O Canadá faz fronteira terrestre com um país Europeu. Foi a Guerra do Whisky que o decidiu

É uma rocha com 800 metros quadrados. Foi alvo de uma disputa humorística entre dois países durante décadas, que só acabou com a guerra na Ucrânia.

E se, como sugeriu recentemente o político alemão Joachim Streit, o Canadá viesse a aderir à União Europeia? Seria altamente descabido…certo?

Politicamente, talvez. Mas geograficamente, nem por isso. Na verdade, este vasto país faz fronteira (terrestre) com… a Dinamarca.

Não é humor. Só um bocadinho de boa disposição, proporcionada por algumas garrafas de Whisky. Mas vamos por partes.

A Ilha de Hans, localizada no canal Kennedy, no Oceano Atlântico, entre o Canadá e a Gronelândia, tem 800 metros quadrados e é um lugar desértico — uma rocha estéril, sem qualquer tipo de recursos naturais de relevo.

No entanto, desde 1973 (e até há 3 anos) o Canadá e a Dinamarca não se entendiam sobre quem tinha direito a este pedaço de terra.

A disputa era quase brincalhona, sem grandes ressentimentos de parte a parte. No entanto, a brincar a brincar, ambas as nações se achavam com direito à Ilha de Hans.

De acordo com o Arctic Portal, “a reivindicação canadiana baseava-se na compra, em 1880, de terras da Hudson’s Bay Company, que incluíam a ilha, enquanto a Dinamarca argumentava que a ilha Hans era essencial para a pesca das populações inuit gronelandesas locais”.

E a brincadeira estendeu-se ao plano alcoólico em 1984, recordou o The Guardian, quando o ministro dinamarquês dos assuntos da Gronelândia hasteou uma bandeira dinamarquesa na ilha, acompanhada de uma garrafa de aguardente com um bilhete: “Bem-vindo à ilha dinamarquesa”.

A disputa ficou então conhecida com  a “Guerra do Whiskey“, com ambos os países a deixaram, desde então, múltiplas garrafas de bebidas espirituosas na ilha, com mensagens patrióticas irónicas.

A pseudo-disputa só teve um fim quando, em 2022, um verdadeiro conflito rebentou na Ucrânia. Depois da invasão russa, o Canadá e a Dinamarca quiseram, simbolicamente, demonstrar que os conflitos podem ser resolvidos de forma diplomática e pacífica. Assinaram assim um pacto que dividia a ilha numa linha invisível.

Atualmente, metade de Hans pertence ao Canadá, e a outra metade à Dinamarca. É, então, possível caminhar, sem qualquer tipo de condicionante, do Canadá à Dinamarca. Não se esqueça de um casaco — e do passaporte.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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