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Casamento de conveniência deixou Costa nas mãos de Catarina e Jerónimo

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Tiago Petinga / Lusa

O líder socialista António Costa reúne-se com Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda

Os acordos individuais assinados entre o PS e Bloco de Esquerda, PCP e Os Verdes asseguram a estabilidade governativa no presente, mas a longo prazo é um piso escorregadio para a caminhada que têm pela frente.

Este casamento de conveniência da Esquerda obrigará Costa a um diálogo permanente com Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, já que os acordos firmados na terça-feira, horas antes da queda do governo da coligação PSD-CDS/PP, não estipulam medidas nem compromissos preto no branco.

Genericamente, foram firmados acordos de princípios com pontos de toque e a certeza de que qualquer solução de governo que inclua PSD e CDS será chumbada por todos.

Fica ainda definido que os aliados socialistas não apresentarão moções de censura ao governo de António Costa, mas este será obrigado a negociar o Orçamento de Estado todos os anos.

Estes acordos de Esquerda, todos intitulados “Posição conjunta do PS com PCP, ou BE, ou PEV sobre solução política”, incluem várias páginas e pontos idênticos, nomeadamente a “independência política de cada um dos partidos“.

Fica também patente em todos os acordos a ideia de “uma base institucional bastante para que o PS possa formar Governo, apresentar programa, entrar em funções e adoptar uma política que assegure uma solução duradoura”.

No entanto, no capítulo de assuntos concretos, assinala-se apenas a “convergência” entre partidos, nomeadamente em áreas como o descongelamento de pensões, a reposição dos feriados nacionais, o combate à precariedade, o fim do regime de mobilidade especial, o direito à negociação colectiva na Administração Pública, a cláusula de salvaguarda de IMI e a reavaliação das reduções e isenções da TSU.

Analisando os casos individualmente, tendo por base os documentos divulgados à imprensa, o acordo entre PS e BE determina a criação de grupos de trabalho conjuntos para analisarem, de seis em seis meses, as matérias mais fundamentais.

Este entendimento, o primeiro a ser alcançado, também assinala que o programa do governo não incluirá a redução da Taxa Social Única.

O acordo PS-PCP é o documento mais curto, entre os três assinados, embora tenha sido aquele que levou mais tempo a redigir. Nele ficam assinaladas simplesmente as matérias de convergência, nomeadamente a reversão do processo de privatização da TAP.

A anulação do negócio do acordo de venda da companhia aérea nacional não é, contudo, uma garantia estabelecida nos acordos e é certo que pode sair cara ao Estado.

De qualquer modo, o Executivo de António Costa deverá tentar voltar atrás na venda, nomeadamente com o intuito de o Estado ficar com a maioria do capital da empresa.

Por fim, o acordo PS-PEV é o mais longo, em termos de extensão, e inclui medidas como a substituição progressiva das bolsas de doutoramento por contratos de investigador, a certeza da não privatização do sector da água e a reversão da Convenção de Albufeira no sentido de respeitar as exigências ambientais e os interesses nacionais.

SV, ZAP

23 Comments

  1. Casamentos de conveniência deixaram-nos durante anos e anos nas mãos de governos de direita ou centro direita, que se estavam nas tintas para a opiniões ou sugestões dos outros parceiros.
    A democracia só é democracia, se os acordos que se possam fazer, entre partidos, possam ser feitos tanto à direita como à esquerda.
    A “criação de grupos de trabalho conjuntos para analisarem, de seis em seis meses, as matérias mais fundamentais”, é fundamental e é de louvar sendo uma dependência saudável.

    • A realidade porém é outra! Os seus considerandos, por ignorância ou então por conveniências, omitem a realidade, à luz de vela que seja, porque os meus e de alguns outros, últimos 4 anos foram a sair do maior resgate que a democracia esteve sujeita… Oh tu mesma! Sinceramente!

  2. Pois já li esses acordos e dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.irrealismo puro e duro destes 3 derrotados no processo eleitoral em que a unidade apenas serviu para deitar abaixo o governo.Lamentável mas a ética republicana de que o PS tanto gosta de falar foi ás malvas e a populaça pagará em breve estes desmandos.

