A operação Os Intocáveis, desencadeada nesta manhã em áreas controladas por milícias do Rio de Janeiro, prendeu cinco suspeitos do envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
São integrantes de uma das milícias mais antigas da cidade, a que opera em Rio das Pedras, bairro da zona oeste carioca. O objetivo da ação, paralelo ao do caso em torno de Marielle, era desmantelar uma milícia que explora o ramo imobiliário de forma ilegal e violenta na região.
Dois dos detidos, de acordo com o Diário de Notícias, pertencem ao braço armado da organização, conhecido como Escritório do Crime, especializado em assassinatos por encomenda, cujos principais clientes, são políticos e empresários de jogo ilegal.
Um dos detidos cujo nome já é conhecido é o major da polícia militar Ronald Pereira, de 43 anos, oficial da polícia militar que supostamente pertence ao Escritório do Crime. Já é réu num processo de homicídio de cinco jovens numa discoteca, em 2003. Outro detido é Manuel Brito Batista, conhecido como Cabelo, contabilista da quadrilha.
A imprensa brasileira destaca ainda que Ronald Pereira chegou a ser homenageado na assembleia legislativa do Rio de Janeiro por Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro e envolvido no escândalo de corrupção do momento no Brasil.
O recém eleito senador empregou ainda no seu gabinete a mãe e a mulher de Adriano Nóbrega, tipo pelos investigadores, como o líder do Escritório do Crime.
Marielle Franco, nascida e criada na favela da Maré e eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade, vinha de um encontro com mulheres e ativistas negras quando foi morta por volta das 21h00. Ia acompanhada da assessora, numa viatura conduzida por Anderson Gomes. Imagens de câmaras de segurança mostraram que o carro foi perseguido por duas viaturas.
Poucos quilómetros depois, no centro do Rio, uma delas encostou no carro onde seguia a vereadora. Do banco de trás foram disparados 13 tiros, dos quais quatro atingiram Marielle, no pescoço e na cabeça, e três as costas de Anderson. Os dois faleceram imediatamente. A assessora escapou sem ferimentos graves.
Marielle, de 38 anos, era uma estrela política em ascensão, pré-candidata a vice-governadora nas eleições do passado mês de outubro e dada como eventual prefeita do Rio de Janeiro ou como deputada federal em Brasília.