Joacine quer mais direitos para deputados sem partido. “Está a antecipar” o futuro

Manuel de Almeida / Lusa

A deputada Joacine Katar Moreira, do partido Livre, defendeu esta sexta-feira o alargamento dos direitos regimentais dos deputados não inscritos em partidos.

A deputada única do Livre assumiu esta posição no final de uma reunião do grupo de trabalho para racionalizar os votos objeto de deliberação em plenário parlamentar, o chamado “milagre da multiplicação” dos votos na Assembleia da República.

Na altura em que se discutia uma proposta do deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, sobre a possibilidade de um voto subir diretamente a plenário se fosse subscrito por mais do que um partido, Joacine Katar Moreira defendeu que a proposta deveria contemplar os deputados não inscritos, sem qualquer ligação a partidos.

Isso é uma antecipação de alguma coisa, senhora deputada?“, questionou José Manuel Pureza, vice-presidente da Assembleia da República. Segundo a RR, a questão do dirigente do Bloco de Esquerda “pôs toda a sala a rir”. “Antecipação nenhuma senhor deputado, é uma hipótese“, respondeu Joacine Katar Moreira.

A deputada única do Livre tem protagonizado inúmeras controvérsias desde a sua eleição e mantém divergências públicas com dirigentes do partido, que já ameaçou retirar-lhe a confiança política. Joacine já não faz parte da direção do Livre, eleita no domingo no IX Congresso do partido.

À saída do Congresso, Joacine Moreira afirmou que “não houve uma cisão” e que agora espera iniciar com os novos órgãos um processo de conversas de forma a “ser ouvida”, cita o mesmo semanário. Para a deputada, é necessário que se encontrem “regularmente” e haja “cedências de parte a parte”.

Esta terça-feira, em entrevista ao Diário de Notícias, o fundador do Livre, Rui Tavares, disse ter sentido “a vergonha alheia dos outros” durante o discurso de Joacine no congresso, no qual a deputada se exaltou. “Isto é inadmissível, isto é mentira, tenham vergonha, mentira absoluta!”, disse a deputada, batendo no púlpito.

O percurso de Joacine desde que se tornou deputada eleita tem sido marcado por polémicas. Na origem da discórdia entre a deputada e o seu partido, o Livre, esteve a abstenção da deputada numa votação de condenação de uma ação militar de Israel na Faixa de Gaza.

A deputada do Livre assumiu “toda a responsabilidade” do voto, afirmando que o fez contra o que acredita, e atirou as culpas ao partido por “dificuldade de comunicação” entre a própria e a atual direção do Livre.

Depois dessa polémica, nos corredores do Parlamento, Joacine não respondeu a perguntas. Seguiu acompanhada pelo assessor, Rafael Esteves Martins, e escoltada por um segurança, que tentou afastar os jornalistas.

Entretanto, a tensão agravou-se ainda mais quando a deputada falhou o prazo de entrega do projeto de lei sobre a nacionalidade, uma das principais bandeiras do partido.

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