordos pós-eleitorais)

Miguel A. Lopes / Lusa

CDU apresenta João Ferreira como candidato à Câmara de Lisboa

O escolhido da CDU para Lisboa apresentou, esta segunda-feira, a sua candidatura, dizendo que pretende ser “uma alternativa” à governação do município por PS e PSD/CDS-PP.

“Ninguém esperará ver na CDU bengala para apoio a políticas, a opções ou a orçamentos que são globalmente lesivos do interesse da cidade”, garantiu João Ferreira, sem descartar a possibilidade de ajudar a formar uma maioria de esquerda na Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito das eleições autárquicas deste ano.

Na apresentação da candidatura, que decorreu no Museu de Lisboa, o vereador e eurodeputado do PCP propôs “uma governação democrática capaz de assegurar uma cidade viva, bela e justa”, assegurando que a CDU, coligação que junta PCP e PEV, é um espaço de convergência “de todos os que não desistem de lutar pelo direito à cidade”.

“Nestas eleições, o voto útil é aquele que contribuiu para encontrar respostas para os problemas que Lisboa enfrenta”, avançou o candidato, destacando a especulação imobiliária, a sobreposição do interesse privado ao interesse público e as desigualdades no acesso à habitação, ao emprego, à mobilidade, aos serviços públicos, à cultura, ao desporto e ao lazer.

Apresentando-se como “uma alternativa à alternância, ao longo destes 20 anos, que se tem verificado entre PSD/CDS e PS”, João Ferreira disse que a CDU tem “uma candidatura forte”, com um projeto “conhecedor da cidade”, de quem tem trabalhado há muitos anos, “mesmo em minoria”, no executivo do município de Lisboa.

“Ninguém contará connosco para a troco de eventuais responsabilidades num futuro executivo caucionar políticas que como está à vista não deram bom resultado. Isto não impede que não tenhamos sempre uma postura construtiva e que não estejamos preparados para exercer todas as responsabilidades, incluindo naturalmente a presidência da Câmara Municipal. As condições para essa governação democrática da cidade vão depender dos resultados das eleições”, afirmou o candidato comunista, em resposta aos jornalistas.

Considerando que nos últimos anos a CDU foi “uma oposição exigente, atenta, crítica, mas também construtiva”, com a apresentação de “inúmeras propostas” e com o apoio a iniciativas positivas, inclusive da atual maioria, João Ferreira reforçou que há problemas que carecem de resposta “e que a pandemia veio deixar mais expostos”.

“O efeito avassalador da especulação imobiliária na cidade ao longo destes últimos anos, aquilo que é uma política urbanística e de planeamento da cidade que deixa nas mãos do mercado todo o desenvolvimento da cidade, isso são aspetos essenciais da atual gestão que marcam negativamente a vida na cidade hoje”, apontou o candidato da CDU.

Segundo o Observador, o comunista não poupou críticas ao acordo alcançado entre PS e BE em 2017, tendo lembrado as “promessas que em quatro anos se esfumaçaram” sobre habitação acessível e a “passividade da atual maioria perante a degradação dos serviços de saúde”.

Questionado pelos jornalistas sobre a repetição da sua candidatura, Ferreira afirmou que não é “permanentemente candidato” e acrescentou: “Talvez queira dizer que nós nos orgulhamos do nosso trabalho“.

Esta é a sexta candidatura de João Ferreira pela CDU desde 2013, quando encabeçou, pela primeira vez, a lista para a Câmara de Lisboa, candidatura que repetiu em 2017 e de novo este ano. Em 2014 e 2019 foi ‘número 1’ da CDU às europeias e já este ano concorreu às eleições presidenciais de janeiro, com o apoio de comunistas e verdes.

João Ferreira vai deixar de ser eurodeputado em julho, cargo que ocupa desde 2009, para se dedicar às autárquicas, sendo substituído por João Pimenta Lopes.

Até agora, existem seis candidatos na corrida à Câmara de Lisboa. Além de João Ferreira, a deputada Beatriz Gomes Dias será a candidata do Bloco de Esquerda, o ex-comissário europeu Carlos Moedas conta com o apoio do PSD e do CDS, Bruno Horta Soares dá a cara pela Iniciativa Liberal, o ex-apresentador de televisão Nuno Graciano concorre pelo Chega  e Tiago Matos Gomes é o candidato do Volt.

ZAP // Lusa

 

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