Um dos advogados do mexicano Joaquin “El Chapo” Guzmán, suspeito de ter dirigido um dos cartéis de droga mais poderosos do mundo, afirmou esta terça-feira que o Presidente mexicano e o seu antecessor receberam subornos do cartel de Sinaloa.
O advogado Jeffrey Lichtman, na sua intervenção introdutória na abertura do julgamento de “El Chapo”, que decorre na cidade norte-americana de Nova Iorque, afirmou que centenas de milhões de dólares foram transferidos, em nome da organização, por Ismael “El Mayo” Zambada, coacusado no julgamento, mas que está em fuga.
“A verdade é que ele não controlava nada”, alegou sobre o seu cliente. Segundo Lichtman, El Chapo é um “bode expiatório” do governo mexicano. “Por que é que o governo mexicano precisa de um bode expiatório? Porque eles estão a ganhar muito dinheiro com os subornos dos barões dos cartéis”, acrescentou.
O atual Presidente do México é Enrique Peña Nieto, que será substituído no cargo pelo já eleito Andrés Lopez Obrador, no dia 1 dezembro. Peña Nieto sucedeu a Felipe Calderón na presidência do México 2012.
Através do Twitter, o porta-voz do governo mexicano, Eduardo Sánchez, reagiu às acusações, negando qualquer envolvimento. “As acusações são completamente falsas e difamatórias, escreveu”.
Em igual sentido, também Calderón negou as acusações na mesma rede social.” Nem ele [“El Chapo”], nem o cartel de Sinaloa nem nenhum outro me fez pagamentos”.
“El Chapo”, o traficante mais poderoso do mundo
Joaquin Guzmán, de 61 anos, é acusado de dirigir entre 1989 e 2014 o cartel de Sinaloa, que enviou para os Estados Unidos mais de 154 toneladas de cocaína e grandes quantidades de heroína, metanfetaminas e marijuana.
De acordo com as autoridades norte-americanas, “El Chapo” tornou-se o traficante mais poderoso do mundo após a morte do colombiano Pablo Escobar, em 1993. Se for condenado, Guzman arrisca a prisão perpétua. “El Chapo” é também suspeito de protagonizar uma campanha de assassínios e sequestros e de branqueamento de milhares de milhões de dólares.
Preso pela primeira vez na Guatemala, em 1993, e após ser condenado a 21 anos de prisão, Guzmán escapou em 2001 de uma prisão de alta segurança de Puente Grande (estado de Jalisco).
Após 13 anos em fuga, foi capturado em 2014, mas escapou um ano mais tarde de uma prisão de máxima segurança de Altiplano, perto da Cidade do México, através de um túnel com 1,5 quilómetros.
Em janeiro de 2016, e após várias tentativas, o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, anunciou finalmente a captura de “El Chapo”. Um ano mais tarde, o suspeito foi extraditado para os Estados Unidos.
ZAP // Lusa