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Costa avançou com mudanças no IRS sem negociar com a esquerda – que se mostra prudente

António Cotrim / Lusa

O executivo avançou com o anúncio da medida sem negociar os detalhes com os parceiros de esquerda, que querem mais detalhes sobre a proposta.

Uma das medidas mais importantes já anunciadas para Orçamento de Estado é o aumento de escalões do IRS, uma reivindicação antiga da esquerda. Apesar disto, os partidos afirmam que António Costa referiu que a medida ia ser negociada mas que o governo avançou sem falar com os parceiros.

O primeiro-ministro começou a dar pistas sobre mudanças no imposto em entrevista ao Expresso, dizendo que era uma questão que o governo estava a ponderar e a conversar com os parceiros sobre como avançar. Já esta semana, em entrevista à TVI, Costa especificou que vai mudar o terceiro escalão, entre os 10 e os 20 mil euros de rendimento, e no sexto, entre 36 e os 80 mil euros.

Segundo avança o Observador, apesar das promessas do governo, os partidos de esquerda garantem que não houve negociações prévias sobre as mudanças específicas no IRS, apesar de concordarem com o princípio em geral. O Bloco afirma que o governo não apresentou a proposta nas reuniões para o OE dos últimos dias.

Catarina Martins não se opõe à medida e diz que “o esforço foi sempre para voltar a desdobrar os escalões do IRS, para ter justiça fiscal”, mas realça que “o governo ainda não anunciou nada que se compreenda exactamente“. A líder bloquista refere também que falta saber os detalhes dos “montantes, impacto, quanto é que isso significa” que não foram debatidos nas reuniões.

Já o PCP também aprova a medida, dizendo que qualquer avanço na política fiscal “é sempre positivo”, mas sublinha que quer dez escalões – com a nova proposta, o número vai passar para nove.

Ao mesmo jornal, os comunistas revelam “não conhecem nenhuma proposta do governo”, que não têm “nenhuma reunião marcada” por causa das autárquicas e que não se senta para negociar com o executivo desde Julho.

O Observador explica que uma fonte do governo terá recolhido as principais prioridades dos parceiros de esquerda logo nas primeiras reuniões antes das férias e começou logo a elaborar o seu “programa de governo”, sendo que a proposta de desdobrar o IRS em mais escalões já estava no programa no ano passado.

Adriana Peixoto, ZAP //

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