Greta Thunberg convidada a vir a Portugal no fim de novembro

European Parliament / Flickr

A conferência da ONU sobre as alterações climáticas deveria realizar-se em Santiago do Chile no início do próximo mês, mas a reunião internacional foi transferida para Madrid, Espanha, por causa das manifestações populares.

Apesar de Greta Thunberg, que está neste momentos no Estados Unidos, ainda não ter anunciado como chegará à capital espanhola, os jovens portugueses envolvidos com a causa ambiental estão a tentar que, na viagem, Thunberg faça uma paragem em Lisboa.

“A vinda da fundadora das greves estudantis pelo clima iria, esperamos nós, trazer ao panorama político nacional uma nova atenção aos gravíssimos problemas ambientais que se têm desenrolado sob o palco da leveza e indiferença política praticada pelos nossos governantes”, pode ler-se num comunicado emitido este domingo.

“Convidámos a Greta para ela passar por Portugal no âmbito da COP 25 e o que gostaríamos mesmo é que estivesse em Lisboa no dia 29 de novembro, quando deverão acontecer ações em vários países e, daqui, iria para Madrid e nós a acompanharíamos. Já fizemos um convite formal à equipa dela”, explicou ao semanário Expresso Alice Gato, um dos rostos portugueses do movimento Greve Climática, que mobilizou milhares de estudantes portugueses este ano e integra o Fridays For Future (FFF).

O comunicado dos jovens portugueses refere ainda que “a poucas semanas da última COP da década, e numa conjuntura dramática para o futuro do planeta, não só foi autorizada a construção do novo aeroporto do Montijo, como continuam os planos para dragar o rio Sado, explorar lítio e gás natural, bem como uma série de outras questões ambientais problemáticas que apenas evidenciam a falta de esforço político no país no sentido de atingir a neutralidade carbónica, proteger ecossistemas e reduzir as emissões de CO2″.

“Indignados e revoltados com a apatia daqueles que detêm o poder institucional e que, mesmo após sucessivas greves estudantis com adesões massivas, apenas proferirem palavras vazias de conteúdo, a Greve Climática Estudantil e todo o movimento pela justiça climática em Portugal apela a que todos os estudantes, trabalhadores, ativistas e cidadãos apoiem esta iniciativa nas redes sociais através do hashtag #MAKEPORTUGALGRETA, pode ainda ler-se no texto.

A conferência realiza-se entre 2 e 13 de dezembro em Madrid e, no início do mês, já tinha pedido ajuda para ter transporte para a Europa.

Não é a primeira vez que Greta é convidada a visitar Portugal. Em maio, na sequência de uma deliberação da comissão parlamentar de Ambiente, a Assembleia da República (AR) dirigiu um convite à jovem sueca. Mas, segundo a secretaria-geral da AR, “não foi possível fixar-se uma data que satisfizesse ambas as partes”.

Na primeira semana de julho, a assessoria dos Thunberg informou o Parlamento da “impossibilidade de a deslocação a Portugal se concretizar este ano”, mas sublinhando o “interesse na vinda ao Parlamento português e pedindo que se mantivesse o convite para a realização da visita, previsivelmente em 2020“.

A sueca de 16 anos, na origem de um movimento mundial de estudantes, que se uniram numa greve climática para pressionar a ação dos Governos em defesa do clima, recusou-se a viajar de avião, devido à poluição que provoca, e procurou uma alternativa ambientalmente sustentável. Para ir à ONU, sujeitou-se a uma travessia oceânica pouco confortável a bordo de um veleiro ecológico, equipado com painéis solares e turbinas submersas que geram eletricidade sem dióxido de carbono.

Uma vez chegada, repreendeu vivamente os líderes do mundo, lembrando-lhes que em condições normais, devia estar na escola, não ali. Depois da ONU, a adolescente sueca seguiu para outros lugares por via terrestre – comboio e automóvel elétrico.

Durante o próximo ano, Greta Thunberg vai fazer uma pausa nos estudos para continuar a consciencialização sobre as mudanças climáticas e pressionar os líderes mundiais a intensificar os esforços para conter o aquecimento global.