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“Basta!”. Catalães sairam à rua contra a independência

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Alejandro Garcia / EPA

Manifestação contra a independência da Catalunha nas ruas de Barcelona

Milhares de pessoas manifestam-se hoje no centro de Barcelona, convocadas pela Societat Civil Catalana, em defesa da Espanha unificada, o mesmo pedido feito em Paris por manifestantes com bandeiras nacionais espanholas.

Na praça Urquinaona em Barcelona, principal cidade da Catalunha, o lema da iniciativa deste domingo é “Basta! Recuperemos a sensatez“.

Uma hora e meia antes do início previsto da marcha, já chegavam milhares de pessoas para participar no cortejo, até à avenida em frente da estação de Francia, onde será lido um manifesto.

À hora marcada, centenas de milhares de manifestantes marcavam presença nas ruas da cidade e na praça Urquinaona. Segundo estimativas da plataforma Societade Civil Catalã, o protesto contou com a presença de 950 mil pessoas.

A manifestação ocorre dois dias antes da deslocação de Carles Puigdemont, presidente da Generalitat, ao parlamento espanhol, com uma declaração de independência da Catalunha em cima da mesa, após a realização de um referendo considerado ilegal.

Políticos de vários partidos, como PP, Ciudadanos ou PSC aderiram à manifestação, que conta com a presença do prémio Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa, de nacionalidades peruana e espanhola, que já classificou o independentismo catalão como “uma doença” que poderia transformar a região “numa nova Bósnia”.

A manifestação foi amplamente comentada nas redes sociais, que desta vez quebraram a aparente unanimidade sobre a vontade dos catalães acerca da independência. No Twitter, F. Martínez-Maillo, coordenador geral do PP, diz que “há um antes e um depois” desta manifestação, na qual “a outra Catalunha perdeu o medo e saiu à rua“.

As tensões entre Madrid e Barcelona mergulharam a Espanha na sua mais grave crise política desde o regresso à democracia, em 1977. A crise está a dividir a Catalunha, onde vivem 16% dos espanhóis e onde, segundo as sondagens, metade da população não é independentista.

Madrid afasta, por seu lado, qualquer hipótese de mediação, argumentando o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, que “para dialogar, é preciso agir dentro da legalidade”.

A justiça espanhola considerou ilegal o referendo pela independência convocado para 01 de outubro pelo governo regional catalão e deu ordem para que os Mossos d’Esquadra, a polícia regional, selassem os locais onde se previa a instalação de assembleias de voto.

Perante a inação da polícia catalã em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola, polícias de âmbito nacional que protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo, realizando cargas policiais sobre os eleitores e forçando a entrada em várias assembleias de voto ocupadas de véspera por pais, alunos e residentes, para garantir que permaneceriam abertas.

A violência policial fez 893 feridos mas, apesar da repressão, 43,03% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar (ou seja, 2,286 milhões), e 90,18% deles votaram a favor da independência (2,044 milhões), segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).

Uma vez proclamados os resultados oficiais do escrutínio, o que aconteceu na sexta-feira, a chamada Lei do Referendo, que o parlamento catalão aprovou a 06 de setembro e que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol, estipula que a Declaração Unilateral de Independência (DUI) seja emitida num prazo de 48 horas.

Como o fim de semana não é contabilizado para esse efeito, o prazo estender-se-á até terça-feira, 10 de outubro, tendo a Mesa do Parlamento Regional, que é o seu órgão dirigente, marcado para esse dia, às 16:00, uma comparência no plenário do presidente catalão, Carles Puigdemont.

No papel, a presença do dirigente catalão será apenas para “informar da situação política atual”, não havendo qualquer referência à Lei do Referendo suspensa pelo Constitucional, nem a uma eventual Declaração Unilateral de Independência.

Alejandro Garcia / EPA

Manifestação contra a independência da Catalunha nas ruas de Barcelona

Manifestação junta um milhão

A plataforma Societade Civil Catalã (SCC) estima que 950 mil pessoas se manifestaram em Barcelona contra a independência da Catalunha e a favor da unidade de Espanha.

Centenas de milhares de pessoas manifestaram-se entre a Plaza Urquinaona e a estação ferroviária Francia, na capital catalã, empunhando bandeiras espanholas, catalãs e europeias, sob o lema “Vamos recuperar o bom senso”.

Entre as muitas bandeiras espanholas, ‘senyeres’ (bandeira da Catalunha) e algumas europeias, a marcha começou lentamente pelas 12:00 locais (11:00 de Lisboa) gritando palavras de ordem como “Puigdemont para a prisão“, “Eu sou espanhol” ou “Viva Espanha, viva a Catalunha e viva a Guardia Civil “e, ao passar pela sede da Polícia na Via Laietana, aplaudiu e gritou: “Vocês não estão sozinhos“.

Esta manifestação está a ter repercussões noutros países. Em Londres, 400 pessoas juntaram-se para pedir a unidade da Espanha perto da praça Picadilly Circus.

Em Bruxelas, centenas de pessoas também se manifestaram, durante mais de hora e meia, a favor da unidade do reino de Espanha, na praça do Luxemburgo, frente ao Parlamento Europeu (PE), noticiou a agência espanhola Efe.

Em Paris, uma centena de pessoas manifestou-se para defender a unidade de Espanha, com bandeiras espanholas e para transmitir que os espanhóis “não estão sozinhos” e a sua mensagem é escutada no estrangeiro.

O protesto, que decorreu junto à sede do Instituto Cervantes, organismo de divulgação da língua e cultura espanholas no estrangeiro, contou com a presença do novo embaixador de Espanha em França, Fernando Carderera.

A sociedade catalã é uma sociedade plural” e catalão não é sinónimo de independentista, disse Carderera, defendendo que o que está a acontecer na Catalunha é “um golpe de Estado em câmara lenta“, sendo “absolutamente intolerável em qualquer Estado de direito, em qualquer país democrático”.

ZAP // Lusa

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