Paulo Cunha / Lusa

Os dois grandes fogos estão controlados, mas a classificação de um incêndio como “em resolução” não significa que o risco esteja eliminado. Mais de 40 concelhos estão ainda em perigo máximo de incêndio.
Na manhã desta segunda-feira não se registava nenhum fogo em curso em Portugal, mas o perigo continua elevado em várias regiões.
De acordo com dados da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 10 horas da manhã estavam contabilizadas 30 ocorrências, todas em fase de resolução ou conclusão, com 1806 operacionais e 570 veículos e cinco meios aéreos ao serviço.
O local mais preocupante continua a ser o de Piódão, no concelho de Arganil, distrito de Coimbra, que lavrou durante 11 dias e que apresenta oficialmente a maior área ardida de sempre em Portugal.
Apesar de ter entrado em fase de resolução este domingo, o incêndio mobilizava ainda esta manhã 988 bombeiros e 328 meios terrestres, segundo o Público.
Também o fogo em Paradela de Guiães, Sabrosa (Douro), se encontra em resolução desde a madrugada, envolvendo 236 operacionais e 72 veículos.
Atenção a incêndios “em resolução”
A classificação de um incêndio como “em resolução” não significa que o risco esteja eliminado. A ANEPC lembra que, devido a focos de calor e condições atmosféricas desfavoráveis, há sempre possibilidade de reacendimentos — a origem de muitos incêndios.
A este cenário ainda alarmante junta-se a previsão meteorológica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que coloca esta segunda-feira mais de 40 concelhos dos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Santarém em perigo máximo de incêndio. Também no interior Norte, Centro e Algarve há concelhos em perigo muito elevado.
O IPMA usa uma escala de cinco níveis — de reduzido a máximo — calculada a partir de fatores como a temperatura, a humidade relativa, a velocidade do vento e a precipitação nas últimas 24 horas.
Para esta segunda-feira, prevê-se céu pouco nublado ou limpo, com mais nebulosidade no litoral Norte e Centro até meio da manhã. Estão ainda previstos períodos de vento fraco a moderado, podendo soprar forte na faixa costeira ocidental a sul do Cabo da Roca e nas serras do litoral Centro e Sul durante a tarde.
As temperaturas mínimas devem variar entre os 15 °C, em distritos como Viana do Castelo, Braga e Évora, e os 18 °C, em Aveiro, Portalegre, Lisboa e Faro. Já as máximas deverão oscilar entre os 24 °C, em Aveiro, e os 35 °C, em Évora e Bragança.
Diploma que permite ajudas publicado
O diploma do Governo que estabelece medidas de apoio e mitigação do impacto de incêndios rurais entra hoje em vigor, com efeitos a 1 de julho, de acordo com o texto publicado no domingo em Diário da República.
No decreto-lei 98-A/2025, de 24 de agosto, refere-se que “os incêndios rurais são uma realidade trágica que assola Portugal” e que, “sem prejuízo das prioridades da ação do Governo, que deve incidir, primariamente, sobre a prevenção, mitigação e repressão destes flagelos”, é “também necessário estabelecer medidas de apoio e mitigação do seu impacto, nas pessoas e empresas afetadas”.
“Estes apoios têm em vista, designadamente, a reconstrução de habitações, a retoma da atividade económica, o auxílio dos agricultores, a reparação de infraestruturas e de equipamentos, a recuperação dos ecossistemas e da biodiversidade, a reflorestação e recuperação de florestas e a contenção de impactos ambientais, entre outros”, acrescenta-se.