O ex-comissário europeu apresentou, esta quinta-feira, a sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.
Falando no átrio do Pavilhão Central do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, para onde foi estudar quando deixou Beja, tendo por trás um fundo azul com o slogan “Novos Tempos”, Carlos Moedas começou a sua declaração dizendo encarar este desafio “com alegria, humildade e grande sentido de responsabilidade”.
O ex-comissário europeu, que tem já o apoio formal do PSD, afirmou que esta foi uma “decisão de vida” que tem “tanto de emocional como de racional”.
“Foi um processo, foi uma decisão de vida. Refletida e pensada, mas também, confesso, querida e desejada. E que por isso mesmo tem tanto de emocional como de racional”, afirmou.
O candidato falou mesmo num “chamamento para um momento em que não podia dizer que não”, recordando que se vivem tempos “difíceis”, de “incerteza” e de “instabilidade”.
“Este momento não era o momento de dizer não. Era o momento de dizer sim à minha cidade”, cita o semanário Expresso. “A cidade precisa desta mudança. E eu achei que poderia incorporar esta mudança.”
O candidato disse ainda que se candidata a presidente da Câmara para mudar a cidade “com os lisboetas”. “Estou aqui para Lisboa. Estou aqui para os lisboetas, para com elas e com eles mudar Lisboa”, declarou Moedas, propondo “novos tempos” para a cidade.
Lançando críticas ao atual autarca, o socialista Fernando Medina, o ex-comissário europeu defendeu que a governação na cidade não se pode limitar à aposta no turismo e nas feiras internacionais.
“Lisboa posicionou-se num circuito das feiras internacionais, do turismo e eu diria muito bem ao turismo, às feiras internacionais, mas não chega. O turismo e as feiras internacionais são condição necessária, mas não são condição suficiente“, disse Moedas, citado pelo jornal online ECO.
O candidato do PSD alertou para a necessidade de “não nos concentrarmos apenas em atrair, mas em construir. Em construir aquilo que é a inovação, construir o talento, ter o futuro à nossa frente na criação desse talento. Não apenas atrai-lo e é isso que Lisboa tem de fazer”, acrescentou.
Segundo o semanário, Moedas apontou como problemas da cidade a que se tem de dar resposta, entre outros, o trânsito, a sujidade, a saúde, a pobreza e os sem-abrigo.
Moedas quer congregar centro-direita
“Espero que a minha candidatura seja uma candidatura com o apoio de um leque alargado de partidos e sobretudo da sociedade civil“, disse, tendo agradecido ao PSD e ao seu líder, Rui Rio, pelo “apoio incondicional”, ao CDS “pelo apoio desde a primeira hora” e também ao Iniciativa Liberal, com quem já “encetou o diálogo”.
O candidato referiu ainda que o PPM, o MPT e o Aliança já lhe transmitiram apoio e salientou que pretende que outras forças se juntem.
“Quero que outros se juntem. Sobretudo independentes vindos da sociedade civil, desencantados ou desinteressados da política ou simplesmente cansados desta governação socialista”, disse.
Depois da apresentação da candidatura, ficou claro que o Chega foi colocado de parte desta coligação de direita. Aos olhos do líder do partido, André Ventura, esta “é a confirmação de que o Chega é o único partido anti-sistema e o partido que a falsa direita quer isolar“.
“É o que dá ser o único partido verdadeiramente contra a corrupção, o clientelismo e os interesses instalados do sistema”, disse ao jornal online Observador, acrescentando que vê esta exclusão como uma “medalha de honra”.
“Essa cerca que querem impor será mais facilmente derrubada do que um castelo de cartas, porque no final não serão acordos de secretaria a decidir, mas sim o voto popular”, disse ainda Ventura, atirando que, no final do dia, “virão, como sempre, implorar por acordos”.
Moedas falou com Marcelo, mas não com Passos
Segundo a edição desta sexta-feira do semanário Expresso, Carlos Moedas consultou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o antigo líder do CDS, Paulo Portas, sobre esta sua candidatura.
O jornal já tinha noticiado que o chefe de Estado não foi entusiasta no seu incentivo, tendo lembrado o ex-comissário que a candidatura significava perder a Gulbenkian e ainda entrar em eventual choque com Pedro Passos Coelho, cujo regresso ganharia força se as autárquicas correrem mal a Rio.
Segundo o Expresso, o Presidente percebeu ainda que o ex-comissário europeu tem a ambição de ser líder do PSD. O próprio Rio disse publicamente que o candidato pode ter um grande futuro pela frente.
Questionado sobre as suas ambições políticas no PSD, esta quinta-feira, Moedas assegurou que o seu “projeto de vida é ser presidente da Câmara de Lisboa”, considerando que existe “uma oportunidade” de construir uma alternativa na capital. “Este é o meu sonho, não tenho outro”, assegurou.
“Estou aqui para ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa, deixei a minha vida toda para me concentrar neste projeto, neste objetivo, e os que me conhecem sabem que, em todos os mandatos políticos em que me concentrei foi para levá-los até ao fim”, disse.
Questionado se, em caso de derrota, assumirá o cargo de vereador respondeu afirmativamente, embora não querendo colocar esse cenário. “Estou aqui para ganhar e a convicção que tenho é que vamos conseguir ganhar, porque vamos aglomerar muita gente. (…) Sim, assumirei se esse for o caso, que não será”, disse.
Porém, sabe o semanário, Moedas não informou o ex-líder do PSD, Passos Coelho, só o tendo contactado um dia depois de o seu nome ter sido anunciado como candidato à capital. A relação entre ambos terá esfriado nos últimos anos, acrescenta-se.
Sobre estas conversas, o candidato limitou-se a dizer, esta quinta-feira: “Não falo sobre conversas privadas, que tive ou que não tive”.
ZAP // Lusa