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Colapso do hospital de Penafiel provocou surto em Amarante

O colapso do hospital de Penafiel obrigou à transferência de pacientes para o hospital de Amarante, provocando um surto nesta unidade hospitalar que não estava preparada para receber doentes covid.

O Hospital Padre Américo, em Penafiel, atingiu o ponto de colapso, de tal forma que a Ordem dos Enfermeiros do Norte chegou mesmo a denunciar como sendo uma “situação insustentável”. No final do mesmo passado, a área respiratória do serviço de urgência tinha 115 doentes, 29 dos quais casos confirmados covid-19.

“Isto para quatro enfermeiros. O conselho de administração tenta gerir, conseguiu um reforço de enfermeiros a meio da noite, mas não é humanamente possível (…). A tutela tem de tomar uma decisão importantíssima e olhar para este hospital, o mais preocupante a norte, de forma incisiva”, disse o presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros.

O número insuportável de casos obrigou o hospital de Penafiel a transferir pacientes para o hospital de Amarante. No entanto, este último é uma unidade de retaguarda, com uma urgência básica e apenas um serviço de internamento, esclarece o Expresso.

Desde o início da pandemia, o hospital de Amarante nem sequer aceitava infetados. Como tal, não tinha circuitos específicos para casos positivos nem formação para lidar com o novo coronavírus. Esta transferência repentina de pacientes criou um surto entre os doentes que já estavam no hospital de Amarante.

Em Penafiel, “os doentes começaram a acumular-se na urgência, amontoados, sem distância de segurança entre si” e ao lado de doentes com covid-19 esperavam outros ainda sem confirmação dos resultados.

De Penafiel para Amarante apenas eram transferidos pacientes com teste negativo. Todavia, enquanto aguardavam pelo resultado no caos do Hospital Padre Américo, acabavam por testar positivo à covid-19 mais tarde.

No dia 28 de outubro, a diretora clínica do hospital de Amarante foi informada de 11 casos positivos que anteriormente tinham tido teste negativo. Apenas um dia depois, mais “cerca de uma dezena” de casos foram confirmados.

A permanência de doentes positivos junto de doentes negativos na mesma ala gerou preocupação entre os enfermeiros desta unidade hospitalar.

“Na altura não existiam circuitos nessa ala, os enfermeiros não tinham recebido formação sobre os equipamentos de proteção individual e não sabiam como proceder”, explicou um médico de Amarante ouvido pelo Expresso.

“Os circuitos não eram viáveis. Era um mesmo corredor, os mesmos 
auxiliares”, confirmou a enfermeira de serviço do hospital.

ZAP //

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