Qual é afinal o lugar mais seguro num carro? Depende…

Segundo os peritos em segurança rodoviária, há um lugar que é claramente mais seguro do que os restantes, e um mais perigoso. Mas há muitos fatores a ter em conta — principalmente, o tipo de veículo em causa. E nunca é demais lembrar: use sempre cinto de segurança, independentemente do lugar.

Há a ideia generalizada de que estar ao lado do condutor pode trazer maiores riscos numa situação de emergência, o que levanta a questão: qual é o lugar mais seguro quando viajamos de carro?

“O lugar mais seguro de um carro depende muito do tipo de veículo em que estamos”, explica Byron Bloch, especialista em segurança automóvel.

A natureza do acidente também conta. Foi um capotamento? Um embate lateral? Um embate frontal?”, nota Bloch.

“Antes de mais, não há um lugar universalmente mais seguro que se aplique a todos os ligeiros, monovolumes, SUVs ou carrinhas de caixa aberta”, explica Bloch ao Popular Science.

Dito isto, há fortes evidências estatísticas de que um dos lugares em particular leva vantagem sobre os restantes. “O banco traseiro do meio é em princípio o mais seguro, porque está mais afastado de uma eventual intrusão lateral”, diz Bloch.

De acordo com um estudo de 2008 que analisou todos os acidentes mortais nos Estados Unidos entre 2000 e 2003, a probabilidade de sobrevivência no banco traseiro do meio é, em média, 25% superior à dos restantes lugares do carro.

Os dados tornam-se ainda mais convincentes quando olhamos para passageiros mais jovens. É conhecimento comum que nunca se deve deixar uma criança sentar-se no banco da frente. A American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda que só a partir dos 13 anos as crianças possam viajar ao lado do condutor.

Neste lugar, o risco para as crianças é maior essencialmente porque os airbags estão calibrados para corpos adultos com cerca de 68 kg. Os ossos das crianças são mais frágeis e podem fraturar facilmente quando atingidos por um airbag que dispara a 320 km/h.

Mas não basta simplesmente colocar as crianças no banco de trás. Um outro estudo, baseado em reclamações de seguros automóveis entre dezembro de 1998 e dezembro de 2006, concluiu que crianças com três anos ou menos tinham um risco 43% inferior de sofrer ferimentos quando sentadas no banco traseiro do meio, em comparação com os lugares laterais.

Em suma, se viaja com um passageiro mais jovem, deve colocá-lo no lugar mais seguro do carro: o banco traseiro do meio.

Mas não é só isso que importa

A escolha do lugar pode ter impacto real, mas Bloch alerta que é ainda mais importante escolher o veículo mais seguro possível. Depois de estudar estas questões e lutar por carros mais seguros durante cerca de 50 anos, conhece bem as falhas existentes.

“Pode-se assumir, com alguma lógica, que cada fabricante produz veículos comparáveis em termos de segurança”, diz. “Mas há grandes diferenças, porque as normas de segurança rodoviária são apenas requisitos mínimos”.

Muitas vezes, o mínimo não é suficiente. Para começar, certifique-se de que os airbags laterais protegem todos os lugares. Ao contrário dos airbags frontais, o risco para as crianças é reduzido, desde que estas estejam em cadeirinhas ou com o cinto colocado.

“Alguns veículos só os têm para a fila do condutor”, refere Bloch. “Mas num SUV, por exemplo, podem existir mais duas filas atrás. É preciso confirmar que os airbags laterais protegem todos os passageiros, em todas as filas.”

Atenção às janelas e ao tejadilho

Outro aspeto importante é o vidro laminado. Ao contrário do vidro temperado, que estilhaça facilmente, o vidro laminado é composto por duas camadas grossas de vidro com uma resina resistente — polivinil butiral (PVB) — no meio, o que o torna muito mais resistente ao impacto.

O vidro laminado foi usado pela primeira vez em para-brisas em 1927 e continua a ser o padrão nessa posição. Contudo, por ser mais caro, muitos fabricantes optam por vidro temperado nas janelas laterais.

“Queremos todas as janelas laterais e o teto de abrir em vidro laminado”, recomenda Bloch. “Porque o vidro temperado parte-se imediatamente em milhares de pequenos fragmentos.”

Por fim, deve garantir que o tejadilho é suficientemente resistente para não colapsar em caso de capotamento. “Seja qual for o veículo que procura, pergunte ao concessionário: ‘Qual é a relação resistência/peso do tejadilho deste carro que me querem vender, no qual a minha família vai viajar?’”, afirma Bloch.

Há no mercado carros com uma relação resistência/peso de 2,5, mas o valor a procurar é 4,0 ou superior — que significa que o tejadilho consegue suportar quatro vezes o peso do carro antes de se deformar cinco centímetros.

Finalmente, nunca esquecer a importância do cinto de segurança. Se todos os passageiros estiverem devidamente presos com o cinto, as hipóteses de sobrevivência num capotamento aumentam drasticamente

ZAP //

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