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Cavaco não vai prestar mais esclarecimentos sobre BES

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Ricardo Perna / Flickr

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

O presidente da República, Aníbal Cavaco Silva

O Presidente da República, Cavaco Silva, reiterou hoje que todas as audiências que concede são reservadas e considerou não ter esclarecimentos adicionais a dar sobre o Banco Espírito Santo (BES).

Questionado sobre a carta endereçada pelo antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, onde revela que se reuniu duas vezes, em 2014, com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os “riscos sistémicos” envolvendo o Grupo Espírito Santo (GES) e o BES, o chefe de Estado repetiu inúmeras vezes que tudo o que se passa nas audiências que concede “é reservado”.

“Sempre foi regra na Presidência da República, e hei de mantê-la, que tudo o que se vai dizer ao Presidente da República é reservado“, afirmou o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Notando que sempre que “o presidente de um grande banco” pede uma audiência ela é concedida, à semelhança do que acontece com outras entidades, Cavaco Silva relevou que já recebeu “os presidente de todos os grandes bancos e várias vezes”.

Faz parte da função do Presidente da República e seria mau se não o fizesse, porque senão estaria a desprezar o conhecimento que deve ter da realidade nacional”, disse, sublinhando que ao longo dos seus dois mandatos em Belém já concedeu mais de 2.500 audiências e, em todas, é mantida “a reserva total do que ali se passa”.

Interrogado sobre se vai responder às questões dos deputados do PS, do PCP e do BE da comissão de inquérito BES/GES sobre as reuniões tidas em 2014 com Ricardo Salgado, Cavaco Silva afirmou não ter “esclarecimentos adicionais a prestar”, desde logo porque o chefe de Estado “não tem nenhuma competência executiva, não toma nenhuma decisão em relação ao sistema financeiro ou outras áreas”.

Reiterando nunca revelar o que se passa nas audiências que concede, quer sejam privadas ou públicas, o Presidente da República adiantou ainda que as informações mais importantes que recebe são do Governo e que em primeiro lugar é informado pelo executivo.

Sobre a possibilidade de lhe terem sido entregues documentos “por parte dos bancos”, Cavaco Silva insistiu que não tem poderes executivos, mas que, caso tenham sido deixados alguns documentos, eles vão para os arquivos da Presidência da República ou estão junto dos assessores de Belém.

“Na Coreia do Sul não fiz nenhuma declaração sobre o BES, fiz três afirmações sobre o Banco de Portugal”, frisou, notando que é o único político em Portugal que “tudo o que diz” é depois colocado no ‘site’ da Presidência da República.

Na ocasião, o Presidente da República referiu que o Banco de Portugal tinha actuado “muito bem” a “preservar a estabilidade e a solidez” do sistema bancário português e disse considerar que os portugueses podiam confiar no BES “dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa”.

Um mês de depois de ter proferido estas declarações, a Presidência da República divulgou, “por uma razão de transparência”, a transcrição na íntegra das respostas de Cavaco Silva aos jornalistas a propósito do Grupo Espírito Santos.

/Lusa

3 Comments

  1. Ficamos assim a saber que o Sr. Presidente, guarda religiosamente o segredo das confissões que os banqueiros lhe fazem. Mesmo que desses segredos venha a ruina para muitos dos depositantes desses bancos mal geridos; danosamente mal governados.
    E pensava eu que o segredo da confissão era um requisito que só aos padres dizia respeito. Estou sempre a aprender!

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