Apagão: Governo contribuiu para desinformação ao falar de ciberataque, conclui relatório

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João Relvas / Lusa

O ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, foi o primeiro a falar em ciberataque.

Contradição entre Leitão Amaro e Castro Almeida criou “vácuo informativo explorado por conteúdos virais”, diz relatório do MediaLab com a CNE. No Facebook, a notícia que coloca a hipótese do ciberataque obteve três vezes mais interações do que a que de que o Governo estava a acompanhar o caso.

Investigadores do MediaLab do ISCTE consideram que a “ausência de comunicação institucional eficaz” por parte do Governo contribuiu para a especulação e para a difusão de desinformação relativamente às causas do apagão.

Num relatório desenvolvido pelo Medialab e pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), consta que a informação divulgada pelo Governo criou um “vácuo informativo explorado por conteúdos virais” cujo impacto foi “ampliado por erros mediáticos”.

O documento aponta também a contradição entre declarações de membros do Governo, designadamente, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, que refletiram “respostas iniciais distintas no âmbito da comunicação do Governo e num muito curto espaço de tempo”.

O ministro da Presidência foi o primeiro membro do Governo a pronunciar-se ao ter anunciado a criação de um grupo de trabalho para a resolver a situação, para além de ter garantido que a origem do problema se encontrava fora de Portugal.

Pouco tempo depois, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial disse na RTP3 que existia a possibilidade de um ciberataque estar na origem do apagão e mencionou também que o fenómeno estaria a afetar outros países — mais tarde, o ministro confessou não se arrepender do que disse, apesar de até ao momento não haver qualquer prova concreta de que um ciberataque tenha estado na origem da falha energética histórica.

Os investigadores consideraram que a declaração de Leitão Amaro refletiu “uma postura de contenção e prudência comunicacional”, numa tentativa de evitar “especulações quanto à origem do incidente”. Por outro lado, a declaração de Castro Almeida introduziu “uma hipótese não confirmada de um ciberataque com alcance europeu”, o que contribuiu para “a amplificação das incertezas e do alimentar de interpretações especulativas no espaço público e mediático”.

No dia 28 de abril foram publicadas 25 notícias em órgãos de comunicação social sobre as declarações do ministro da Coesão e 18 artigos com as declarações do ministro da Presidência.

Segundo o relatório, ao nível do Facebook a notícia que coloca a hipótese do ciberataque obteve três vezes mais interações do que a notícia que de que o Governo estava a acompanhar o caso e que sobre a origem apenas dizia que a mesma estaria fora de Portugal.

O mini relatório MediaLab/CNE “Desinformação sobre o apagão nas redes sociais e impacto na campanha” analisa o período entre 28 de abril e 4 de maio e foi elaborado pelos investigadores Gustavo Cardoso, José Moreno, Inês Narciso e Paulo Couraceiro.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Por este exemplo se pode ver a fiabilidade deste nosso ex, e talvez próximo governo!!! Como é que um 1º ministro, acusado de tanta falta de ética, pode ser reeleito, meu Deus??? Só numa república das bananas!!!! Que ótimo exemplo para os filhos dele e para os nossos!!!!!

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