Esta quinta-feira, na abertura do debate de dois dias do programa do Governo, o primeiro-ministro assegurou que se vai manter no Executivo até ao fim do mandato.
Foi Rui Rio quem abriu a fase de perguntas a António Costa e fê-lo começando com dois temas que distinguiram o PS do PSD durante a campanha eleitoral para as legislativas de janeiro: a TAP e a política de rendimentos.
Em relação à companhia aérea, o ainda presidente social-democrata acusou-a de ser “uma empresa regional, que não presta o serviço público que é devido”, e apontou o dedo à “orgia financeira” com as transferências de verbas que custam “320 euros a cada português”.
Já quanto aos rendimentos, insistiu na inflação – que “já passou os 5% em Portugal” – e questionou o primeiro-ministro sobre se vai manter a meta do aumento do salário mínimo para 900 euros ou se vai dar “mais qualquer coisa”.
“Se vossa excelência não ajustar tiramos uma conclusão óbvia, enganou os portugueses, independentemente de alguns gostarem de ser enganados”, atirou Rio.
Recorde-se que, durante a campanha eleitoral, o PSD defendeu uma subida do salário mínimo “de acordo com a inflação, a produtividade e depois mais um pouco”, ao contrário do PS, que prometeu 900 euros em 2026.
Na sua intervenção, Rio aproveitou também para inquirir Costa sobre a descida do ISP, defendendo que devia reduzir o imposto sobre os produtos petrolíferos não reportando a outubro, mas sim “à data em que o crude começou a subir”.
Na resposta, António Costa contra-atacou com alguma ironia, dizendo que ouviu “o fervor” com que o líder do maior partido da oposição “voltou à campanha“.
“Fiquei com a sensação de que quer uma segunda volta das legislativas”, disse, em tom de provocação. “Ó Dr. Rui Rio, a ver pelo bom exemplo no circulo da Europa, vamos a isso!”
“Começo, aliás, a perceber porque é que vai adiando as eleições internas do seu partido… é a ver se ainda vai a tempo de uma segunda volta comigo”, continuou.
Nesta altura do discurso, António Costa assegurou que continuará no Governo “mais quatro anos e seis meses” à espera de Rui Rio. “Portanto, tem tempo de ir e voltar e eu ainda cá estarei.”
As declarações do primeiro-ministro surgem depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter avisado António Costa de que será difícil substituí-lo a meio da legislatura, acenando com eleições antecipadas.
“Agora que ganhou, e ganhou por quatro anos e meio, tenho a certeza de que vossa excelência sabe que não será politicamente fácil que esse rosto, essa cara que venceu de forma incontestável e notável as eleições, possa ser substituída por outra a meio do caminho”, disse o chefe de Estado, durante a tomada de posse do Governo.
“Já não era fácil no dia 30 de janeiro, tornou-se ainda mais difícil depois do dia 24 de fevereiro”, acrescentou o Presidente, numa referência à invasão russa da Ucrânia.
Esta quinta-feira, na Assembleia da República, António Costa anunciou que o Governo vai aprovar já amanhã, logo que estiver em plenitude de funções, um conjunto de medidas para a contenção dos preços dos bens energéticos e agroalimentares.
Quem diz o que quer…