Um novo balanço do incêndio que deflagrou no sábado em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, dá conta de 58 mortos, disse hoje o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
O Governo declarou na madrugada de hoje o estado de contingência para o incêndio que deflagrou na tarde de sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que vitimou mortalmente pelo menos 58 pessoas.
O número de feridos mantém-se nos 54.
“O estado de contingência ativa determinados meios e permite também outras possibilidades para tudo o que se vier a desenrolar a partir daqui e também para o que já aconteceu”, disse o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
Num ‘briefing’ com os jornalistas, em Pedrógão Grande, junto ao posto de comando, o governante disse, pouco depois das 04:00, que o incêndio está também a afetar os concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, todos no distrito de Leiria.
“Infelizmente, esta é seguramente a maior tragédia de vidas humanas de que temos conhecimento nos últimos anos em Portugal, em situação de incêndios florestais, disse o primeiro-ministro, António Costa, que esta noite se deslocou ao local. “Esta é seguramente a maior tragédia que temos vivido”, reforçou.
Também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, se deslocou esta noite ao local, onde deixou uma palavra de ânimo e conforto aos que continuam a combater o incêndio, e apresentou as suas condolências às famílias das vítimas.
“Queria antes de mais apresentar os meus sentimentos aos familiares das vítimas civis, acompanhando-os na sua dor e fazendo-o em nome de todos os portugueses”, afirmou em declarações aos jornalistas no local.
“Não era possível fazer mais, há situações que são situações imprevisíveis e quando ocorrem não há capacidade de prevenção que possa ocorrer, a capacidade de resposta tem sido indómita”, considerou, “o que se fez foi o máximo que se podia fazer“.
Este é já o mais trágico incêndio de sempre em Portugal. Até agora, o pior incêndio registado tinha acontecido há 50 anos, na serra de Sintra, no qual 25 militares do Regimento de Artilharia Fixa de Queluz morreram durante o combate ao fogo. O gigantesco incêndio demorou sete dias a ser extinto.
Segundo o balanço feito às 0:30h pelo secretário de Estado da Administração Interna, pelo menos 16 pessoas morreram carbonizadas dentro dos carros em que seguiam, na estrada nacional que liga Figueiró a Castanheira de Pêra.
Às 04:00, o incêndio estava a ser combatido por 593 operacionais, apoiados por 191 viaturas e cinco máquinas de rasto, segundo o responsável.
Segundo Jorge Gomes, o fogo continua esta manhã com quatro frentes ativas, duas delas muito intensas, na Graça e em Vila Praia.
PJ afasta origem criminosa de incêndio
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou hoje à Lusa que o incêndio que deflagrou no sábado no concelho de Pedrógão Grande teve origem numa trovoada seca, afastando qualquer indício de origem criminosa.
“A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivammente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio”, disse Almeida Rodrigues.
“Conseguimos determinar que a origem do incêndio foi provocada por trovoadas secas”, tendo sido a partir daí que o fogo se propagou, explicou o diretor nacional da PJ.
UE aciona Mecanismo de Proteção Civil
O comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, anunciou hoje que a União Europeia (UE) está pronta ajudar Portugal, tendo já sido enviados aviões de combate a incêndios pelo Mecanismo de Proteção Civil europeu.
“Numa resposta imediata a um pedido de assistência das autoridades portuguesas, o Mecanismo de Proteção Civil da UE foi ativado para providenciar aviões de combate a incêndios”, disse o comissário, num comunicado.
“A UE está pronta para ajudar”, salientou, lamentando as mortes e enviando as condolências “aos que perderam entes queridos”.
O responsável referiu que “a França ofereceu imediatamente três aviões através do Mecanismo de Proteção Civil da UE, que serão enviados para ajudar no local”. Também a Espanha, “numa base bilateral, enviou equipamento aéreo“.
O comissário elogiou ainda “a bravura dos bombeiros e dos serviços de emergência no terreno, arriscando as próprias vidas para salvar as de outros”.
ZAP // Lusa
Incêndio em Pedrógão Grande
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