A crise económica criada pelo novo coronavírus, Covid-19, pode destruir mais empregos do que a crise económica e financeira de 2008-2009.
Este é o cenário mais pessimista de uma análise feita pela Organização internacional do Trabalho (OIT) que estima um aumento do desemprego que atinja entre os 5,3 milhões (cenário mais positivo) e 24,7 milhões de pessoas (cenário mais negativo).
A crise financeira de 2008-2009, recorde-se, tirou o emprego a cerca de 22 milhões de pessoas.
A OIT admite, contudo, que as estimativas que fez têm uma margem grande e são muito incertas. De acordo com a TSF, apenas uma coisa é certa: “Todos os cenários indicam um substancial aumento do desemprego no Mundo”.
No grupo de países mais desenvolvidos, onde Portugal se inclui, serão mais 2,9 a 14,6 milhões de desempregados. Por outro lado, o subemprego ou emprego precário também se espera que aumente “em larga escala” devido à redução de horas de trabalho e salários.
Nos países desenvolvidos, isso não se notará muito. Porém, nos países mais pobres com muito trabalho autoemprego de rua este está fortemente em risco com as limitações aos movimentos das pessoas para evitar a propagação do vírus.
Mais desempregos e menos salários significarão perdas de muitos milhares de milhões de perda de rendimento para os trabalhadores que, por sua vez, vão consumir menos.
O impacto sobre os trabalhadores que já estão próximos do limiar da pobreza podem ser “devastadores”, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Teme-se ainda uma disrupção das cadeias de produção interligadas entre fábricas de vários países do mundo.
Em Portugal, de acordo com os números avançados pelo Correio da Manhã na terça-feira, a taxa de desemprego pode atingir os 15% – valor alcançado em Portugal após a crise das dívidas soberanas em 2012 e 2013.
Atualmente, a taxa de desemprego em Portugal está fixada em 6,9%, segundo dados de janeiro de 2020.
Assim, a crise económica desencadeada pela Covid-19 pode deixar cerca de 340 mil pessoas sem emprego até ao fim do ano