/

Falta material de desinfeção e segurança no regresso (desfalcado) às creches

José Sena Goulão / Lusa

Aspeto de uma sala de aula da Creche Paço de S. Francisco, em Sacavém.

Uma associação denunciou falta material de desinfeção e segurança num regresso às creches que contou com 70% dos estabelecimentos a retomarem a atividade. As aulas presenciais no secundário também foram retomadas.

A reabertura das creches decorreu esta segunda-feira “de forma tranquila e generalizada por todo o país”, com cerca de 70% dos estabelecimentos a retomarem a atividade, ainda que abaixo da sua capacidade, adiantou a ministra Ana Mendes Godinho.

Em declarações à Lusa, a propósito do regresso à atividade das creches, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, disse que há também muitas que têm uma abertura programada “ao longo dos próximos dias”.

“O que se sentiu em todo o país foi esta reabertura de forma tranquila, com um ambiente de cautela por parte de todos, implementando as medidas de prevenção, mas também de confiança por parte da comunidade. O que sentimos hoje foi que ainda tivemos um número de crianças inferior à capacidade das creches, com muitos dos país ainda a avaliarem este reinício, com a previsão de até 1 de junho irem retomando e recolocando os filhos nas creches”, disse.

Em declarações à Rádio Renascença, Susana Batista, da associação que representa o setor das creches e dos pequenos estabelecimentos de ensino, diz que há falta de material de desinfeção e de segurança nas creches.

“Ainda existem algumas creches com falta de material de segurança e de higienização. Neste momento ainda não há álcool – e álcool é uma coisa muito importante – assim como também algumas creches tiveram muita dificuldade em conseguir encontrar termómetros infravermelho ou dispensadores automáticos de gel”, explicou.

Foram já feitos 26 mil testes a trabalhadores das creches, dos quais 0,3% com resultado positivo para Covid-19, “o que mostra que é uma situação muito residual”, declarou a ministra.

Manuel Lemos, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), disse esta segunda-feira à Lusa que a falta de resultados de testes de alguns funcionários em algumas creches, sobretudo Aveiro e Braga, foram dos poucos problemas registados numa reabertura que “correu bem, na generalidade”, em todo o país.

Questionada, Ana Mendes Godinho disse que a falta de resultados desses trabalhadores foi ultrapassada ainda durante esta segunda-feira e que na terça-feira os funcionários vão estar “no ativo”.

Recordando o programa de formação acordado com as creches do setor social e com as instituições privadas, Ana Mendes Godinho disse que não recebeu qualquer “sinalização de problemas” por parte das instituições na aplicação das orientações da Direção-Geral da Saúde.

Manuel Lemos também sublinhou o acolhimento de crianças abaixo da capacidade das creches, mas disse acreditar que até ao final da semana as creches “terão muito mais gente” à medida que os pais forem ganhando confiança.

Ana Mendes Godinho disse que a possibilidade de manter o apoio à família até final de maio permite aos pais programar um regresso das crianças às creches de forma faseada.

Falta de professores no regresso às aulas

Cerca de 80% dos alunos do ensino secundário regressaram nesta segunda-feira às escolas, segundo a Associação Nacional de Dirigentes Escolares, que também registou que faltam alguns professores neste recomeço das aulas presenciais em época de pandemia.

Depois de dois meses de ensino à distância devido à pandemia de covid-19, “entre 75 a 80% dos alunos vieram hoje [esta segunda-feira] às aulas”, disse à Lusa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), referindo-se aos estudantes do 11.º e 12.º anos de escolaridade.

Estes números são “um bom sinal” para Manuel Pereira: “Já estávamos a contar que no primeiro e segundo dia as coisas fossem mais complicadas, mas acreditamos que à medida que as famílias se vão percebendo que está tudo a correr bem, o número de alunos deverá aumentar”.

Segundo Manuel Pereira, em casa ficaram os alunos cujas famílias temem ficar infetadas pelo novo coronavírus mas também alguns estudantes “que têm todas as condições para continuar a estudar em casa, sem ter de regressar à escola”.

Em algumas escolas também faltaram professores. Os profissionais com doenças crónicas, como problemas respiratórios, “tiveram receio de regressar” e por isso avisaram que não iriam estar presentes neste final de 3.º período.

Vagas a concurso

“As escolas já sabiam quem eram os docentes com quem poderiam contar e quais os que não iriam estar presentes. Desde a semana passada que têm as vagas a concurso, mas claro que existem situações difíceis de resolver”, explicou Manuel Pereira.

O Ministério da Educação permitiu às escolas aumentar os horários dos professores com horários reduzidos ou contratar novos docentes, tendo em conta que a pandemia levou também à definição de novas regras, como o distanciamento social que em alguns casos implicou o desdobramento de turmas.

No entanto, o presidente da ANDE lembrou que existem certas disciplinas e zonas do país onde, mesmo numa situação normal de arranque de ano letivo, já é difícil conseguir encontrar professores disponíveis para aceitar as vagas.

“Neste momento, em algumas escolas, está a ser ainda mais difícil arranjar professores, porque estamos a falar de um período muito curto. Mas as escolas estão a fazer tudo o que podem e a tentar ser o mais imaginativas que conseguem, começando sempre pelos recursos internos”, explicou.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.