Caso não existam fortes apoios do Governo português e da União Europeia, a crise económica desencadeada pelo novo coronavírus (Covid-19) pode deixar cerca de 340 mil pessoas sem emprego até ao fim do ano.
Os números são avançados esta terça-feira pelo Correio da Manhã, que dá conta que este cenário pode fazer com que a taxa de desemprego em Portugal atinja os 15% – valor alcançado em Portugal após a crise das dívidas soberanas em 2012 e 2013.
Dados da Pordata, citados pelo matutino, dão conta que aa taxa de desemprego no ano da intervenção da troika (2011) era de 12,7% (688 mil), um ano depois esse indicador tinha subido para 15,5% (835 mil pessoas sem trabalho) e em 2013 para 16,2% (855 mil).
Atualmente, a taxa de desemprego em Portugal está fixada em 6,9%, segundo dados de janeiro de 2020. A média europeia está fixada em 7,4%. Contas feitas, o surto da Covid-19 pode fazer duplicar a taxa de desemprego no país.
Economistas ouvidos pelo Correio da Manhã consideram por isso que é extremamente importante que exista uma forte ajuda europeia e governamental às empresas e aos trabalhadores, visando proteger a economia e os postos de trabalho.
“As entidades patronais estão já a despedir os trabalhadores com contratos precários. É preciso não esquecer que temos mais de 500 mil pessoas com contratos nessas condições”, disse ao CM o economista Eugénio Rosa, que publicou recentemente um estudo sobre o impacto económico do coronavírus no país sob o título “A situação da Economia Portuguesa e a sua capacidade para suportar as consequências da crise causada pelo Covid-19”.
“A crise que pode gerar-se, se não existirem apoios substanciais, pode ser mais grave do que a registada em 2008“, afirmou o economista.
Eugénio Rosa recorda ainda que o turismo, um dos motores da economia portuguesa, será um dos setores mais afetados com esta pandemia. “Em 2019, 31,8% das exportações portuguesas foram serviços e a grande maioria era constituída por receitas do turismo (18 431 milhões)”, começa por recordar o economista no seu estudo.
“O turismo, e todas as empresas e trabalhadores ligados a ele (companhias áreas, hotéis, restauração ou alojamento), é um dos setores mais afetados pela crise do coronavírus”.
Também Carlos Pereira da Silva, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão, não tem dúvidas de que a taxa de desemprego sofrerá bastante com este surto se não forem tomadas medidas. “Não há dúvidas de que o desemprego vai superar os 15%“.
“Vai existir uma rutura enorme na produção. O Produto Interno Bruto vai decrescer nos próximos dois ou três trimestres. Se não existirem estímulos económicos e financeiros muito fortes, vamos passar de um estado de recessão para um estado de depressão, o que é gravíssimo”, rematou o especialista ouvido pelo CM.
Coronavírus / Covid-19
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E se for só 340 mil não será mau. Se isto se prolongar os despedimentos serão em massa. O Estado tem de pensar se quer contribuir em parte (através de lay off financiado em parte pelo Estado) ou se quer assumir a totalidade pelo subsídio de desemprego.
Agora é que se vai saber os verdadeiros números do desemprego em Portugal, quem têm vindo a ser deturpados desde 2011.
Portugal, o país onde o trabalho é negado ao cidadão em que até para empregado de balcão se entra por cunha.
Agora é que se vai ver o que vale o ilusionista Centeno. Até aqui eram só flores com os rios de dinheiro que corriam para os cofres do Estado. Agora vai-se ver o que realmente vale este gajo.