O candidato à liderança do PS António Costa criticou esta quarta-feira a “política do pisca-pisca” e rejeitou que o partido seja envolvido numa discussão sobre eventuais coligações governamentais, pois, “não pisca nem à direita, nem à esquerda”.
“O maior sinal da fraqueza do PS, não sei se têm reparado, é que, nas últimas semanas, voltámos àquela discussão que eu já há muitos anos não ouvia, coligam-se à esquerda ou coligam-se à direita”, disse.
Por “há tantos anos” não ouvir abordar este tema, António Costa disse ter-se lembrado de um discurso antigo que proferiu “contra a política do pisca-pisca“, ou seja, sobre “se o PS pisca à esquerda ou se pisca à direita”.
Mas, frisou o candidato a secretário-geral socialista, o PS é um partido que “não pisca-pisca”, isto é, “não pisca nem à esquerda nem à direita”.
“O PS é um partido nacional que se dirige a todas e a todos os portugueses” e é com eles “que quer construir uma maioria que permita fazer a mudança” necessária ao país, argumentou.
António Costa discursava numa sessão com militantes e simpatizantes socialistas de Évora, na noite de terça-feira, no Teatro Garcia de Resende.
“Recados” internos
Na sessão, Costa interveio durante mais de meia hora, com “recados” internos, mas também propostas próprias de um candidato a primeiro-ministro.
Perante os militantes e simpatizantes do partido, com a presença de quatro dos cinco presidentes de câmara socialistas da região (Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo, Portel e Vendas Novas, tendo a de Mourão faltado por estar de férias), o candidato defendeu que o país precisa de um “governo forte“, o que implica “um PS forte”.
Uma “mudança” que António Costa disse reclamar para Portugal e que “não se faz nem com um partido fraco, nem com uma coligação de partidos fraquinhos”.
“Não podemos querer simplesmente o poder pelo poder, substituir os ministros do PSD pelos ministros do PS ou, pior ainda, misturar ministros do PS com ministros do PSD a ver se fazem um governo que se apresente”, rejeitou.
O “tempo de vigência” da atual coligação PSD/CDS-PP “acabou” e, “se os portugueses querem uma mudança, precisam do PS”, mas o partido, para corresponder a isso, não pode “dar agora uma ‘mãozinha’ ou pedir agora uma ‘mãozinha’ ao PSD” para continuar com a política que foi rejeitada “muito claramente nas urnas”, argumentou.
E o PS “não pode ter dois discursos conforme lhe dá jeito“, alertou o candidato à liderança, apontando como exemplo os serviços públicos e a administração pública.
“Não pode dizer à segunda, terça, quarta e sexta que é muito importante a proximidade dos serviços públicos e a representação de todo o território nacional no conjunto da administração pública e, depois, porque dá jeito para ganhar votos, prometer que vai reduzir o número de deputados”.
A “primeira e imediata consequência” dessa medida seria “eliminar da Assembleia da República a representação parlamentar dos distritos do interior e de baixa densidade populacional”, alertou.
/Lusa
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O PS é o único partido político português do chamado “arco da governação” com essa característica. Não vou dizer que está no seu ADN, mas, pelo menos, o último governo socialista de José Sócrates piscava à direita em matéria de política económica (mas bem menos que o atual governo, ideologicamente marcado por valores de direita) e à esquerda em matéria de costumes (assumiu e concretizou várias bandeiras do bloco de esquerda). Já antes, António Guterres se vira obrigado a fazer o mesmo. Enfim, é uma consequência, de raramente conseguir alcançar maiorias absolutas e não ter (ou não procurar) à esquerda um aliado eleitoral.
Não é com facadas nas costas que se conquista seja o que for e o Costa está a meter a faca nas COSTAS do Seguro e isso define a pessoa!