Miguel A. Lopes / Lusa
A CEO demissionária da TAP, Christine Ourmières-Widener, assumiu no Parlamento que foi pressionada por um elemento do Governo para alterar um voo do Presidente da República. O objectivo seria agradar a Marcelo Rebelo de Sousa, o “maior aliado” do Governo.
Christine Ourmières-Widener foi ouvida durante cerca de sete horas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está a avaliar o processo de despedimento de Alexandra Reis da TAP, e o valor da indemnização subsequente.
Na audição, a gestora francesa deixou várias farpas ao Governo, considerando que é um “bode expiatório” no caso que levou ao seu despedimento. Também assumiu perante os deputados que recebeu um pedido de um elemento do Governo para alterar um voo do Presidente da República no âmbito da sua viagem de regresso de Maputo, em Moçambique, a Portugal.
O assunto foi abordado pela Iniciativa Liberal (IL) na CPI com a apresentação de um email enviado pelo ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, à gestora francesa, apelando à alteração do voo.
Nessa troca de mensagens, Ourmières-Widener mostrava “preocupação” com a possibilidade de o assunto se tornar “público”, tendo a certeza de que se tornaria mesmo, o que não seria “bom para ninguém”, como sublinhava numa das mensagens.
Hugo Mendes admitia que a alteração do voo seria “um incómodo” para a CEO da TAP, mas sublinhava que não podiam “perder o apoio político” do Presidente da República.
“Ele tem-nos apoiado relativamente à TAP, mas se o humor dele muda, está tudo perdido. Uma frase dele contra a TAP/Governo e empurra o resto do país contra nós”, salientava o ex-secretário de Estado de Pedro Nuno Santos, o anterior ministro das Infraestruturas que se demitiu no âmbito da polémica em torno de Alexandra Reis.
“Não estou a exagerar: ele é o nosso principal aliado político, mas pode tornar-se no nosso maior pesadelo“, acrescentava Hugo Mendes.
Para quem gosta de pornografia, a inquirição da CEO da TAP foi um regalo.
Quando alguém se interrogar porque razão tem sido nefasto para o país jotinhas sem eira nem beira chegarem ao poder, lembre-se desta comunicação de um Secretário de Estado para Christine Ourmieres. pic.twitter.com/EVU5XuiuCv— Tiago Silva (@hugotiago_) April 4, 2023
Na CPI, Ourmières-Widener referiu que confirmou “se era um pedido que vinha directamente da Presidência ou se era outra pessoa a pedir isso”. “E não fiquei surpreendida por saber que, obviamente, este pedido não vinha da Presidência. Mas talvez, no processo, alguém tenha achado que seria boa ideia”, apontou aos deputados.
A gestora francesa garantiu também que “esse voo não foi alterado” e que “o Presidente encontrou outra solução”.
Marcelo tornou-se mesmo no “pesadelo” que o Governo não queria?
Esta troca de mensagens entre Ourmières-Widener e Hugo Mendes mostra como o Governo foi contando, nos últimos anos, com o apoio de Marcelo Rebelo de Sousa para manter a sua imagem mais ou menos intacta, sobretudo no âmbito das sucessivas polémicas com a TAP.
Mas Marcelo já não parece o “maior aliado político” do Governo de António Costa. Neste ano, o Presidente da República deixou vários recados ao Governo, nomeadamente arrasando o pacote do Governo para a Habitação.
O Chefe de Estado também tem insistido na importância do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o país e já culpou o Governo pelos atrasos na sua execução.
A ser verdade, esta conversa da alteração do voo do PR só revela a mesquinhez do(s) governante(s).
A ser verdade, revela que eles são todos o mesmo, só lhes interessa o tacho mais nada…
É o lavar de roupa suja…. Zangam-se as Comadres, descobrem-se as verdades.
Trata-se de uma aliança, inédita em 41 anos de democracia. Uma aliança suspeita mas nunca, antes, confirmada, como agora aconteceu. Quando, na fábrica de Palmela, o PM procedeu ao anúncio, em 1ª mão, da recandidatura do PR, ficaram aí as suspeitas desse inédito e perigosos “namoro”. Mal vai, quando estes poderes resolvem abraçar-se em conluio, deixando um vazio perverso na exigência que a cada um incumbe.
Isto extravasa a fronteira de um totalitarismo verdadeiro. É mesmo digno de Coreia do Norte, Rússia, Venezuela e por aí fora.
Resta-me o prémio de consolação: Nem votei no Marcelo nem no Costa. E muitos que neles votaram, “cozem-se” como “cozido” eu estou. Governar não é para portugueses.
Confusão entre as instituições onde o Estado pode ter intervenção e o PS, o dono disto tudo. E o sr. Presidente da República pouco ou nada diz, quando está sempre falar sobre tudo e nada. Uma vergonha!
e eu pergunto será que mudar um voo de um presidente da republica de qualquer país é visto como uma conspiração politica ,nem falam que voo seria e se ajudaria o Presidente a ter mais tempo livre ,a politica do deita abaixo em Portugal deve estar no nivel mais alto desde que nasci