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Bebé de quatro meses que morreu de covid-19 tinha cardiopatia congénita

António Cotrim / Lusa

A ministra da Saúde, Marta Temido

A bebé, de quatro meses, que morreu no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, tinha uma cardiopatia congénita que foi agravada pela covid-19.

Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, começou por indicar que a bebé, de quatro meses, um dos dois óbitos registados pelas autoridades em relação a terça-feira, “tinha outras patologias associadas”.

“Trata-se de uma menina de quatro meses de idade, em que a transmissão terá sido familiar, através dos seus conviventes. Tinha uma patologia de base muito grave, nasceu com uma cardiopatia congénita bastante grave e a situação da covid-19 levou ao agravamento desta patologia e ao aparecimento de uma consequência cardíaca que é muito descrita nacional e internacionalmente nos casos muito graves e que é uma miocardite”, começou por referir a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.

A responsável adiantou, porém, que “a causa final da morte foi um choque sético“. No entanto, Graça Freitas realçou o facto de a situação ter sido notificada como um óbito por covid-19 “pela codificadora da DGS mais reputada”, que tem “formação dada pela Organização Mundial da Saúde” (OMS).

Existem 152 surtos ativos

Ainda de acordo com a ministra da Saúde, Portugal tem, atualmente, 152 surtos de covid-19: 44 na região Norte, seis na região do Centro, 74 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 15 na região do Alentejo e 13 na região do Algarve. O número hoje revelado representa uma redução face aos 161 surtos anunciados há uma semana.

Em relação ao índice de transmissibilidade efetivo (o chamado RT), segundo o último cálculo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, apurado para os dias 10 a 14 de agosto, situa-se em 1,01, “abaixo do apuramento de 1,04 de há dois dias”, esclareceu a governante.

“A persistência destes índices acima de 1 merece-nos a maior atenção e a mensagem desta conferência é a manutenção do esforço de contenção e combate da doença no contexto daquilo que é a preparação do outono e inverno e no contexto do que sabemos ser um efeito internacional de números que se tendem a agravar, por força da maior movimentação das pessoas, e que só podem ser contrariados com o esforço de cada um de nós”, declarou Temido.

Quanto à taxa de incidência, a ministra indicou que, para os últimos sete dias, se situa nos 14,4 novos casos por 100 mil habitantes e em 27,7 novos casos por 100 mil habitantes para os últimos 14 dias.

69 lares de idosos com infetados

Relativamente aos lares de idosos, a governante revelou que há, neste momento, 69 estruturas com infetados, correspondentes a 563 utentes e 225 funcionários, o que mostra ser uma “evolução positiva”.

“Já chegamos a ter 365 entidades onde havia casos positivos e 2500 utentes infetados e mais de mil funcionários infetados”, recorda a ministra, citada pelo jornal online Observador.

“Até ao final deste mês, está prevista a visita a mais mil das 2600 instituições e recordo que já se realizaram mais de 500 visitas, tendo-se começado pelo Alentejo, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo, região Centro e região Norte”, sublinhou.

Sobre o surto no lar de Reguengos de Monsaraz, Marta Temido afirmou que “as responsabilidades que possam vir a ser apuradas vão ser apuradas em sede própria”.

“O Ministério da Saúde, com os documentos que recebeu, acionou a sua estrutura inspetiva, a Inspeção Geral das Atividades em Saúde, pedindo a avaliação das responsabilidades dos intervenientes na área da saúde”, acrescentou.

Sobre os prazos para a vacinação contra a gripe, Graça Freitas adiantou que este ano “vão ser um pouco diferentes” e que as vacinas “vão chegar o mais rapidamente possível”, em princípio nos primeiros dias de outubro.

A diretora-geral de Saúde revelou que quer ter dois milhões de pessoas vacinadas contra a gripe antes do início do inverno, sendo os idosos em lares e profissionais dessas instituições a constituírem o grupo prioritário.

DGS pede mais documentos sobre Festa do Avante

Graças Freitas afirmou que a DGS “elencou uma série de parâmetros que ainda precisa de conhecer” e aguarda que os promotores os façam chegar à entidade que vai avaliar as condições sanitárias do evento.

“Os trabalhos de preparação são de rigor e minúcia e implicam, da parte das várias estruturas envolvidas, uma ampla conversação. A DGS elencou uma série de parâmetros que precisa de conhecer para se poder pronunciar”, explicou Graça Freitas.

A responsável da DGS adiantou que os procedimentos habituais para a organização de um evento ou de vários é pedir aos promotores para entregarem um plano de contingência, um plano de utilização do espaço, os circuitos, para que sejam analisados e depois aplicadas as normas em vigor na pandemia.

“Pedimos um plano de contingência para o evento e que nos descreva com rigor determinadas características que podem ser muito importantes. É nessa fase que nós estamos, isto é, estamos a pedir aos interlocutores documentos técnicos que nos permitam apreciar de uma forma objetiva como é que está previsto que o evento decorra”.

Além das duas vítimas mortais, Portugal registou, nas últimas 24 horas, mais 253 casos de infeção, de acordo com o boletim epidemiológico da DGS. Portugal contabiliza, assim, 1786 mortos associados à covid-19 em 54.701 casos confirmados de infeção.

ZAP // Lusa

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