    Nem um acordo conjunto conseguem estes 3 partidos esquerdelhos.Nem sequer para a assinatura que foi feita à socapa e nas catacumbas do Parlamento…Basta ler esses panfletos e está tudo dito.

    Nojo deste Costa que é um traidor no PS e apenas pretendeu sobreviver politicamente depois da derrota eleitoral…

    A festa vai acabar em breve quando se acabar outra vez o dinheiro para financiar estes desmando dos esquerdelhos….

    • O seu comentário, “Vigarice politica dos esquerdelhos”, a única coisa que denota, é um mau perder e quiçá, talvez o mau carácter de quem o emitiu
      É daqueles que defendem que o equilíbrio das contas públicas e a subida na bolsa, deve ser feito à custa das famílias deste país que deverão ficar com o mesmo ordenado mínimo por tempo indeterminado.

      • … Devia ser feito à custa dos políticos e das famílias que se endividaram sem pejo! Sabe? Agora os oportunistas vão desbaratar a “almofada” financeira com que tanto gozaram, pela ambição de “untar” e para que não se esqueçam, sobretudo funcionários públicos, porque não será a reposição de 1,8€ aos que ganham 600€ que lhes vai aquecer mais do que a alma… Percebo-lhe a sua.

      • “As famílias que se endividaram sem pejo, “Golpista, talvez para comprar casa, ou uma viatura? Essas já estão a viver com os pais ou debaixo da ponte. Os golpistas que lhe emprestaram o dinheiro para pagar valores inflacionados, a juros inflacionados, esses já colocaram o dinheiro sujo a salvo.
        E você golpista, fazendo jus ao seu pseudónimo!…

      • Estiquem a perna à medida do lençol… Mesmo que se trate de gente com empregos ad eternum… Percebe? Esses são parte dos golpistas “inertes votantes” e os outros são os que lhes dão cobertura… Que raio de esqª é esta que é responsável pela desgraça de 6 anos de governação que obrigou ao convite à troika… Empresas fecharam, o desemprego aumentou, milhares perderam capacidade de satisfazer compromissos financeiros e agora vem a mesma esqª programar que não há mais execuções por caloteirice ! E os outros nas mesmas condições? Ou j́á estamos em campanha eleitoral “se tens dívidas não pagues” dizem a uns e a outros dão-lhes 1,85€ a 0,80€ conforme ganhem 600€ ou 200 e poucos?
        Saiba que os nicks que utilizo são circunstanciais imbuídos de carga – a que lhe aprouver – porque o meio, convém lembrá-la, é virtual.

      • Não sou do BE nem de partido nenhum. Sou simplesmente uma mulher franca e atenta, “Eu mesma”. Ganapa, não, você sim? “Ordinarice” não lhe falta!

  3. Votámos para o parlamento e os partidos de esquerda formaram uma solução de maioria parlamentar. Onde é que está o erro disto?
    Sinto uma enorme curiosidade e grande esperança nesta solução de governo.

    • Para Iluminados
      Até parece que em 40 anos de campanhas os eleitores votaram porque antes ou depois conheciam ou chegaram a conhecer os deputados que elegeram!
      Ou não foram as “legislativas” sempre personificadas no candidato a futuro 1º ministro?
      A propósito, o Costa qdo derrubou o correlegionário J.Seguro até disse “Não sou candidato a sec. geral do PS – estava no papo – sou candidato a futuro primeiro ministro de Portugal” – vigarice política. É que as legislativas em Portugal não são as autárquicas nas quais o grosso da comunicação é feita pelos candidatos a líderes das autarquias!
      …E não são necessários olhos de ver basta que alguém conte a história sem pontos.

  4. Porquê de conveniência? E se o PSD+CDS tivessem maioria já não seria de conveniência? O termo “conveniência” é usado para apoucar os acordos do PS com os partidos à esquerda. Este acordo é tão válido e estável como qualquer outro. Será que têm memória curta?: tendo o PSD+CDS tido maioria por 4 anos, quantas remodelações e “demissões irreversíveis” tivemos?
    Como se vê pelos comportamentos histéricos que se têm visto (incluindo o Sr Silva) a direita só gosta da democracia parlamentar quando é ela a governar. E continua em negação: A coligação PaF – tendo sido a mais votada – perdeu a maioria no parlamento. Como manda a lei eleitoral as coligações só existem até ao dia da votação, depois o que conta são o número de deputados que cada partido tem. E a verdade é que a soma das %s do PSD+CDS só uma vez foi mais baixa. Já é altura de aprenderem como funciona a democracia. O país mostrou que não os quer!

