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Dinheiro de Sócrates terá saído da CGD quando Armando Vara era administrador

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Miguel A. Lopes / Lusa

Ex-primeiro ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

Ex-primeiro ministro e ex-líder do PS, José Sócrates

O Ministério Público traçou uma tese que envolve José Sócrates, Armando Vara, o Grupo Lena e os accionistas do empreendimento turístico de Vale do Lobo, no Algarve, numa teia de cumplicidade que os incrimina no âmbito da Operação Marquês.

Esta teoria do Ministério Público (MP), que culminou na sexta-feira com a detenção de Armando Vara, ex-ministro socialista já condenado no âmbito do processo “Face Oculta“, assenta na ideia de que parte do dinheiro das contas de Carlos Santos Silva, que pertencerá de facto a José Sócrates, terá saído directamente das contas da Caixa-Geral de Depósitos (CGD).

É o que adianta o jornal Expresso, notando que Armando Vara, que está em prisão domiciliária com pulseira electrónica, foi constituído arguido por suspeitas no âmbito das suas funções enquanto administrador da CGD entre 2005 e 2008.

A atestar esta ideia estão as buscas feitas à casa de Armando Vara e à sede da CGD, “com as autoridades a vasculharem os departamentos comercial, de risco e imobiliário do banco, além dos gabinetes da administração”, conforme frisa o Expresso.

O processo de financiamento da CGD a Vale do Lobo, um negócio que causou grandes prejuízos ao Banco estatal, será o principal foco da investigação.

Sócrates desmente ligações a Vale de Lobo

Em reacção ao envolvimento de Armando Vara no caso e às referências a Vale do Lobo, os advogados de José Sócrates vieram entretanto a terreiro negar qualquer envolvimento ou benefício do ex-primeiro-ministro com o empreendimento turístico algarvio.

A defesa de José Sócrates criticou o MP por considerar que este inventou um facto contra o ex-primeiro-ministro, sem explicar onde está o favorecimento.

João Araújo, um dos dois advogados de defesa do ex-primeiro-ministro, afirmou que, “ao fim destes sete meses, inventaram finalmente um facto e é logo esta coisa rota que é o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL)“.

“Se alguém conseguisse explicar – porque dizer o que é o PROTAL é pouco -, como é que é o PROTAL, porque é que é o PROTAL e em que artigo do decreto é que está o favorecimento. Mas eles não dizem. E sabe porque é que não dizem? Porque não têm”, acusou.

João Araújo falava aos jornalistas, acompanhado pelo outro advogado de defesa do ex-primeiro ministro, Pedro Delille, à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, depois de se reunirem com José Sócrates, que está em prisão preventiva há cerca de sete meses.

O advogado insistiu que “é falso” que exista uma ligação entre José Sócrates e o empreendimento turístico Vale do Lobo e o PROTAL, referindo que a ideia “nem sequer é uma falsidade, é mais uma parvoíce que uma falsidade”.

Questionado sobre a alegada transferência de 12 milhões de euros para a conta de Santos Silva, João Araújo respondeu que o ex-primeiro-ministro “não está interessado nas transferências que alguém faça para as contas de amigos dele”.

Sobre a detenção de Armando Vara, na quinta-feira, no âmbito do mesmo processo, o causídico disse que ex-ministro socialista “tem o seu advogado” e é com ele que os jornalistas “se devem entender”.

A Operação Marquês já conta com nove arguidos, sendo que o ex-primeiro ministro José Sócrates é o único que se encontra preso preventivamente, indiciado por fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.

O empresário Carlos Santos Silva, o administrador do grupo Lena Joaquim Barroca, o ex-motorista de Sócrates João Perna, o administrador da farmacêutica Octapharma Paulo Lalanda de Castro, a mulher de Carlos Santos Silva, Inês do Rosário, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o presidente da empresa que gere o empreendimento de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira, são os outros arguidos no processo.

ZAP / Lusa

5 Comments

  1. “…O Ministério Público traçou uma tese..” Veremos se conseguem defender a tese. Vão empatando, como convém, até ao fim das eleições!

  2. Desta vez é do ‘Expresso’ a jorrar a potes… Sobre o “manto da persiguição política”… Imaginem que a acusação teria sido formalizada em meados de Março-3meses depois? Eram menos 5 ou 6 arrolados e muito pano para mangas a menos! Assim, até Nov. do corrente, a acusação terá tempo para tão especial complexidade para a proferir.
    Há coisas que estando mesmo alí, alguns não as vêm qto mais alcançá-las! Desculpem qq coisinha!

    • Oh ‘i’ emproado de chapelito! Sem persignar… Ainda que de adornos ‘i’ é a 9ª alfabética e para que siga em conformidade ortográfica a um ‘i’ estão vedados outros degraus e o 5º ocupado é por um tímido e atarracado ‘L’… Sem persEguições! Nem puristas à volta ! sff

  3. O processo primo do de A.Vara qto aos indícios e legalidade da prisão preventiva do J.Sócrates já teve a participação de 33 juízes (Supremo Tribunal de Justiça, Tribunal da relação, e investigação TCIC). Apenas um votou contra – desembargador José Reis… 33 Juízes é obra – Estado de direito democrático como é óbvio não combina com “perseguição política”… 33 JUÍZES ? Oh Sr. Dr. Advogado…

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