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Depois da “cambalhota” do Governo, uma geringonça II “é ficção científica”

António Cotrim / Lusa

Luis Marques Mendes

O desaguisado entre o Governo do PS e o Bloco de Esquerda na questão das Parcerias Público-Privadas (PPP) na Saúde é sinal do comportamento “errático” dos socialistas e mais um indicador de que uma possível geringonça versão II “é ficção científica”, segundo a análise de Luís Marques Mendes.

Numa semana marcada por uma reviravolta na posição do PS, no âmbito das negociações da nova Lei de Bases da Saúde, especificamente no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPP), ficaram vincadas as divergências entre socialistas e bloquistas.

“Para o país foi uma boa cambalhota“, como destacou Marques Mendes na sua habitual análise de domingo, no Jornal da Noite da SIC.

O Governo começou por ser contra o fim das PPP na Saúde, mas cedeu a uma pretensão do Bloco de Esquerda (BE) e acordou acabar com estas parcerias. Todavia, após pressão do Presidente da República e de divisões internas no PS, voltou à posição inicial favorável à manutenção das PPP.

Marques Mendes fala de um “comportamento errático” do Governo, “ora, à esquerda, ora ao centro”, notando que esta “imagem de catavento é muito negativa” porque “descredibiliza o PS”, dando a ideia de um partido “nervoso e desorientado”.

Esta polémica das PPP na Saúde também ilustra que houve “muito tacticismo político” do Governo. “António Costa percebeu que se fizesse este acordo com o BE tinha mais a perder do que a ganhar”, pois “dava uma vitória ao Bloco“, “comprava uma guerra” com Marcelo Rebelo de Sousa, “perdia votos ao centro” e “acumulava divisões internas”, como constatou o comentador na SIC.

Por outro lado, a divergência com os bloquistas ilustra que estamos perante dois partidos “incompatíveis em tudo o que é estratégico e estruturante“. “Quem espera um futuro Governo BE e PS, tire o cavalinho da chuva porque não vai acontecer”, atirou Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário.

“Qualquer Governo de coligação com o BE é ficção científica“, acrescentou, notando ainda que “a presidência portuguesa da União Europeia (UE), em Janeiro de 2021, impede também um Governo PS/BE”.

Quando Portugal presidir à UE, será necessário aprovar “um Programa Comum da Presidência”. Ora, se Bloco e PS “estão de costas voltadas em matéria europeia, como é que à mesa do Conselho de Ministros conseguem aprovar um Programa Comum Europeu”, pergunta Marques Mendes.

A “semana horribilis” da ministra da Saúde

O ex-líder do PSD deixou ainda críticas à ministra da Saúde, Marta Temido, considerando que teve “uma semana horribilis.

Em primeiro lugar, “porque foi completamente desautorizada na questão da Lei de Bases da Saúde”, já que foi sempre ela a defender “um acordo à esquerda”, apontou Marques Mendes.

E depois porque Marta Temido “se deixou envolver numa polémica desgastante sobre eliminação administrativa de listas de espera” e ainda “teve uma atitude inqualificável“, ordenando uma investigação à Ordem dos Enfermeiros (OE).

“Este é manifestamente um acto de perseguição política“, considerou o comentador, notando que “não há nenhuma suspeita ou acusação concreta relativamente a irregularidades ou ilegalidades” na OE. “A isto chama-se prepotência e abuso de poder“, apontou, evidenciando que a ministra quer vingar-se da Bastonária da Ordem pelo apoio que deu à greve dos enfermeiros.

SV, ZAP //

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