  5. CHEIRA-ME A ESTURRO. ONDE ESTÁ A RESULTANTE DOS 700 MIL VOTOS, A MAIS
    NOS ACORDOS SEPARADAMENTE ASSINADOS???.
    NÃO ME DIGAM QUE NÃO É NESTE MANDATO, QUE ME POSSO GANZAR,COM
    PRODUTOS DA MINHA COLHEITA DA VARANDA?.JÁ ESTOU A SENTIR EXAQUECAS.

  6. Casada ou não uma coisa é certa a culpa é dos portugueses que nas últimas eleições fizeram mais do mesmo!

    Já são mais de 40 anos a levarmos porrada, a sermos ridicularizados por estes senhores eleitos democraticamente pelo povo.

    CHEGA NÃO…

    Será esta aliança uma solução? Assim espero, no entanto como as caras são as mesmas não sei não… mais compadrio, corrupção… e sabe-se lá mais o quê…
    Este acordo que tanto mal-estar está a criar, é realmente um acordo fraco… mas fraco por culpa dos mesmo… 4 partidos fazem um acordo e apenas um é que vai para o governo… estranho não? Talvez não se pensarmos que assim que as coisas deram para o torto (esperamos que não) os que não estão no governo (BE, PCP e o PEV) podem sempre culpar o PS e assim não ficarem queimados na opinião pública… mas isto é bom? Não, o mais coreto seria os 4 partidos dividirem ministérios e com responsabilidade governarem o país procurando equilibrar as contas sem desequilibrar os bolsos do povo…

    Se as coisas estão assim tão más, porque não fazerem uma aliança que junta-se tudo o parlamento… fazendo com que todos trabalhassem num só sentido o crescimento do país e melhoria geral das condições de vida de todo os Portugueses.

    Não é possível?

    Pois e os amigos? Que querem os seu milhões… em favoritismos… em compadrios… etc.

    Que podemos fazer…

  7. De facto não percebo o porquê de tanto veneno destilado. A solução apresentada é totalmente legitima, é pura e simplesmente a democracia é funcionar. Já ninguém se lembra das penultimas eleições? O Portas com pouco mais de 10% dos votos foi vice primeiro ministro devido a um entendimento parlamentar com o psd. Valem mais os votos de uns eleitores do que de outros?
    Era o que faltava.

  8. A máscara caiu. Basta ver os acordos obtidos com o BE e PCP. Era aquilo que Costa dizia serem os grandes entendimentos que havia com aqueles partidos ? os acordos são completamente “vazios”. Agora todos temos a certeza que era mais fácil haver um entendimento com a Coligação, mas esse acordo tinha um grande inconveniente, Costa não seria primeiro ministro. As reuniões foram uma fantochada, Costa é um politico interesseiro e sem escrúpulos que tudo faz para chegar ao poder, mentindo, contornando tudo e todos, como pessoa nada vale não tem moral ou espinha dorsal, nem mesmo os do seu partido estiveram a salvo, que o diga Seguro.

  9. Sou engenheiro civil e estou desempregado há 2 anos. No tempo das “vacas gordas” amealhei 25 tostões que investi em divida pública. Essa é a minha almofada.

    Agora, com a solução de governo que se desenha (ainda espero um milagre), não tardarão a gastar o que se poupou à custa de tantos como eu. Depois os malfadados mercados deixarão de emprestar e então irão virar-se para uma solução de perdão das dívidas públicas. Não dou nem 12 meses para estar sem o meu dinheiro que tanto me custou a ganhar.

    Serei capitalista por ter poupado nos tempos bons para ter nos maus?

    Garanto que se o estado não vier a cumprir comigo não serão apenas palavras que atirarei a esta troika negativa.

    Passem bem!

  10. Llolololol, tanta gente ressabiada e com azia da grande…como se costuma dizer “quem não gosta come só as batatinhas” que fazem bem á indisposição e ao aperto na goela.

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